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COIMBRA NO MUNDO | Berlim, Alemanha

Estou a viver em Berlim desde Agosto de 2014. Foi a primeira vez que saí de Portugal para viver fora. A razão pela qual o fiz, resulta de uma viagem que fiz em 2013 com a minha namorada (agora esposa). Desde logo, fiquei com a ideia de que tinha de aqui morar. Adorámos a dinâmica da cidade, a mobilidade, a diversidade e a noite. A oferta cultural é excelente e a quantidade de restaurantes de comida de todo o mundo é também algo a que demos bastante valor. Sou engenheiro informático e antes da pandemia trabalhava numa empresa de fitness online (Gymondo). Ia de manhã de bicicleta para o trabalho onde passava cerca de 7 a 8 horas. A dinâmica do escritório era bastante boa, não eram apenas colegas, eram amigos. Ainda hoje nos encontramos para comer fora ou beber umas cervejas. De momento, estou a construir uma startup com a minha mulher chamada Workademy (theworkademy.com), pelo que trabalhamos em casa maior parte das vezes. Entretanto a família também cresceu, em 2018, pelo que somos agora quatro – a minha mulher tem uma filha mais velha de 19 anos.  Como disse, dou bastante valor à mobilidade e com a bicicleta, mesmo quando chove, é possível andar uma vez que a chuva aqui é mais um forma de “chuvisco” pelo que, mesmo que molhe um pouco, dá sempre para secar em 30 minutos. Os transportes urbanos também são muito bons e eficientes. É possível rasgar duma ponta à outra da cidade em cerca de 45 minutos. Uma coisa que me dá cabo dos nervos aqui é conduzir um automóvel, principalmente quando apanho semáforos porque são bastante rápidos a mudar de estado e a maior parte dos condutores demoram tanto tempo a arrancar que é possível, estando a cerca de 100 metros da cortada, levar três iterações para a passar! Nunca encontrei algo assim em outras partes da Europa. Outra coisa de que não gosto é da quantidade que vidro que há pelo chão. Isto resulta do facto de toda a gente beber na rua, com garrafas de vidro das lojas de conveniência. Sempre que passo por estes montinhos lembro-me do cortejo das fitas de Coimbra, há uns anos, onde era possível usar garrafas de vidro mas depois foram proibidas. Penso sempre: Deviam fazer o mesmo aqui! De Coimbra, sinto saudade dumas saídas à noite pela Praça da República e a espontaneidade dessas saídas. Antigamente era ir simplesmente à Praça sozinho, encontrar um grupo conhecido e ficar com eles o resto da noite. Toda a gente se conhece! Volto com basstante regularidade. Na verdade, passei em Coimbra os dois confinamentos devido à pandemia de covid-19, pois em Berlim estava muito complicado com uma criança de dois anos. Quando vou a Coimbra, tenho sempre que marcar presença nos meus restaurantes preferidos e encontrar-me regularmente com os meus amigos. A melhor altura é o Natal, porque está toda a gente que mora fora e há bastantes festas para fazer! Quando pensei em fazer um investimento imobiliário, havia várias hipóteses em cima da mesa e acabei por escolher Coimbra, portanto posso dizer que, para já, o meu plano é voltar. Não sei quando, também não quero pensar muito nisso uma vez que me sinto bem em Berlim e tenho a empresa aqui sediada, mas penso que Coimbra está a mudar para melhor. Talvez não com a velocidade que desejaríamos, mas a mudar.  De momento uma das coisas que penso que está a acontecer é a vontade de acabar com a ferrovia que vai até à cidade e acho que é um grande erro. Vai contra o que se anda a fazer nos outros sítios da Europa. O comboio é um serviço de excelência e a mudança deverá sempre ser para ter mais ferrovia e não menos. Ter uma estação que vai até ao centro cidade é algo comum nas várias cidades onde estive, penso que devemos fazer todos os possíveis para manter e até mesmo evoluir. Tenho muita pena também do desfecho que teve o ramal da Lousã. Embora consiga conceber a solução de metrobus no centro da cidade, mesmo sendo francamente inferior à de um metropolitano sobre carris, parece-me muito má solução para grandes distâncias como a Lousã. Vamos ficar com uma solução de mobilidade bastante aquém do que a cidade merece.

Rui Vilão

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