Contribuir small-arrow
Voltar à home
Descubram

A colecção mais original de Coimbra

Contribuam

Tornem-se mecenas da Algoteca

Proponham

Usem as algas como musa

Consultem

Todos os serviços da Algoteca

Participem

Desenvolvam a vossa investigação

Algoteca – descobrimos a colecção única e viva que mora em Coimbra

Alimentos ou medicamentos, pode nascer de tudo do 1.º andar do insuspeito Colégio de São Bento, aninhado junto aos Arcos do Jardim, em Coimbra. No vasto edifício seiscentista revela-se a maior colecção de microalgas de água doce do mundo, com cerca de 4 a 5 mil estirpes diferentes.

Partilha

Fotografia: Mário Canelas

Descubram

A colecção mais original de Coimbra

Contribuam

Tornem-se mecenas da Algoteca

Proponham

Usem as algas como musa

Consultem

Todos os serviços da Algoteca

Participem

Desenvolvam a vossa investigação



Só o nome já desperta a imaginação, literalmente percebe-se que antecipa um agrupamento de algo. Habituámo-nos a bibliotecas, a pinacotecas, a outras algo tecas. No caso da Algoteca de Coimbra – ACOI trata-se de uma colecção de algas e é uma colecção especial, por várias razões: os elementos coleccionados não são objectos inanimados, estão vivos. Depois, é uma colecção que existe como unidade de investigação em microalgas do Departamento de Ciências da Vida da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (UC), tem pendor académico.



Conduzidos pelo espaço, conhecemos sucessivamente os gabinetes, os espaços de trabalho e as
câmaras onde repousam as microalgas em milhares de tubos de ensaio, alinhados nas paredes, na
sua letargia expectante de objecto de estudo. Várias investigadoras pontilham as divisões do espaço,
debruçadas sobre qualquer experiência cujo alcance escapa ao olhar leigo. Fomos simpaticamente
recebidos pela professora Lília Santos, responsável pela Algoteca de Coimbra, que partilhou a sua
visão apaixonada sobre as microalgas e discorreu sobre a sua versatilidade e potencialidade em
diversos campos do saber e a sua aplicabilidade.

O que é então uma algoteca? «É como se fosse uma biblioteca. Só que aqui temos algas em tubinhos de ensaio e são culturas vivas. Ou seja, a partir de cada tubinho nós podemos fazer uma cultura como uma que exista no mar ou no rio.» Alimentam-nas a cada três meses, fornecendo-lhes os nutrientes, a luz e a temperatura adequadas necessárias para que se mantenham vivas, tentando reproduzir o seu habitat natural.


A maior parte das algas foi colhida em Portugal Continental, mas têm também das ilhas e de outros países, como de Angola ou de São Tomé e Príncipe, num trabalho de recolha noutras geografias que evoca as expedições científicas da UC. Cada amostra pode trazer centenas de espécies que terão que ser isoladas para que se obtenha a cultura pretendida. Algumas espécies foram recolhidas das paredes do Mosteiro de Santa Cruz, outras dos vitrais do Mosteiro da Batalha, e outras ainda dos túmulos Santa Clara-a-Velha.

Se bem que a catalogação taxonómica e a manutenção das espécies sejam importantes, o
interesse da colecção é também académico, servindo as algas da colecção para aulas práticas em
contexto de disciplinas sobre algas e fungos, entre outras. Lília Santos dá uma disciplina de
biotecnologia de algas, a nível de mestrado, expondo a outra componente da Algoteca, a
experimentação científica e a pesquisa do seu potencial no uso alimentar, na biomedicina, na saúde,
nos biocombustíveis, etc.

As duas linhas de trabalho são actualmente a área alimentar e a medicina. «Na saúde, tivemos um projecto (um consórcio europeu) que acabou agora relativamente há pouco tempo, em que a ideia foi usar muitas das nossas algas, não todas obviamente, conseguimos estudar aí umas 600 ou 700 diferentes, e a intenção era ver se tinham um efeito antimicrobiano. Especialmente contra bactérias e fungos que são resistentes e que aparecem nas infecções dos implantes, fazendo uma espécie de filme bacteriano, como aqueles que se formam nos dentes. Este projecto permitiu-nos estudar muitas das nossas algas e ver se tinham moléculas antimicrobianas. Muitas delas tinham e estamos em fase de estudo com alguns dos colegas para isolar uma ou duas das moléculas de uma das nossas algas.»


E em relação ao uso alimentar? «Estamos agora a iniciar um doutoramento em que a ideia é exactamente pesquisar o potencial alimentar de algumas das nossas algas. Muitas delas são já usadas em aquacultura, não as nossas, espécies idênticas. A nossa ideia com este doutoramento é tentar encontrar outras espécies, que não tenham sido tão exploradas e que possam ter riqueza nutricional que possa ser importante tanto para a alimentação humana como para alimentação em rações animais. Não tanto em aquacultura, mas em rações para pecuária. Nestes últimos anos tentamos encontrar espécies que sejam boas, em termos de lípidos, lípidos essenciais como sejam os ômegas 3 e 6, para a alimentação humana. Para a substituição eventual do peixe.»

Outro projecto que está em curso, iniciado por um aluno turco durante o estágio, envolve uma
espirulina «descoberta numa lagoa portuguesa, ver se tem valor alimentar, em termos de proteína,
de lípidos, de pigmentos». Este aluno inscreveu-se no mestrado para continuar a sua investigação e
vai centrar a sua tese no cultivo desta espirulina e no desvendar do seu potencial alimentar. «Se é
interessante a nível alimentar».

Mais linhas de investigação


Há outras linhas de investigação e de implementação possíveis: tintas e pigmentação para corantes
alimentares, biocombustíveis, cortinas verdes para sequestro de dióxido de carbono que podiam ser colocadas em parques de estacionamento ou até em casa, etc. Lília Santos acrescenta: «Já tivemos uma linha forte de criopreservação, como, por exemplo, a criopreservação das células estaminais. Nós temos toda a tecnologia aqui para poder fazer a criopreservação das algas».


A criopreservação é algo que será reactivado brevemente, «no espaço de um ano a ano e meio, sendo um dos próximos objectivos da Algoteca, cumprindo uma lógica que, a par com as restantes linhas de trabalho, surge associada como resposta às problemáticas da actualidade, sejam ambientais, alimentares ou energéticas». O criobanco já foi instalado num laboratório no edifício das Físicas. Ao longo dos anos, a Algoteca foi sendo contactada por empresas que se estão a iniciar, pelo que «esse contacto não tem avançado muito, mas era algo que gostaríamos que acontecesse». Esta
ligação às empresas está também disponível e a ser trabalhada ao nível da Plataforma Tecnológica
e de Serviços da UC Business.

A Algoteca faz também parte do roteiro de infraestruturas nacionais ligadas aos recursos biotecnológicos, as EMBRC.PT e MIRRI-PT, incluídas também nas infraestruturas congéneres europeias, que são redes de contacto e de partilha científica. «O facto de estarmos nestas infraestruturas, permite-nos também alcançar projectos europeus interessados naquilo que desenvolvemos. Já nos permitiu equipar muito bem os nossos laboratórios». A professora Lília refere-se à Algoteca como um jardim botânico de algas, porque, diz «Temos aqui uma variedade [de espécies] semelhante à que temos no Jardim Botânico.


É um «jardim» único, especial, muito procurado por instituições estrangeiras para conduzirem «investigação fundamental», que requisitam algas e fomentam o intercâmbio constante, material e de investigadores. Uma colecção de interesse a vários níveis, dinâmica e vanguardista, que pertence à mais relevante investigação de ponta a ser conduzida na UC e, afinal, uma visita refrescante a nível científico, para qualquer pessoa que o pretenda.

Outras algotecas

A Universidade de Lisboa também tem a sua Algoteca, a Alisu – colecção de Algas da Universidade
de Lisboa. Em Matosinhos há também o CIIMAR, o Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e
Ambiental. Há também uma colecção na Alemanha que anunciam ter um número de estirpes
equivalente à Algoteca.




*Artigo originalmente publicado em Outubro de 2021 actualizado.

Mais Histórias

Sexta-feira é a vez de a Baixa se encher de cientistas de rua

E todos podemos experimentar. Realidade virtual, laboratórios cívicos, este fim-de-semana a ciência que é feita na Universidade de Coimbra aproxima-se do resto da comunidade na Noite Europeia dos Investigadores, entre as 17h e a meia-noite e sem limite de idade.

quote-icon
Ler mais small-arrow

Equal.STEAM: há um espaço onde se desenha um futuro diferente para as mulheres

Crianças e jovens tendem a interessar-se mais por ciência e tecnologia quando são incentivadas por pais e professores. Estivemos numa das 12 iniciativas desenvolvidas pelo programa de atração e retenção de raparigas e mulheres no ensino superior em áreas tecnológicas e engenharias da Universidade de Coimbra.

quote-icon
Ler mais small-arrow

O caminho para uma bionergia que supera as renováveis pode estar nas nossas mãos

Baterias de algas, micro-farming, microrganismos todo-o-terreno – fizemos uma viagem ao futuro que começou numa palestra e acabou no Centro de Ecologia Funcional da Universidade de Coimbra e o seu Laboratório de Bioelectrónica e Bioenergia, onde se exploram linhas de investigação como a que envolve a produção de energia limpa e sustentável a partir de algas.

quote-icon
Ler mais small-arrow
Contribuir small-arrow

Discover more from Coimbra Coolectiva

Subscribe now to keep reading and get access to the full archive.

Continue reading