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Cowork em Coimbra «veio para ficar»

Longe da oferta de Lisboa ou do Porto, o coworking em Coimbra tem vindo a ganhar fôlego e é tido como uma aposta de futuro por privados e não só. Descobrimos a oferta na cidade, que varia entre o arrendamento de uma sala à possibilidade de partilhar uma área de trabalho, com diferentes condições e mesmo sectores específicos.

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Fotografia: Mário Canelas

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«Não gosto de trabalhar em casa. Cada coisa tem o seu espaço, e gosto muito de chegar a casa e desligar», conta-nos Cíntia Pereira, a trabalhar numa multinacional a partir de Coimbra. Há cerca de dois meses estreou-se no cowork, uma opção que lhe permite estar «100%  focada» e, ao mesmo tempo, criar sinergias. Mas a procura de um espaço não foi uma tarefa fácil. Ou porque os espaços exigiam «um perfil muito específico», ao qual não correspondia, ou porque as condições dos espaços não lhe agradavam. 


O coworking é um modelo de trabalho inovador, cada vez mais utilizado, sobretudo por profissionais liberais e trabalhadores independentes, que o preferem ao trabalho em casa. A palavra significa literalmente co-trabalho e partilha de um espaço de trabalho partilhado, com recursos e serviços de escritório disponíveis. A oferta de espaços de coworking em Coimbra está longe da realidade de grandes cidades como Lisboa ou o Porto, mas os espaços existem e o seu potencial está a ser aproveitado.

«Chegámos à conclusão de que Coimbra não era muito fértil na oferta deste tipo de espaços e portanto julgamos que haveria aqui uma simbiose que nós podíamos utilizar», conta Lucas Vieira, gerente executivo da Torre do Arnado, proprietária de um business center na cidade e, desde o ano passado, de um cowork.

Nos espaços de coworking em Coimbra, um denominador comum é a maior procura por parte de empresas, mais do que por particulares. À saída da Ponte do Açude, no Fluxo Coworking, gerido pela Mondego Grupo, Rodrigo Alves diz que «vender à secretária não tem tido muito sucesso». O administrador confessa que não tem investido muito em publicitar o espaço aberto desde o início do ano passado, com 50 dos 68 lugares de trabalho ocupados por duas empresas, uma delas do Luxemburgo. 


No Cowork da Torre do Arnado, na baixa da cidade, Lucas Vieira nota que a procura por parte de particulares é muita, mas também de «empresas de alguma dimensão» o que, no seu entender, «tem dado alguma ajuda na dinamização do próprio espaço». Com 60 lugares de trabalho individuais, colectivos e salas de reunião, a taxa de ocupação é de 50%. «Dadas as circunstâncias de uma pandemia e de sermos recentes, julgamos que vamos no bom caminho».

A iniciativa privada 

Aberto há um ano, o Cowork da Torre do Arnado nasceu da «necessidade de reconverter o espaço» das antigas galerias comerciais, indo simultaneamente «ao encontro daquilo que julgamos que a cidade procurava, a exemplo do que outras cidades já estavam a desenvolver», conta-nos Lucas Vieira.

No caso do Fluxo Coworking, o projecto foi uma forma de rentabilizar o novo espaço na cidade da empresa de Penacova, aliada à experiência de Rodrigo Alves num cowork em Barcelona. «Não precisávamos do espaço todo e pensou-se em [utilizar] metade para a Mondego e a outra metade para alugar, também por causa do networking que se tem, do clima que se cria e onde se aprende sempre alguma coisa», atira. O ambiente e a decoração, num contraste entre o branco e o preto, com muitas janelas, são para o administrador as grandes vantagens do espaço, com destaque para o terraço virado para o rio. «No Verão fazemos um afterwork», confidencia sobre a utilização da varanda com mesa de matraquilhos.

Para Rodrigo Alves, a desvantagem do seu espaço é a falta de estacionamento que, no caso do Cowork da Torre do Arnado, está incluído no preço de utilização do espaço decorado em tons de cinzento e verde e todo envidraçado. 

Coimbra tem ainda, desde 2019, um espaço de coworking que funciona numa dependência bancária. Situado na Solum, o Work Café Santander tem oito lugares de trabalho partilhado, que se misturam com a zona de trabalho da instituição e se estendem para uma zona de café. O espaço, que tentámos sem sucesso contactar para esta reportagem, está aberto a cliente e não clientes, bem como as três salas de reunião, cuja utilização exige reserva. De acesso gratuito, além de Coimbra este conceito do banco Santander existe em Espinho e Lisboa.

Da iniciativa municipal à aposta nas áreas criativas

A Câmara Municipal de Coimbra aderiu ao movimento. O Cowork Pátio abriu em 2019 no edifício da Ala Central do Antigo Colégio das Artes, no Pátio da Inquisição, e alberga tanto trabalhadores independentes como pequenas empresas ou associações, como a que detém a Coimbra Coolectiva.

Com capacidade para 30 pessoas, a pandemia obrigou a alguns ajustes e o espaço foi reduzido a 22 lugares. «Temos 14 lugares ocupados pelo período máximo de permanência, que são dois anos. Os restantes lugares têm sido ocupados com uma cadência cada vez mais regular mas em regime pontual, ou seja, em períodos que podem ir desde um até 20 dias», conta-nos o vereador Miguel Fonseca, com o Pelouro do Empreendedorismo, Investimento e Emprego.

Os destinatários do Pátio são particulares e associações ou empresas constituídas há, pelo menos, três anos. Segundo Miguel Fonseca, a vantagem é o facto de «fomentar a criação de sinergias». «Por vezes, este é mesmo o boost necessário para depois abrirem a sua própria sede noutra localização e esse constitui o nosso grande objectivo: ajudar a criar as condições para que estas empresas possam “voar” por si», lança.

Numa visão de partilha de escritório foram criados no Instituto Pedro Nunes (IPN) dois espaços de cowork: um na chamada Incubadora e outro na Aceleradora. Se o primeiro tem como destinatários empresas de base tecnológica e carácter inovador, no segundo a aposta é na área criativa, com modelos de gestão diferentes. 


O cowork da Incubadora do IPN nasceu em 2010 por solicitação de um empreendedor. «Com o tempo percebeu-se que era mais uma oportunidade de incubação que não tínhamos equacionado», conta Ana Seguro. A coordenadora da área da Incubação relembra que, na altura, era ainda pouco falado o movimento que ali é visto «como uma fase transitória» no crescimento de uma empresa, nomeadamente entre o poder ter ou não incubação física. «O objectivo é apoiar o desenvolvimento de um projecto e de uma ideia de negócio», atira.

O espaço conta com 12 ilhas, com dois postos de trabalho cada, e o IPN prepara-se para ainda este ano ter uma nova sala, criada de raiz para o conceito. «Vai ser de maior dimensão mas também não queremos muito mais de seis ilhas numa sala». 

Apesar da especificidade do coworking da Incubadora, Ana Seguro fala de uma taxa de ocupação a rondar os 100%  e assinala uma procura grande ao longo dos últimos anos. «Se o nosso objectivo fosse outro, estávamos sempre cheios».

O outro espaço de coworking do IPN funciona na Aceleradora desde 2016. No chamado Creative Lab funciona um espaço de coworking dedicado às áreas criativas, com um estúdio fotográfico e uma sala de protipagem rápida com equipamentos como uma impressora 3D e uma máquina de corte a laser. «São áreas que não tinham perfil para se enquadrarem no coworking da Incubadora, porque não são projectos de base tecnológica, mas nós acreditávamos que eram projectos que faziam sentido e que podiam ser complementados. Ou seja, para um designer gráfico das áreas digitais, por exemplo, faz todo o sentido estar no mesmo ambiente que empresas de desenvolvimento de software, porque eles também precisam de design», explica o coordenador da Aceleradora, Rui Miranda. 

O espaço, com 12 postos de trabalho, está aberto a empresas ou simplesmente trabalhadores independentes, estudantes ou recém-licenciados. Inclui planos de um dia, ao contrário da Incubadora, mas o grande objectivo passa por cativar pessoas pelo maior tempo possível. «Não queremos ter aquela pessoa um mês e depois vai embora. Isso não nos interessa. Interessa-nos projectos que realmente querem estar cá e ter sinergias connosco», sublinha Rui Miranda, acrescentando que ao longo destes anos apenas «meia dúzia» dos utilizadores usou o espaço na modalidade diária. 

A mudança de paradigma no trabalho

O conceito de coworking foi criado em 1995 pelo designer Bernie De Koven, mas foi posto em prática 10 anos mais tarde pelo programador norte-americano Brad Neuberg. Em Portugal, o designer Fernando Pina Mendes é considerado o pioneiro. Abriu o Cowork Lisboa em 2010 e defende que «sem a colisão de gente muito diferente uma da outra não há, de facto, um bom espaço de coworking». E acrescenta: «Só nesse sentido é que fomos os primeiros».

Com mais de uma década anos no ramo, Mendes fala de «mudanças profundas», identificando no movimento uma fase inicial de «descoberta lírica, outra muito de crescimento e de espaços muito focados em comunidade e agora, finalmente, o business (negócio) é o foco total da maior parte dos espaços». 


Com a pandemia de Covid-19, houve mudanças no paradigma do trabalho e os cowork ganharam popularidade por se apresentarem como uma boa opção, por oferecerem condições semelhantes às de um escritório, nomeadamente o uso de internet, telefones ou impressoras, mas com custos mais baixos. A «novidade é a adesão», considera Fernando Pina Mendes, para quem o conceito «era uma coisa de nicho e agora é uma coisa mainstream, em que há muita gente a usar e a descobrir».

Essa popularidade tem-se reflectido na procura. Para Lucas Vieira a situação pandémica pode trazer benefícios a longo prazo para o sector, sobretudo a nível do maior interesse do tecido empresarial. Segundo o gestor executivo, «as empresas provavelmente chegam à conclusão de que não necessitam nem de espaços tão grandes nem durante tanto tempo e o cowork pode vir a complementar essa nova necessidade». No caso do cowork municipal, Miguel Fonseca diz que nos últimos meses tem havido mais visitas ao espaço, há candidaturas em apreciação e aumentou a procura pontual. 

Olhando ainda para o mercado, Fernando Pina Mendes nota algum afastamento do conceito inicial cuja «premissa é a diversidade». «Agora que o que está a acontecer é o fenómeno do open source, de código aberto, e que muita gente está a tentar adoptar de forma perigosa, porque é de forma imediata. É a empresa que tem espaço a mais e põe mais uma mesas e diz que que é coworking. É um café que só tem 4 mesas e uma das mesas diz que é coworking, oferece o wifi e fica-se por aí. A questão é que há tanta gente neste momento a precisar de não estar em casa que tudo vai resultar, a questão é se vão conseguir monetizar tudo isto», continua.

Primeiros passos em Coimbra

O mercado local não tem acompanhado com a mesma força o movimento global de coworking, mas a cidade não lhe é alheia. O primeiro cowork em Coimbra abriu em 2010, por iniciativa de Eduarda Oliveira, que tinha um espaço comercial e de serviços dedicado à arquitectura. «Quando assisti na televisão a uma entrevista ao Fernando Pina Mendes, onde ele apresentava o conceito e a sua iniciativa com o CoworkLisboa, identifiquei-me na hora e comecei a ajustar o espaço físico da Arquitectura Convida para poder funcionar como um espaço de coworking». Foi assim que a área de exposição diminuiu para dar lugar a postos de trabalho, refizeram-se redes eléctricas e de internet, mudaram-se as cores das paredes e nasceu o Cowork.coimbra.

O espaço viria a fechar quase uma década depois. «Criei um produto maravilhoso, prestava um serviço muito bom num espaço incrível, mas provavelmente não investi o quanto devia, nem da forma que devia para atrair coworkers», observa Eduarda Oliveira, que diz que quando criou o Cowork.coimbra a cidade «não estava receptiva a este conceito de trabalho» e os utilizadores eram sobretudo empresas estrangeiras. «Era visto como última escolha, não via o seu potencial de desenvolvimento de negócios e de projectos, era visto como o parente pobre do escritório próprio», recorda. 


Hoje, o gerente executivo da Torre do Arnado acredita que a cidade «também necessita deste tipo de espaços e vai responder». O empresário defende que uma das mais-valias é a universidade, que «dará muitos talentos às empresas», abrindo caminho a que empresas de fora se instalem na cidade sem os encargos tradicionais. Estes espaços podem abrir caminho para  empresas de fora «captarem cá o talento e de uma forma fácil, porque não precisam de deslocá-lo para Lisboa ou Porto», acrescenta.

Do lado municipal, Miguel Fonseca sublinha a necessidade de mais espaços na cidade para ajudar empreendedores e promete mais locais de trabalho partilhados, sem adiantar detalhes. «Pretendemos criar mais espaços deste tipo na cidade fornecendo assim suporte e apoio a todos os que tenham uma ideia de negócio ou aqui pretendam instalar a sua empresa. O nosso grande objectivo passa, precisamente, por tornar Coimbra uma cidade cada vez mais business friendly, mudando o paradigma de que em Coimbra é difícil investir».

Numa visão mais ampla da região, o Turismo Centro Portugal considera que a adopção do trabalho remoto foi uma tendência que se acentuou com a pandemia e veio para ficar. De acordo com a comunicação oficial, o organismo está «a estruturar o destino» para capacitá-lo a receber «novos turistas». Em marcha está o projecto «Work from turismo do centro», uma plataforma que pretende listar tudo o que existe na região, privado ou público, para quem opte por trabalhar de forma remota.

Com um ano de actividade, Rodrigo Alves acredita que esta é uma aposta que «já está ganha», pelo facto de terem «mais de 80%» de ocupação. O próximo passo, com a saída dos funcionários da empresa mãe para outro local, é disponibilizar todo o espaço actual para o coworking e «rentabilizar tudo».

Dentro da diversificação da oferta, outros projectos estão ainda a nascer na cidade, nomeadamente na área de cerâmica, numa junção de forças entre o CEARTE – Centro de Formação Profissional para o Artesanato e Património e o Centro Tecnológico da Cerâmica e do Vidro (CTCV). «Por parte do CEARTE é [dado] apoio técnico e o desenvolvimento criativo na parte da criação do negócio. O CTCV dá o espaço e equipamento», adianta-nos João Amaral, designer do CEARTE e responsável pelo AidLab sobre a abertura de um espaço de coworking. Ainda decorre uma fase de candidaturas, com João Amaral a assegurar uma «triagem em termos qualitativos». «Criar-se-ão sinergias. As pessoas têm que estar preparadas para a troca de informação», acrescenta. 

«Em casa ficamos invisíveis para o mercado»

A vantagem do coworking está na janela de sinergias que se abre. Nos ingredientes base para um bom espaço, está aquilo que Fernando Pina Mendes designa de «colisão de gente muito diferente uma da outra», que permite ampliar a rede de trabalho. «Em casa, ficamos invisíveis para o mercado», atira. 

Na receita para o sucesso dos cowork, Mendes fala da necessidade de abertura «no sentido de não deixar ninguém de fora, não serem espaços muitos formais e com muita burocracia para se entrar». Outro factor está na aposta na diversidade: «Quando fazemos um espaço que é para 10 pessoas, chamar-lhe coworking vai ser difícil, porque dificilmente vai funcionar. E muitas vezes o erro cometido fora de Lisboa e do Porto foi exactamente tentar fazer um espaço mais pequeno».


Com a experiência de uma década em Coimbra, e apesar de não se considerar um exemplo, Eduarda Oliveira defende «a importância do trabalho de suporte aos coworkers a todos os níveis»: «Facultar espaços agradáveis com bons serviços mas, acima de tudo, investir no que realmente é diferenciador neste modelo de trabalho, criar oportunidades de partilha de conhecimento, de experimentação de novas ideias e projectos, promover a interacção entre todos, trazer a cidade para dentro do coworking, estar atento às necessidades de cada um tendo a visão do colectivo.»

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