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Calhau: “Quando vejo estudantes a cantar esta merda é toda nossa olé sinto-me completamente estrangeiro”

É Calhau mas também é Corner Guy e Pedro Antunes. O pai é que fez o estrago, apresentou-o à música e ele gostou tanto que nunca mais quis saber de mais nada. Desde os dias em que pegava no T de arquitecto lá em casa para fazer de guitarra, até às primeiras bandas. A escola […]

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É Calhau mas também é Corner Guy e Pedro Antunes. O pai é que fez o estrago, apresentou-o à música e ele gostou tanto que nunca mais quis saber de mais nada. Desde os dias em que pegava no T de arquitecto lá em casa para fazer de guitarra, até às primeiras bandas.

A escola ficou pelo caminho. Há gajos com mais jeito do que eu, que nunca tive nenhum. Aprendeu a tocar baixo (e trompete, e saxofone, e bateria) e só pousou os instrumentos quando se pirou para Londres para seguir os The Parkinsons em 2000. Fui ter com eles porque percebi que aquilo ia ser uma bomba do carago, havia quem dissesse que eu era o 5º elemento porque andava sempre com eles, vivia com eles, fazia tudo com eles.

Os concertos eram de tal maneira a praia dele que a roupa também tinha tendência a desaparecer. Quando voltou a Portugal, Kaló já não o deixou voltar a partir. Perguntou-me se eu queria fazer uma banda com ele, foram os Bunnyranch, e chegámos à 2ª divisão, à vontade. Ainda houve  Psicotronics, Vaginas Convulsivas e outras colaborações.

A camisola às riscas é imagem de marca. Porquê? Porque uma vez dissemos olha vamos todos vestidos à Chau, e fomos. Chau é Pedro Chau, o baixista preferido do planeta todo. Cantor favorito não tem, porque em todos os géneros há gajos brilhantes que mexem com uma pessoa. Se dependesse dele, Pedro Calhau passava o ano inteiro a tocar e a passear.

O joelho e o tornozelo já não o deixam jogar futebol às terças, mas quando não está a ver concertos ou a beber um copo no ODD ou no Pinga Amor, vai a umas sessões de cinema – daquele sem pipocas – e adora passear na rua, ó tirrintintim. Impossível é encontrá-lo a falar ao telemóvel porque não tem.

Não se importava de se ir embora mas Coimbra levou a melhor, só preferia que a cidade fosse menos dos estudantes ou os estudantes mais da cidade. Quando vejo grupos a cantar esta merda é toda nossa olé e a deixar tudo sujo sinto-me completamente estrangeiro. Solução? Metam-nos a ver concertos em vez de (só) a beber shots de penalti. E por falar em concertos, é possível encontrar o pai e a mãe nos dele. A Jigsaw, Wipeout Beat, Subway Riders, alguns projectos são mais javardões, outros menos, mas o sentimento é o mesmo, há o amor pela música, o amor por tocar. 

E o punk? E os Parkinsons? Ah, os Parkinsons, ainda no sábado passado só não me despi porque…
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© Coimbra Out Loud
Fotografia: João Azevedo
Texto: Filipa Queiroz

 

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