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«Ao Encontro da Sofia»

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Agência para a Promoção da Baixa de Coimbra

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Património Mundial da Humanidade da UNESCO

No Sábado a Rua da Sofia vai ser de todos e sem carros

Circular a pé e desfrutar daquela que é uma das principais vias da baixa de Coimbra sem trânsito e com cultura, animação e comércio. Uma experiência que os comerciantes, que dizem que se sentem muitas vezes esquecidos, esperam que possa ser a primeira de muitas.

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Fotografia: Mário Canelas

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Património Mundial da Humanidade da UNESCO

Já imaginaram a Rua da Sofia apenas pedonal e fechada completamente trânsito? Já aconteceu, em eventos pontuais, mas é sempre surpreendente, não fosse uma das vias com mais movimento da cidade. No Sábado, dia 4 de Junho, a Agência para a Promoção da Baixa de Coimbra (APBC) convida-nos a ir «Ao Encontro da Sofia», em conjunto com os comerciantes da rua. «O objectivo é dar a conhecer a Rua da Sofia. As pessoas têm muito a ideia de esta ser a rua do conhecimento, mas nem imaginam todo o potencial que ali está, bem como o património e toda a parte comercial. Os comerciantes também querem ser valorizados», conta Assunção Ataíde, presidente da APBC.

A iniciativa vai decorrer durante todo o dia, mas a Rua da Sofia estará fechada à circulação automóvel apenas entre as 13h e as 18h. Os comerciantes esperam que o evento seja uma montra do que têm para oferecer diariamente, em especial para quem não frequenta a rua. «Geralmente, a rua não tem muitas actividades, por causa do trânsito. Queremos mostrar quem somos e o que estamos cá a fazer», atira Aguinalda Amaro, proprietária do Café Sofia, um dos estabelecimentos aderentes.


No âmbito deste evento, estão agendadas visitas guiadas a espaços emblemáticos na rua que, desde 2013, é Património Mundial da Humanidade da UNESCO. Segundo Assunção Ataíde a descoberta da rua estende-se à sua história e à dos seus colégios universitários. Entre os locais a descobrir estão, por exemplo, «os Claustros [do Colégio da Graça e actuais instalações] da Liga dos Combatentes, algumas das Igrejas» e a capela que está inserida no Centro Comercial da Sofia. Para as visitas associam-se a Cooperativa Rebobinar e Alda Reis, responsável por visitas à Igreja da Nossa Senhora da Graça no ano passado, no âmbito do Estágio Profissional do Curso de Turismo e Património da Escola de Hotelaria e de Turismo de Coimbra.

Ao longo da tarde, a Rua da Sofia será «invadida» por carros antigos do grupo Encontro dos Clássicos Coimbra que, segundo Assunção Ataíde, «chama imensa gente». Está prometida animação musical com o Grupo de Concertinas Os Amigos da Paródia, o grupo Tribo da Dança e também dança oriental por Sofia Moniz e Alex Lima. 


A artista plástica Élia Ramalho, autora da mascote Mocha Sofia, estará na rua com pinturas e acções direccionadas para as crianças. O aguarelista Rui Gaspar irá também transpor a Rua da Sofia para o papel.

A luz verde para fechar a rua «é uma grande vitória» para os comerciantes, assegura Aguinalda Amaro, que não esconde o agrado com a oportunidade dada à rua para se mostrar.

São cerca de 36 os espaços aderentes e cada um terá também a sua iniciativa. Numa ronda pela rua, paramos na livraria Casa do Castelo. Além de descontos, o convite da livraria é para uma experiência em realidade virtual. Através de uns óculos 3D, podem conhecer a Igreja de Santa Cruz, o Coro Alto Claustro e o património musical Crúzio. São vídeos do programa Sons da Cidade.


Do outro lado da rua, Aguinalda Amaro promete petiscos, sangria e muita animação, sem levantar o véu do que os visitantes podem esperar. «Vou alargar a esplanada, num ambiente tasqueiro. Quero manter-me assim porque já não há sítios destes. Aqui tanto entra o vereador, como o presidente ou a cigana. Se eu mudar muito isto, as pessoas não aderem». Já as pessoas que tiverem o nome da rua, também, podem contar com surpresas neste 4 de Junho se foram à zona da baixa da cidade. 

Comerciantes satisfeitos com a iniciativa

O evento «Ao Encontro da Sofia» é inédito na rua. «Os comerciantes sentem-se muitos esquecidos, mas nós não os esquecemos. Quando queremos fazer alguma actividade, não conseguimos não só pelo trânsito, como também porque não há espaço. Acaba por ser difícil desenvolver actividades por ali», lamenta Assunção Ataíde.

Na contagem decrescente para 4 de Junho, os comerciantes mostram-se entusiasmados e aplaudem a iniciativa. Bráulio Cunha, da florista Tulipa Negra, acredita que «são iniciativas destas que a rua precisa» para ganhar mais movimento. «Realmente a Baixa está morta ao nível de turismo, de pessoas e clientes novos», lamenta.

A luz verde para fechar a rua «é uma grande vitória» para os comerciantes, assegura Aguinalda Amaro, que não esconde o agrado com a oportunidade dada à rua para se mostrar. «Não podemos estar a espera que os outros façam, nós temos de fazer», atira.


Com o evento «Ao Encontro da Sofia», a APBC espera estar a lançar sementes para que, no futuro, outras iniciativas sejam organizadas. Não apenas na Rua da Sofia. «É, no fundo, potenciar o que cada rua tem. Estamos a trabalhar na Sofia e já estamos a pensar na Rua Adelino Veiga. A pouco e pouco, é criar a ideia de que cada rua tem uma história e fazer perceber às pessoas de Coimbra que Coimbra tem muito para mostrar», diz Assunção Ataíde. 

A presidente da APBC espera que a Rua da Sofia venha a ser palco de mais eventos como este e promete, no final, um encontro com os comerciantes para fazer uma «auto-avaliação». «No fundo, vamos já criar um vínculo: Vamos repetir ou não? É também para nos vincularmos e percebermos que uma comunidade consegue mover montanhas».

Mais clientes além dos habituais

O comércio da Sofia vive da clientela fixa, composta de quem ali vive ou trabalha. No Café Sofia, ou «café da Guida», como Aguinalda Amaro é carinhosamente tratada, a familiaridade é visível a cada cliente que entra: todos são conhecidos pelo nome e os seus hábitos recordados minuciosamente. «A pandemia estragou muito, mas também é gratificante a gente abrir a porta e termos os nossos clientes a virem e a ajudar», partilha a proprietária do Café da Sofia. 

O mesmo se passa na florista Tulipa Negra. «Basicamente, a nossa casa trabalha com clientes de há 30 anos», observa Bráulio Cunha. «Clientes novos é muito raro aparecerem, porque realmente aqui na Baixa não há nada que os puxe». Um problema que Ana Teresa, funcionária da livraria Casa do Castelo, atribui à falta de «lojas âncoras que foram, a pouco e pouco, saindo da Baixa». «Acho que isso faz muita falta, porque acabava por ser um chamariz. Logicamente, quantas mais lojas houver encerradas, menos soluções vai havendo e a Baixa deixa de ser solução. Custa bastante», lamenta.


Para Aguinalda Amaro, uma das dificuldades da rua é o preço elevado do arrendamento. «A Rua da Sofia tem muita procura», conta-nos, para imediatamente acrescentar que «as lojas que não estão alugadas é porque não dá».

Como mudar este cenário da Rua da Sofia e da Baixa? Para a presidente da APBC «as pessoas também têm de acreditar que vale a pena investir» e os comerciantes devem ser capazes de responder na mesma moeda aos principais concorrentes, que são os centros comerciais. «Na Baixa, às 18h30 [os comerciantes] já estão a dizer que vão fechar. Se a Baixa não tem esta mais-valia dos horários, nunca mais atinge o patamar que atingiu nos anos 80 e 90. Por que é que a Baixa nessa altura reinava? Porque não havia concorrentes. Agora, se os concorrentes têm esta mais-valia, nós temos que pegar nessa mais-valia e equipararmo-nos. A Baixa tem é que se acreditar», assinala Assunção Ataíde. 

Neste caminho para o futuro, a responsável defende ainda a necessidade de os comerciantes serem mais «proactivos e terem produtos mais atractivos». Ao cidadão, Assunção Ataíde pede mais respeito: «Há muita falta de cidadania. As pessoas deixam os sacos do lixo por aí fora. A Baixa muitas vezes está suja sem necessidade».

Património pouco explorado

Os comerciantes querem mais visitantes na Rua da Sofia. Apesar de ter sido classificada como Património Mundial da Humanidade, em Junho de 2013, quem trabalha na zona sente que, nestes nove anos, pouco mudou. Bráulio Cunha destaca melhorias na zona e também nas estruturas, mas diz que «falta é trazer as pessoas para cá». O mesmo sente Aguinalda Amaro, com cerca de 30 anos a trabalhar na zona da Sofia. «Vejo os turistas a ver as placas, mas as pessoas vêem e lêem. Aqui [no café] foi o Colégio do Espírito Santo. O que é que eu tenho para mostrar?» Apesar dos esforços para recuperar edifícios, Aguinalda Amaro acredita que nada se faz de um dia para o outro, no entanto, espera mais estratégias para atrair mais turistas. «Se olhar hoje para a rua e [como era] há nove anos, está igual. A Igreja da Graça estava sempre aberta, agora já não está».

Diz-se que o caminho se faz caminhando e Assunção Ataíde aponta como solução a criação de hábitos, a começar pelos filhos da terra. «As pessoas de Coimbra não acreditam em Coimbra, mas Coimbra tem de ser acreditada pelos próprios para depois também atrair os outros. Realmente a Rua da Sofia, em termos internacionais, é muito atractiva porque é a Rua da Sofia, do conhecimento, do património, mas depois chegam aqui e vêem uma rua cheia de trânsito e cheia de poluição. Se nós, a pouco a pouco, começarmos a criar estes hábitos de as pessoas se darem a mostrar, dos guias turísticos começarem a criar sinergias e os próprios comerciantes começarem a criar outra alegria, até com o património, a pouco e pouco a Rua da Sofia começa a ir para o seu lugar».



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