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O Movimento Cívico pela Estação Nova está quase a conseguir reunir 2500 assinaturas numa petição lançada contra o encerramento da Estação central de Coimbra que serve 1,3 milhões de passageiros por ano, recebe 4 linhas suburbanas e presta cerca de 100 serviços diários.

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Fotografia: Mário Canelas

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Criado em março de 2020, já em tempo de pandemia, o Movimento Cívico pela Estação Nova (Movimento) é constituído por cidadãos nascidos em Coimbra. Duarte Miranda, Luís Neto, Mário Pereira e Pedro Rodrigues Costa têm perfis profissionais distintos, que vão da arquitectura à agricultura, e partilham preocupações com o transporte público, em particular com o comboio. 

Marcámos encontro com o urbanista Luís Neto mesmo em frente à estação de Coimbra-A (ou Estação Nova ou Estação central). Ao fim de tantos anos de notícias sobre o Sistema de Mobilidade do Mondego, o projecto do Metrobus não é consensual na comunidade, já que o Movimento está perto de conseguir reunir cerca de 2500 assinaturas numa petição lançada contra o encerramento da Estação central de Coimbra.

O projecto actual do Metrobus inclui o troço entre o Alto de S.João e Coimbra-B que prevê a desactivação da estação de Coimbra-A, situada no centro da cidade, e a prestação do serviço ferroviário pela estação de Coimbra-B. Para Luís, esta decisão é errada dada a importância da estação central de Coimbra que serve 1,3 milhões de passageiros por ano, recebe 4 linhas suburbanas e presta cerca de 100 serviços diários. 

Petição pública: estamos a tempo de repensar o projecto do Metrobus? 

A petição pública contra o encerramento da estação de Coimbra-A pretende levar o tema até à Assembleia da República e ao Governo. A nossa conversa com Luís arrancou justamente sobre o objectivo e o efeito útil desta petição. «Queremos pressionar as autoridades locais. Já reunimos com o Ministério das Infraestruturas e da Habitação e disseram-nos que até temos razão tecnicamente mas que foi tomada a decisão de não atrasar o projecto aprovado e em curso. O ministro [Pedro Nuno Santos] tem dito publicamente e várias vezes que o comboio deve chegar directamente ao centro das cidades. Coimbra-B é [uma estação] periférica. Esta decisão foi política, a bola está do lado da Câmara Municipal de Coimbra.»

Luís explicou-nos a pertinência da petição pública que entende não vir tarde. «O que é extemporâneo é encerrar uma estação central numa cidade europeia no século XXI. Não existe nenhum caso a não ser Tirana, na Albânia, o único caso que tirou a sua estação para 3km para fora da cidade e não é propriamente o exemplo que queremos seguir.»

Na verdade, este troço do sistema de mobilidade do Mondego foi alvo de uma consulta pública que durou 3 semanas, no final de agosto de 2018, onde participaram 11 cidadãos, dos quais 6 criticaram a solução apresentada. O relatório da consulta pública foi apresentado dois anos depois do período de contributos da comunidade.

Neste período de tempo, o projecto do Sistema de Mobilidade do Mondego já arrancou e há empreitadas em curso, mas a empreitada desde a Portagem até à estação de Coimbra-B ainda não foi adjudicada e o Movimento entende que ainda existe uma janela temporal de oportunidade, suficiente para se estudar uma alteração do traçado do Metrobus que não implique o encerramento da Estação central.

Numa reunião recente entre o executivo municipal e o Movimento, a Câmara Municipal de Coimbra partilhou a notícia de que as obras de requalificação de Coimbra-B vão ser adiadas de maneira a encontrar uma solução melhor para aquela gare intermodal. Na opinião do Movimento, esta mudança de planos do município confirmou ser possível adiar obras e projectos para evitar erros graves, mesmo para empreitadas que já estão em fase de concurso, e garantir financiamento europeu para estas alterações, ao abrigo do quadro de financiamento Portugal 2030.

Efeito-barreira

Nas escadas de acesso à estação, com o rio Mondego de um lado e a Baixa de Coimbra do outro, conversámos sobre a localização da linha de comboio que muitos entendem criar uma barreira entre a cidade e o rio. 

Luís começou por comentar: «o projecto do Sistema de Mobilidade do Mondego sempre foi usado como pretexto para remover a linha [de comboio] porque a questão de ligar a cidade ao rio é antiga e a linha sempre foi tida como obstáculo. Uma linha de caminho de ferro constitui sempre uma barreira física, precisa de ser vedada. Noutras cidades da Europa e do mundo, vemos linhas que fazem a barreira entre um corpo de água e o centro da cidade e dá-se a volta com soluções técnicas como passagens de nível, passagens superiores e inferiores. Em Coimbra nunca se pensou nisso assim. O debate era quando e como vamos tirar daqui a linha.»

No próprio texto da petição pública, o Movimento entende que a ferrovia não é um entrave à reabilitação da Baixa de Coimbra e que os terrenos expectantes e os armazéns abandonados são o verdadeiro fator de degradação daquela zona. Luís acrescentou: «Isto não é uma questão ligada à linha mas sobretudo à morfologia desta zona industrial, do final do século XIX, início do século XX. Boa parte deste espaço era ocupado pelas oficinas da Refer, que já foram desactivadas há dez anos e não se fez nada para ocupar esse espaço e regularizar a malha urbana. Tanto não é um problema, que existem dois hotéis e edifícios de escritórios mesmo junto à linha do comboio, não é a linha que afugenta o desenvolvimento económico.»

Cidades como Amesterdão, Bregenz, Badalona, Tarragona e Mataró são exemplos de que não é preciso remover a linha de comboio para ligar a cidade ao rio. Luís falou-nos mais detalhadamente da estação de Viena e de um conjunto de soluções técnicas que «fazem com que o meio urbano torne a linha mais permeável, para fazer o tal usufruto do rio. Acho que os vienenses não se queixam de não gozar o [rio] Danúbio.»

Duplicação de serviços

No entendimento deste Movimento de cidadãos, o Sistema de Mobilidade do Mondego deve ser a espinha dorsal do sistema de transportes na cidade e permitir a transferência de diferentes meios de transporte para deslocações dentro da cidade. Por seu lado, o comboio é o transporte metropolitano que serve a região de Coimbra e agrega alguns dos municípios limítrofes, servindo muitos movimentos pendulares. Luís argumentou a favor da coexistência do comboio e do Metrobus, que «são meios de transporte que se complementam e não fazem o mesmo serviço. O comboio não chega aos hospitais e o Metrobus não chega à Mealhada nem a Soure ou à Figueira da Foz.»

Transbordo, conforto e tempo de viagem

A substituição de um meio de alta capacidade por um meio de transporte com maior frequência também é uma decisão questionada pelo Movimento. «As contas são fáceis de fazer: o que está a ser proposto é que, na hora de ponta, haja uma frequência de Metrobus de cinco em cinco minutos em Coimbra-B, o que nos dá uma capacidade de cerca de 1500/1600 passageiros. A capacidade instalada actualmente é de 2500 passageiros no comboio, a perda de capacidade é óbvia. Para além disso, também sabemos que há 4 comboios a chegar no espaço de 12 minutos por volta das 8h30 da manhã e existe um grande volume de pessoas a sair num curto espaço de tempo. Ainda não nos foi explicado muito bem como é que este número de pessoas será transferido para autocarros de 130 lugares. Esta não é só uma questão de conforto, é uma questão de tempo de viagem. Em seguida, os autocarros vão sair de Coimbra-B lotados, não vão ser atractivos para quem está nas paragens seguintes. As pessoas que usam o parque de estacionamento Ecovia Casa do Sal não vão conseguir apanhar um Metrobus que já está cheio. Tudo isto vai comprometer a competitividade do comboio e do próprio Metrobus face ao automóvel e levar a que as pessoas tragam o automóvel para o centro.»

A solução mais óbvia para diminuir o trânsito nos centros da cidade é tirar os carros do centro da cidade. 

Comunidades afectadas

Para este Movimento de cidadãos, o encerramento da Estação Central é um problema que afecta a região Centro já que a estação de Coimbra-A serve mais de um milhão de passageiros provenientes de locais como a Figueira da Foz, Aveiro, Guarda e o Entroncamento, mas também de pontos intermédios importantes como Alfarelos, Montemor-o-Velho, Soure, Pombal, Taveiro, Souselas, Pampilhosa, Mealhada, Luso, Mortágua ou Santa Comba Dão.

Luís frisou ainda que o Movimento entende que as populações da Linha da Lousã, que já aguardam, há uma década, por uma resposta de mobilidade digna, não seriam prejudicadas com um eventual atraso provocado pela alteração do projecto que permitisse salvar a Estação central de Coimbra, uma vez que as empreitadas entre Serpins e o Largo da Portagem já estão em execução.

Sustentabilidade económica

O projecto do Sistema de Mobilidade do Mondego admite que o troço de maior procura é o que parte da Portagem (Estação central) e Coimbra-B, estimando-se cerca de 23 mil passageiros por dia nos dois sentidos. Luís chamou a atenção para esta questão: «os passageiros correspondentes aos comboios suburbanos e regionais são diariamente 5 mil. Se subtrairmos os passageiros que continuariam a utilizar o comboio aos 23 mil utilizadores do Metrobus, o resultado é sempre superior ao número de passageiros esperado na linha do hospital [com uma estimativa diária de cerca de 17 mil passageiros], por exemplo.» Na opinião do Movimento, questionar a viabilidade deste troço é questionar a viabilidade de todo o sistema de mobilidade.

Sustentabilidade ambiental e a competitividade do comboio face ao automóvel

A petição pública apresenta a ferrovia como um instrumento incontornável para o combate à poluição ambiental e às alterações climáticas e para a promoção da qualidade de vida nos centros urbanos e nas suas áreas metropolitanas. Luís acrescentou que «se perdermos a competitividade do comboio face ao automóvel, vão entrar mais viaturas no centro da cidade. Em vez de estarmos a resolver os problemas, as soluções têm ido no sentido de aumentar a infraestrutura rodoviária.»

A professora Ana Bastos [vereadora com o pelouro da gestão urbanística] ensinou-me que o que acontece é que se incorre no fenómeno da procura induzida: no início o problema de congestionamento parece estar resolvido, o trânsito flui melhor mas, com o tempo, a atractividade faz com que a congestão volte a acontecer, com maior volume de carros porque o volume de capacidade é maior.

Baixa de Coimbra

Para Luís, um último argumento em defesa da Estação Nova relaciona-se com o futuro da Baixa de Coimbra. «As pessoas estão mais atentas à questão da Estação central, já se fala há muito tempo do Metro Mondego mas muita gente não fazia (ou não faz!) ideia de que isso passa pelo encerramento da estação. As pessoas na Baixa estão preocupadas. Achamos que ter um hub regional, ter pessoas a mudar de modos de transporte, aqui no centro da cidade gera tráfego pedonal e isso é a diferença entre um café ou um quiosque ser ou não sustentável. Se formos tirar isso daqui é mais uma machadada na Baixa.»

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