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    «Filmes, Figuras e Factos da História do Cinema Português, 1896-1949»

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    Casa do Cinema de Coimbra

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    Cinemas em Coimbra

    Fomos à procura de Coimbra no baú do cinema e a cidade olhou-nos de volta II

    Continuamos o nosso mapeamento da cinematografia conimbricense e procura da presença da nossa cidade na sétima arte, até à situação actual da Casa do Cinema de Coimbra.

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    Fotografia: Mário Canelas

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    «Filmes, Figuras e Factos da História do Cinema Português, 1896-1949»

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    Segunda parte


    Continuamos a nossa história mencionando duas personagens incontornáveis quando se fala de Coimbra: Inês de Castro e D. Pedro I. Recorrente é a história em torno do trágico amor com Coimbra como cenário. Deste tema, passaram por Coimbra o telefilme A Castro, de Artur Ramos, a partir da obra do escritor António Ferreira, adaptado por David Mourão-Ferreira, de 1992; Inês de Portugal, de José Carlos de Oliveira, de 1997; La Reine Morte, telefilme francês de Pierre Boutron, de 2009 e Pedro & Inês, uma série de 13 episódios, de 2005. Também o conimbricense António Ferreira filmou Pedro e Inês, de 2018, adaptado de um livro de Rosa Lobato de Faria, misturando reconstituição da Idade Média, filmadas na Sé Velha e na Quinta das Lágrimas, com cenas da actualidade, filmadas na Casa da Escrita, entre outros locais.

    Raquel Freire e António Ferreira

    Há aqui uma sucessão de filmes que dispensa apresentações. Raquel Freire filma o Rasganço, de 2001, numa obra que cria desconforto pela história revolver em torno de violência, mas que discorre sequências de homenagem à cidade, tendo sido filmados o Colégio das Artes, República do Bota-Abaixo, Penedo da Saudade, entre outros.

    António Ferreira, o realizador de Coimbra, celebra Coimbra em muita da sua filmografia, por onde circulam muitas pessoas reconhecíveis da cena coimbrã, como o Nuno Ávila, António Olaio, etc. Realizou Respirar (Debaixo D’Água), de 2000, filmado na Escola Secundária D. Duarte, na Ponte do Açude e na Lapa dos Esteios/Rebolim e na Rua do Padrão; Embargo, de 2010, a partir de um conto de Saramago, filmado nos Serviços Municipalizados de Transportes Urbanos de Coimbra (SMTUC)  e noutros locais não imediatamente reconhecíveis mas familiares, e o já referido Pedro e Inês. Todos estes filmes estão disponíveis online.

    Outros títulos

    Outros filmes são Uma volta, pelo Parque, de Pedro dos Santos, de 2016, filmado no Choupal. Já tínhamos comentado sobre os filmes Bruno Aleixo e Alva, rodados em Coimbra. Há ainda uma série de realizadores a acrescentar pela sua ligação a Coimbra, como Francisco Carvalho, Nuno Portugal, Paulo César Fajardo, Pedro Marnoto, Teresa Prata e Tiago Cravidão. Ou ainda os filmes que vão surgindo ano após ano a partir do curso do Festival Caminhos do Cinema Português, Cinemalogia.

    Já o mais recente Viriato, de Luís Albuquerque, de 2019, foi filmado no Palácio de São Marcos e na Rua Vale de Linhares, no limite Nordeste de Coimbra. O Ano da Morte de Ricardo Reis, de 2020, a partir da obra de Saramago sobre o heterónimo de Pessoa, realizado por João Botelho (que também estudou em Coimbra e que infelizmente prescindiu de aqui filmar parte do seu filme e minissérie luso-brasileira Os Maias, de 2014). A filmagem, a preto e branco, decorreu no Hotel Astória, a fazer a vez do Hotel Bragança, do livro.

    Curiosidade estrangeira

    Filmados estrangeiros em Coimbra, tivemos o filme suíço-alemão Hors Saison, de 1992, também filmado no Hotel Astória. O Memórias Póstumas de Brás Cubas, de 2001, filme brasileiro a partir da obra de Machado de Assis. Filmou-se a personagem principal enquanto estudante em Coimbra, uma cena de praxe no Pátio das Escolas, a Biblioteca Joanina, o Criptopórtico com um brinde bem especial e uma serenata no Palácio de Sub-Ripas.

    A comédia britânica The Other Half, de 2005, foi filmada nos estádios onde jogou a equipa inglesa durante o Europeu de 2004, incluindo no de Coimbra. 45 dias Sem Você, filme brasileiro de Rafael Gomes, de 2018, em que a personagem viaja para curar o seu recente desaire amoroso e que visita um amigo que vive em Coimbra. Filmou-se a Rua Ferreira Borges, Mosteiro de Santa Clara-a-Nova, Baixa e Estação Nova, Cave das Químicas e em muitos outros locais. Também o War, de 2019, filme de muita acção made in Bollywood, e que não é um clássico Bollywood, teve um pequeno trecho filmado na Rua Ferreira Borges. Fátima, de 2020, filme americano com elenco português, tem algumas sequências filmadas em Coimbra. Mais recente é Yudhra, filme indiano filmado em Coimbra durante 2021.

    Mote para a descoberta

    Nesta cartografia haverá muitas obras mais a nomear, outras tantas por identificar, há ainda uma sucessão de documentários e de curtas, tantas e tão diversas que rapidamente transformariam este artigo num extenso ensaio. Alguns filmes mais se encontrarão, noutros exercícios arqueológicos mais profundos do que este, outros podem voltar a ser exibidos, até os da era do mudo, musicados, como já se fez (como com o A Fonte dos Amores, projectado na Casa do Cinema de Coimbra e musicado por Marcelo dos Reis), para redescobrir a memória da cidade e que sirva como espelho de gerações após gerações coimbrãs. Servirão de mote para visitas guiadas, traçando a memória fílmica da cidade, num gesto de deliciosa cinefilia.

    Casa do Cinema de Coimbra

    A Casa do Cinema de Coimbra é o último capítulo de uma longa presença das artes fílmicas em Coimbra. É o encontro das vontades de três entidades ligadas ao cinema, Caminhos do Cinema Português – Associação de Artes Cinematográficas de Coimbra (CCP/AACC), Centro de Estudos Cinematográficos da Associação Académica de Coimbra (CEC/AAC) e Fila K Cineclube. Tiago Santos, director da Caminhos do Cinema Português, aponta um momento de balanço do trabalho desenvolvido, com a estabilidade recém-adquirida pela compra de duas salas de cinema pela Câmara Municipal de Coimbra. A sala que a Casa do Cinema já usava, a que se junta outra sala no 7º piso do mesmo
    edifício, o histórico Estúdio 1.

    Estão a elaborar a proposta para uso desta nova sala, «para que não seja mais uma mera sala de cinema. Será um espaço de trabalho e de formação. Isto no sentido de podemos trabalhar para a a capacitação técnica, na perspectiva do associativismo, no desenvolvimento de novos criadores. Para que não sejamos reféns de Lisboa e do Porto. [Para que] possibilitemos que exista ali um segundo auditório de cinema, com programação regular» Apesar de evocarem serem uma espécie de cinemateca, estão mais próximos do tradicional cinema de bairro. «Não diríamos uma cinemateca, precisaria de um bom acervo e de comunicar com outras cinematecas, têm um estatuo legal que as protege e mais liberdade para exibir o que quiserem. Nós, enquanto associação, não conseguimos fazer isso. Aquilo que conseguimos fazer é dar condições excepcionais aos nossos associados e procuramos desenvolver o sentido de comunidade. Já temos 100 passes activos, nunca pensámos ter tanta
    gente vinculada à Casa do Cinema. As expectativas são muito altas».


    Tiago adianta que estão a trabalhar sem quaisquer tipo de apoios desde Janeiro de 2022, «só no final de Maio é que veio [financiamento]». Tiveram alguns apoios, que considera simbólicos, dada a intensidade da programação. «Nós tentámos ir ao concurso de apoio à exibição tradicional, que está enquadrado dentro do eixo de apoio do Instituto do Cinema e do Audiovisual (ICA). Fomos afastados meramente pela figura jurídica que temos, de associação. Se fossemos uma empresa estávamos aptos. Sentimo-nos muito injustiçados por esta decisão administrativa». Vão ter que encontrar parceiros, para arriscar outros títulos e programação.

    A programação reflecte a necessidade dum equilíbrio em termos de programação, «com cinema para um grande público, assim como cinema para um público mais cinéfilo. Aguardamos que seja possível retomar o programa de apoio à actividade cultural da Direcção Regional de Cultura do Centro, para fazermos aqui uma quarta acção da mostra Programa!Ação – Viagem pelo Património Cinematográfico Português. Procuramos ir acompanhando o bom cinema contemporâneo e, outra aposta que estamos a fazer, é o Cinema Fora de Portas, até Setembro».

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