Bruxas, abóboras, vampiros, doces, travessuras. Mas afinal de onde vem esta mistura mágica que faz com que miúdos e graúdos se transformem num colectivo assustadoramente divertido? Na verdade, é uma tradição com origem bem europeia que tem vindo a migrar e a ser adaptada ao longo de cerca de 2 milénios. O Samhain (lido Sah-ween) era das festividades da Roda do Ano mais importantes para os celtas, celebrada entre 30 de Outubro e 2 de Novembro. O novo ano que começava, o Inverno que se instalava, a Natureza adormecia e celebrava-se o fim de mais um ciclo.
No entanto, era também o momento em que o véu entre o mundo dos mortos (espiritual) e o mundo dos vivos (material) ficava mais ténue. Banquetes e fogueiras eram preparados para homenagear e ajudar os espíritos dos antepassados na sua jornada e para afastar espíritos indesejados. Segundo alguns autores, era comum a utilização de máscaras como a conhecida Jack O’Lantern, cuja luz da vela dentro da abóbora desenharia sombras capazes de afastar os maus espíritos.
Todos os santos e Halloween
A história tende a repetir-se e, tal como outras festividades cristãs, também esta terá sido adquirida e adaptada pelo Papa Gregório IV: conseguiu, de forma muito inteligente, difundir práticas e datas pagãs com nova roupagem cristã, ao mesmo tempo que, ao irem sendo interiorizadas, as originais passariam a ser vistas como demoníacas. É desta forma que a noção de submundo e divindades sobrenaturais pagãs passam a pintar o fogoso “inferno” e as criaturas demoníacas, como as bruxas. Depois de algumas tentativas, tradições pagãs e cristãs viram-se misturadas, instaurando-se o dia 1 de Novembro como o dia de Todos os Santos (até
então celebrado em Maio), e o dia 2 como o dia dos Finados, relembrando-se os mortos que estão no purgatório a aguardar julgamento. O Halloween – que vem de All Hallows’ Eve: véspera (Eve) de Todos (All) os Santos (Hallows) – continuou a ser celebrado, mas os mortos errantes passaram a seres sobrenaturais maléficos, teatralizados nos dias de hoje pelas máscaras de fantasia, tal como as oferendas de comida e bebida outrora para acalmar os espíritos se tornaram hoje alternativa à travessura.
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Halloween ecológico
Desde os fatos de fantasia até à decoração da casa, podem sempre arranjar imaginação dentro do ambientalmente sustentável. Usem e abusem da reciclagem e da reutilização, evitem os descartáveis ou substâncias poluentes e que comece a diversão! Fantasmas que nascem de lençóis, teias de aranha gigantes tecidas com linha, vassouras de bruxa construídas com ramos secos e morcegos renascidos de rolos de papel higiénico são apenas algumas ideias. E no final, damos graças às abóboras usadas que serão cozinhadas. Feliz Dia das Bruxas e não se esqueçam…deixem um lugar vazio à mesa durante a ceia de dia 31 de Outubro, para que os vossos antepassados possam disfrutar do banquete, sem travessuras.
Texto: Inês Teixeira
Fotos: Unsplash
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