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A Câmara quer ajudar a instalar empresas mas faz falta uma lista dos espaços disponíveis

Rendas altas ou falta de qualidade dos espaços também são entraves, sobretudo na Baixa de Coimbra que é a zona que está na mira da autarquia para a reconversão de edifícios.

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Fotografia: Mário Canelas

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PROMESSA ELEITORAL

Construir/reconverter edifícios que possam acolher empresas para ganharem um perfil multifunções, inspirados no TecBis (aceleradora de empresas), que permitam a instalação muito rápida de empresas, localizados em diversas áreas da cidade, como seja a baixa de Coimbra.

ESTADO DE ACÇÃO: AMARELO

A Nest Collective está instalada há três anos na Baixa de Coimbra. É simultaneamente uma incubadora e um espaço de acolhimento de empresas tecnológicas, que começou por ocupar um espaço de escritórios e actualmente mora num edifício comprado na Baixa de Coimbra. Porquê esta zona da cidade? «Queríamos trazer algo de valor para Coimbra e tem a ver com a nossa missão pessoal e social, enquanto de Coimbra, de sermos também um pouco pioneiros do movimento de tentar trazer uma nova vida à Baixa».

A aquisição do número dois da Rua da Sota, junto ao Largo das Ameias, foi uma aposta privada da empresa num processo que, reconhece Miguel Antunes, «em algumas situações traz mais desafios do que mais-valias, mas às vezes é preciso dar o exemplo para se iniciar o movimento». Um dos desafios no processo de instalação na Baixa de Coimbra tem estado na requalificação do edifício, localizado em pleno centro histórico. «Estamos há cerca de três anos para conseguir a aprovação para fazermos a requalificação do edifício da forma como queremos. Acredito que para investidores privados seja um desafio e acabe por servir como dissuasor».

As dificuldades estendem-se a outros espaços como, por exemplo, o COL.ECO – Colaboração na Organização Local da Economia Eco Sustentável, uma iniciativa da Agência para a Promoção da Baixa de Coimbra (APBC) que conta com o apoio do Município de Coimbra. O COL.ECO, na Rua Adelino Veiga, funciona como loja colaborativa, espaço de incubação e capacitação, centrado em modelos de economia sustentável e acolhe actualmente seis projectos. Segundo a coordenadora, Rute Castela, «os processos de adaptação na Baixa são muito complicados em termos de electricidade, de água. De tudo. As obras estão muito caras e não é um processo fácil».

Plano municipal de construção e reconversão de espaços

Coimbra tinha em 2020, em média, 62,4 empresas por km², segundo os dados compilados pela Pordata. Em 2000, eram 60,6. Uma realidade que fica aquém da de cidades como Braga, onde, numa década, o valor passou de 106,1 empresas por km² para 125,6. Com vista a atrair mais investimento e potenciar a malha económica do município, uma das estratégias da Câmara Municipal de Coimbra (CMC) é construir ou reconverter edifícios para acolher empresas,constando nas 112 medidas anunciadas no programa eleitoral da coligação Juntos Somos Coimbra, actualmente no executivo.

A promessa está em marcha. É, pelo menos, o que assegura o vereador Miguel Fonseca com os pelouros do Empreendedorismo, Investimento e Emprego: «Já fizemos o levantamento dos edifícios municipais, sendo que os que reúnem condições para o efeito têm outras ocupações já definidas, e estamos ainda a concluir o processo de identificação de outros potenciais espaços que cumpram os requisitos necessários para o acolhimento rápido de empresas». O responsável prefere não adiantar datas, mas espera novidades em breve:  «Não consigo dar uma data precisa, pois não quero correr o risco de não a cumprir. No entanto, gostaríamos de ter este processo concluído até ao final do ano». 

Quanto aos possíveis locais para aplicação da medida, o vereador aponta objectivos: «A nossa aposta passa pela reconversão de edifícios, preferencialmente na zona histórica da cidade, em particular na Baixa de Coimbra. No entanto, não descuramos outras opções de localização, desde que se enquadrem no que pretendemos.»

A estratégia passa por responder às necessidades das empresas que procuram o município, num processo que se quer rápido e eficiente. «Coimbra tem sido procurada por vários investidores e é necessário que sejamos céleres nas respostas que pretendem, na procura de soluções, nomeadamente de espaços para a sua rápida instalação». 

As dificuldades da Baixa

Com a Baixa de Coimbra na mira das autoridades e de cidadãos preocupados com a revitalização da zona, como o demonstrou a recente iniciativa Rua Zero – (Re)Imaginando Coimbra, inserida na programação paralela do Novo Bauhaus Europeu, fomos conhecer os desafios de quem tem optado por se instalar na zona da cidade.

Os preços das rendas e a qualidade dos espaços são algumas das dificuldades. Quando perguntamos se há intenções de alargar o conceito do COL.ECO a outros espaços, Rute Castela aponta de imediato as dificuldades com o arrendamento. Apesar do financiamento do programa «Portugal Inovação Social», a coordenadora conta que «a APBC e a Câmara Municipal ainda dão uma grande parte do valor daquilo que é necessário para manter o espaço. As rendas na Baixa são caras e, por isso, se a CMC não disponibilizar espaços é sempre complicado estar a manter um espaço», acrescenta Rute Castela, que não quis revelar o valor da renda actual do edifício que alberga o projecto colaborativo.


Mas quanto custa um espaço comercial na Baixa? A presidente da APBC fala de uma grande disparidade de valores, com rendas «ridiculamente baratas a rendas estrondosamente caras», sem especificar valores. Numa consulta ao portal imobiliário Idealista, encontrámos variações no arrendamento entre os cerca de 4€ e os 27€ por metro quadrado, com rendas a ultrapassarem os 2.000€ ao mês. Para compra, os valores oscilam entre os cerca de 400€ e os quase 3.000€ por m2. Um dos imóveis mais caros nesta pesquisa valia 3 milhões de euros.

À semelhança dos preços da habitação também o das propriedades comerciais têm vindo a subir, de acordo com o Instituto Nacional de Estatística. No ano passado, o índice de preços das propriedades comerciais aumentou 5,1%, mais 2,3 pontos percentuais do que em 2020. Foi o aumento de preços mais elevado desde 2010. 

Na Baixa de Coimbra, Miguel Antunes aponta também a falta de espaços e de espaços com condições adequadas para responder às necessidades dos investimentos. Para começar, «as empresas na área tecnológica não têm interesse em comprar», preferindo encontrar espaços já prontos a ocupar. Mesmo no arrendamento, se para as empresas mais pequenas o processo será mais facilitado o mesmo não se aplicará às de maior dimensão. «Não há espaços grandes. Os espaços grandes que existem estão muito deteriorados e exigem muita requalificação e não faz parte do core business das empresas requalificar edifícios», aponta Miguel Antunes. 

Em termos de espaço, o desenho dos prédios da Baixa constitui outro desafio acrescido por não responder, por exemplo, às necessidades de mobilidade. Rute Castela assinala que «é tudo escadas e nada está muito adaptado». 

Para a coordenadora do COL.ECO faltam também apoios a associações e projectos na área das artes, da beleza, com uma vertente educativa pela sua potencial capacidade de atrair mais jovens. «Acho que é fundamental trazer pessoas para viver na Baixa. Enquanto não existirem residentes, podem existir muitos projectos, mas nunca vai ser um sítio seguro. É preciso trazer residentes. São precisos espaços mais humanizados e com mais natureza.»

Defendendo a importância de projectos como o COL.ECO, Assunção Ataíde aponta que a arte deveria ser uma área estratégica de aposta na Baixa por ser «transversal a todos os mundos». E que podia trazer ganhos para todos: «O argumento que utilizo para os futuros senhorios, é que agora são «senhorios pro bono», mas rapidamente são senhorios reais porque nós, potenciando os seus espaços, vamos atrair empresas a vir trabalhar para a Baixa. Acho que esta estratégia é certa». 

Autarquia com lista de bens imóveis disponíveis

No âmbito da candidatura conjunta da CMC, da APBC e da Coimbra Mais Futuro à linha de financiamento «Bairros Comerciais Digitais», no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência, foi feito um levantamento que aponta para a existência de cerca de 800 estabelecimentos na Baixa de Coimbra, dos quais 560 são comerciais e 140 dedicados a serviços, existindo cerca de 130 desocupados ou devolutos. Assunção Ataíde admite que não há um catálogo oficial de edifícios disponíveis para investimento na Baixa de Coimbra.

Para a presidente da APBC, um levantamento dos espaços disponíveis, com as suas áreas e os preços era necessário e «meio caminho para conseguirmos, de modo organizado, motivar os possíveis candidatos» a investir na Baixa. Há, no entanto, uma listagem de bens imóveis, património da autarquia, disponíveis em todo o concelho para o desenvolvimento de projectos. O documento está disponível no site oficial da Câmara Municipal de Coimbra e nele constam duas listas com imóveis de domínio público e privado, estes últimos que podem ser alienados. Cada lista contém mais de 10 mil bens imóveis. Além da descrição, o documento fornece informações como o número de registo, o número de artigo e a morada completa.

Concentrar empresas com perfis idênticos

A sétima medida proposta pela coligação Juntos Somos Coimbra no programa eleitoral, aponta baterias ao acolhimento de empresas «para ganharem um perfil multifunções, inspirados no TecBis (aceleradora de empresas)». O vereador Miguel Fonseca explica: «Estamos, obviamente, receptivos a acolher todas as empresas que tiverem interesse em instalar-se na nossa cidade, independentemente do seu perfil e sector de actividade. Claro que, em termos estratégicos, pretendemos, por exemplo, concentrar no mesmo espaço empresas com perfis idênticos que possam complementar-se assumindo um carácter multifuncional, como é o caso das tecnológicas na Baixa de Coimbra. Desta forma, aumentam o leque de respostas que podem dar aos clientes, oferecem soluções integradas e contribuem para o crescimento umas das outras, potenciando o desenvolvimento económico da cidade e consolidando a posição de Coimbra como referência nessa área».  

A procura de empresas tecnológicas pelo centro da cidade tem sido evidente nos últimos anos e Miguel Antunes fala mesmo de uma «tendência em sentido crescente». «Provavelmente fomos pioneiros neste aspecto. Não me lembro de haver outra tecnológica na altura [na Baixa]. Pouco tempo depois, a Critical Software anunciou a compra do edifício da antiga Coimbra Editora e, entretanto, vimos mais uma ou outra a irem para a Baixa. Foi num período de tempo relativamente curto», observa Miguel Antunes. 

A instalação de empresas tecnológicas na Baixa agrada a Assunção Ataíde que pede, no entanto, mais dinâmica de rua. «Temos empresas de grande referência. Agora, não há a dinâmica para uma movimentação de uma urbe, porque são empresas que trabalham para o mundo inteiro, mas não criam movimento». Por forma a superar essa lacuna, Ataíde propõe que os edifícios ocupados pelas tecnológicas tenham um pequeno espaço comercial no rés-do-chão que «crie alguma dinâmica com o público». 

Procura elevada das tecnológicas

Fora da Baixa, o Instituto Pedro Nunes (IPN), que é uma instituição privada sem fins lucrativos que visa promover a inovação e transferência de tecnologia, estabelecendo a ligação entre o meio científico e tecnológico e o tecido produtivo, criado por iniciativa da Universidade de Coimbra em 1991, é um exemplo de acolhimento de empresas com carácter tecnológico, mas sem planos para replicar o modelo noutras zonas da cidade, pelo menos «nos tempos mais próximos».

Segundo o director executivo, Paulo Santos, o modelo integrado do IPN «resulta de uma conjugação de condições difícil de reproduzir, em particular a proximidade às equipas de investigação e laboratórios da Universidade de Coimbra, a infraestrutura laboratorial do próprio IPN, e a experiência acumulada das suas equipas nucleares, numa sinergia que resulta de 30 anos de construção». 

Actualmente, o IPN acolhe 168 empresas nos diferentes programas, como a incubação física e virtual e a Aceleradora. «Estamos acima dos 95% de taxa de ocupação», destaca Paulo Santos. Em fase de ampliação, o IPN vai aumentar a capacidade de incubadora em cerca de 30%, até ao final do ano. «Considerando a procura existente e o modelo de rotatividade/ocupação temporária da incubação, a oferta de espaço ficará adequada. Na fase de aceleração haverá necessidade de, a médio prazo, ser expandida a capacidade», nota Paulo Santos. 

A aposta é na descentralização das actividades em Coimbra e na região. Exemplos são as parcerias com o INOPOL – Academia de Empreendedorismo do Instituto Politécnico de Coimbra e com o HIESE – Habitat de Inovação Empresarial nos Setores Estratégicos, no Município de Penela. «São as chamadas incubadoras “powered by IPN”». Segundo Paulo Santos, ao longo dos últimos 12 anos o IPN apoiou «o lançamento de mais de 15 iniciativas de apoio ao empreendedorismo de base local em diversos municípios da Região de Coimbra e até mais além, como, por exemplo, em Viseu e Castelo Branco».

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