A artista plástica Gabriela Torres convida à reflexão sobre a relevância da arte em tempos isolamento, através de uma série de entrevistas a artistas plásticos, fotógrafos, ilustradores, entre outros, abordados sob diversas perspectivas consoante a sua natureza mas sempre com a temática da figura humana como fio condutor.
– João, fale-me um pouco sobre o seu percurso artístico.
– Sempre tive queda para as artes, mas no secundário e universidade acabei por optar por caminhos com mais empregabilidade. Depois de tirar o curso de engenharia civil e trabalhar como engenheiro durante 10 anos tentei fazer dinheiro na fotografia, que se transformou numa carreira.
– Qual é a importância da figura humana no seu trabalho?
– Desde que me comecei a dedicar à fotografia, há 20 anos atrás, experimentei fotografar vários temas desde paisagens a fotografia noturna e macro. Com o tempo apercebi-me que as fotografias mais fortes são as que têm a componente humana.
– A relação entre a luz e sombra é relevante na sua fotografia?
É fulcral. Uma boa fotografia precisa de um momento relevante a acontecer com uma boa luz. O mesmo momento com uma má luz estraga a fotografia.
– Qual é o valor da fotografia nestes tempos de maior isolamento?
A fotografia é uma forma de preservar memórias, por isso é bom aproveitarmos o tempo extra do isolamento para olharmos para trás, vermos o que fizemos de bom no passado e pensar o que queremos fazer no futuro. Penso que a fotografia pode ajudar neste processo de introspecção porque torna evidente o que é importante. O próprio acto de fotografar é um acto de escolher conscientemente os assuntos que são importantes na nossa vida.
– Algum tema que considere importante ou projecto que queira divulgar?
Fotografia documental de família. A minha fotografia tem uma base documental, com um processo criativo adjacente. Tradicionalmente enquanto sociedade sempre pensámos que os casamentos e batizados são os momentos ao longo da vida que justificam uma fotografia mais cuidada e de autor. No entanto, esses dois eventos não resumem – nem ilustram – a nossa vida. Muito pelo contrário, são dias excepcionais. Tenho cada vez mais interesse pelo que é real, por isso quero documentar a realidade quotidiana das famílias, para preservar essa memória para o futuro. É um projecto que estou a começar a desenvolver, aqui fica um exemplo desse tipo de sessões: https://lourenco-photography.com/sessao-fotografica-em-casa-lisboa/.
www.lourenco-photography.com
Texto: Gabriela Torres
http://www.gabrielatorres.pt
@bygabrielatorres
[post-ad]