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A ecologia está servida nesta Eco-escola e já são 25 em Coimbra

Famílias de alunos do Colégio de São Teotónio foram desafiadas a levar a própria loiça para a festa de final de ano. Mais um passo da instituição que, como as outras, recebe o apoio camarário na inscrição no programa de certificação ambiental.

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Dia 27 de Maio, as famílias dos alunos do Colégio de São Teotónio, em Coimbra, receberam o convite para a habitual festa de final de ano, mas desta vez com um requisito especial. Dizia assim: «Atendendo a que somos uma eco-escola, solicita-se que cada participante providencie a sua própria loiça reutilizável (prato, talheres e copo), de modo a evitar-se o uso de loiça descartável, muito lesiva do meio ambiente». «Se calhar há dez anos isto era impensável», diz o Padre Manuel Dias, presidente do concelho directivo da instituição com 60 anos de história. «O quê, trazer a loiça de casa? Tipo piquenique?», adivinhava, mas nota que, se as preocupações ambientais não fossem suficientes, a crise económica também tratou de levar as pessoas a repensar os seus hábitos e não estranhar tanto a iniciativa. 

Habitualmente a festa de final de ano do colégio junta cerca de oitocentas pessoas. Ou seja, no mínimo gastam-se cerca de oitocentos pratos, oitocentas facas, oitocentas colheres, oitocentos garfos e oitocentos copos de plástico. «Era o caos aqui, entre copos e loiça e lixo, agora está tudo mais sossegado», atira Eunice Ferreira, mãe de um aluno. A filha mais velha também frequentou o colégio e o jovem Pedro, de 12 anos, possível futuro biólogo, acrescenta ao que a mãe diz outras vantagens: «das outras vezes a escola gastava mais na festa e assim é como se nos sentíssemos também em casa.» Bem visto. Abel Marques, outro familiar entretido com o seu prato de sardinha assada com broa, também não estranhou e acha bem: «Para o ambiente é uma maravilha, já há tanta porcaria, não vamos acumular mais».

Elisabeta Campos é polaca e prefere pensar que o conceito não é propriamente inovador. «Quero acreditar que já estamos todos neste caminho de transformação verde e que queremos mais disto do que plástico, mas é uma excelente ideia.» O dia é de grande euforia na naquela que foi a primeira instituição de ensino a concorrer ao programa internacional da Foundation for Environmental Education, desenvolvido em Portugal desde 1996 pela Associação Bandeira Azul da Europa (ABAE). O Eco-escolas pretende encorajar ações e reconhecer o trabalho de qualidade desenvolvido pela escola, no âmbito da Educação Ambiental para a Sustentabilidade.

Antero Rocha Abreu, director do conselho pedagógico do Colégio de São Teotónio, faz-nos uma breve tour e explica que têm «o galardão Bandeira Verde desde o ano de origem e já são 15. Quando fazemos hastear da Bandeira, costumamos fazer uma cerimónia com os alunos do Coro e a Orquestra da Escola de Música, com os alunos de todos os ciclos. Somos uma escola de centro de cidade, da Geração Verdão, fazemos a recolha de electrodomésticos usados e fazemos recolha de papel – uma vez que temos muito desperdício». 

Por enquanto. Quer o director, quer o Padre Manuel Dias, professor e antigo director, dizem que a desmaterialização dos manuais escolares e possivelmente dos próprios testes está na calha. A própria pandemia acabou por servir de teste para essa mudança. «A partir do momento em que se avançou, estimulou-se a mais valia do digital. Mas, por agora, recolhemos milhares de quilos de papel e recebemos uma compensação em vouchers, por exemplo, na Decathlon, para comprarmos material para a Educação Física.» Antero Abreu já era professor na escola quando o programa eco-escolas foi implementado mas a «culpada» foi Alice Rocha, professora de Ciências da Natureza, que encontrámos no recreio, junto à exposição de trabalhos feitos com materiais reciclados, experiências científicas e banca de venda de manjericos e sementes.

«Tínhamos o lema: “Ecolégio.com – a nossa natureza”, há 14 anos; descobri que existia o programa e fui pesquisar à internet. Adorei o projecto e achei que podia englobar a escola toda, por isso propus a participação ao Conselho Pedagógico e criei o Conselho Eco-escolas, convidei alunos e professores. Acho que é fundamental os delegados de disciplina e elementos do pedagógico estarem envolvidos. Vou ao seminário eco-escolas, divulgo todos os projectos, desafio cada ciclo a descobrir aquilo que tem mais a ver consigo, é sobretudo enriquecer dar-lhes empoderamento.»

Eco-código e brigadas ecológicas

O Colégio de São Teotónio estabelece anualmente um eco-código, em que as turmas propõem slogans de acções concretas para melhorar em termos de ecologia e reutilização de materiais. «Fomos dando pequenos passos, por exemplo, a campanha de desperdício zero ao nível do refeitório, os alunos podem repetir a refeição as vezes que quiserem, mas devem dar indicação daquilo que realmente comem», conta Antero Abreu, notando a poupança em termos de desperdício alimentar e para os cofres da instituição com forte componente artística, que funciona também com residências masculina e feminina, por isso tem a própria cantina onde são confeccionados almoços, lanches e jantares. 

Perguntamos se não há tendência das crianças para se aproveitarem da situação. «As mais pequenas temos de monitorizar e estar realmente atentos para ver se comem a fruta e a sopa e se não comem à pressa para ir brincar, mas nós também já vamos percebendo as quantidades de cada criança e, de qualquer das maneiras, vamos transmitindo aos alunos que, se acharem que se está a ser servido pouco e querem mais, avisarem ou pedirem para repetir; o mesmo quando acharem que estão a servir demais.»

«Quando estendemos o eco-código até ao pré-escolar e envolvemos os delegados e subdelegados de turma, logo desde o primeiro ano, já sabíamos que eles eram os principais impulsionadores da mudança. A nossa preocupação não é ser uma excepção, mas sim criar efeito.»

Antero Abreu, Director Pedagógico Colégio de São Teotónio


Aproveitar folhas usadas como folhas de rascunho, racionar a impressão de testes e as fotocópias de fichas – com um plafond pré-definido para cada professor -, substituição de torneiras e lâmpadas e instalação de painéis fotovoltaicos são algumas das medidas estruturais implementadas. Depois há soluções simples, com recurso à tecnologia. «Se temos os quadros interativos e projetores, por exemplo, podemos projetar as fichas de trabalho para a turma, não é preciso estar a dar uma fotocópia a cada aluno.» De acordo com o director, todas as lâmpadas são LED, nomeadamente as do pavilhão gimnodesportivo, onde também foram colocadas placas transparentes para aproveitamento da luz natural. 

Uma particularidade interessante da eco-escola são as eco-brigadas. Grupos de alunos ficam, rotativamente, responsáveis por monitorizar os comportamentos ecológicos em determinados espaços. Também há actividades de enriquecimento curricular como o «Mãos à obra», em que as crianças e jovens são desafiamos a executar trabalhos com materiais reciclados e, para pequenas festas e eventos, são desafiados a fazer os próprios adereços e fatos. 

Importância da certificação

«Quando estendemos o eco-código até ao pré-escolar e envolvemos os delegados e subdelegados de turma, logo desde o primeiro ano, já sabíamos que eles eram os principais impulsionadores da mudança. A nossa preocupação não é ser uma excepção, mas sim criar efeito. Parece-me que, no geral, as escolas, públicas e privadas, preocupam-se cada vez mais com as questões ambientais, vai aumentando o número de escolas envolvidas no programa eco-escolas», nota Antero Abreu. São 25 actualmente, inclusive instituições de ensino superior, e todas recebem um apoio do município para a inscrição. «Fazer o bem é sempre do nosso interesse, contribuir com acções concretas para o melhorar o mundo em que vivemos e as gerações futuras.» 

O São Teotónio é um colégio diocesano e, como explicou o padre Manuel Dias, «tudo o que é validado externamente é importante, senão ficamos só na nossa escala e não nos é permitido contrastar com quem é de fora ou quem vê a partir de fora. Quando alguém vem e vê, consegue ter a leitura que nós nunca conseguiremos ter. As próprias candidaturas são orientadoras e balizadoras no sentido de perspectivas, há uma espécie de estrutura já organizada que nos permite orientar sem descurar muitos aspectos fundamentais e isso é uma mais valia, uma ajuda. Depois o ver se se conseguiu ou não é óptimo, permite catapultar ou corrigir o que não está bem. O respeito pelo outro passa também por respeitar aquilo que usamos, tem de ser de forma regrada, inteligente, e não pode ser um esgotar de recursos a título de nada, só porque sim. Não faz sentido.»

Uma das novidades mais recentes, foi a instalação de um suporte para estacionamento de bicicletas. Há campanhas com causas solidárias, como a da recolha de rolhas que permitiu a compra de uma cadeira de rodas a uma estudante ou contribuir para o pagamento de tratamentos de outra jovem com problemas de saúde. Para essa causa, foram angariados cerca de 1500€ com a venda de acessórios para pendurar na árvore, no Natal. A festa junina, que inclui um jantar de São João antecipado, actualmente também é chamada de Dia Eco-escola e pelos corredores, há banquinhas não só com os trabalhos dos alunos em exposição como com venda de artigos e até sementes e plantas.

A instituição tem uma área baptizada de «floresta» onde as crianças e jovens podem plantar. Alice Rocha explica que o Eco-bio é uma atividade dirigida ao primeiro ciclo, que tem por trás toda a dinâmica do projecto Eco-escolas e está enquadrada no programa das Ciências da Natureza. «Vendemos exemplares de plantas que eles semearam aqui, fizemos a sementeira no laboratório e depois plantamos numa horta biológica. O que fazemos também é perceber se as espécies que estão no colégio são nativas, quais não, trabalhamos muito comportamentos de reciclagem, boa utilização da água, fazer um bom eco-código, separação de resíduos. Isto ajuda muito os miúdos a interiorizar os comportamentos abordados e a falarem em casa, motivam a mudança e influenciam. Aproveitamos rolhas de cortiça e cápsulas de café, por exemplo, para muita coisa. Eles trazem de casa materiais e percebem que não têm de comprar tudo novo. Em termos de conhecimento, vão avançando, percebem que há recursos finitos, que a taxa de consumo tem de diminuir, que há uma urgência climática e que tem de haver uma melhor gestão dos recursos alimentares no mundo.»

Apoio do município

O Eco-escolas pode ser adoptado por qualquer escola que se inscreva e que siga a metodologia que lhe permita obter a Bandeira Verde, cuja obtenção está sujeita a um intenso programa de actividades. A escola tem de demonstrar que segue a metodologia do programa e da qual se realçam acções como o Conselho Eco-escolas, uma auditoria ambiental, um plano de acção, trabalho curricular, monitorização e avaliação, envolvimento da comunidade e eco-código.

A Câmara Municipal de Coimbra paga as inscrições das escolas no programa. São cerca de 100€ por inscrição, num total de dois mil euros anuais de esforço financeiro da autarquia, e o actual executivo pretende aumentar o número e envolver, pelo menos, 50% das escolas do concelho nos próximos anos. No ano lectivo de 2021/2022 foram inscritas 25 unidades de ensino, distribuídas por diversos ciclos, do ensino pré-primário ao ensino superior, como o Instituto Politécnico de Coimbra. A Escola Superior de Enfermagem foi a primeira de ensino superior com Bandeira Verde no país. Todas as de Coimbra que se inscreveram foram galardoados.

Carlos Lopes, vereador da Câmara Municipal de Coimbra com a pasta do Ambiente, Clima, Energia e Sustentabilidade, e também da Juventude, diz que «o Ambiente é daquelas causas em que não há pobres nem ricos, nem privados nem públicos, é uma causa que é de todos e por isso não tem cor partidária, não tem esse tipo de carga social. Do nosso ponto de vista faz sentido assegurar a inscrição, o importante é que as crianças, jovens e adolescentes possam ter a oportunidade de marcar a diferença.»

Numa conversa no gabinete do responsável, nos Paços do Concelho, Lopes declara também que a juventude «tem sido um elo fraco do município» e que o executivo actual «está a fazer um trabalho de base que não estava feito». «Já reunimos o Concelho Municipal da Juventude, vamos incentivar a participação e reuniões com associações de jovens e a própria associação nacional, temos um desiderato em 2023 que queremos acompanhar. Estamos a criar uma equipa, temos pessoas a trabalhar, e estamos a preparar o regresso do famoso Cartão Jovem, que não será físico mas digital.» Medidas que se aguarda que saiam, também elas, do papel.

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