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Máscaras caseiras: como e por que fazer (se quiserem)

A utilização das máscaras de protecção facial tem feito correr muita tinta, sobretudo devido às diferentes directrizes dos governos dos países afectados ou em prevenção da actual pandemia no novo coronavírus (COVID-19), mas entretanto também se estão a tornar um símbolo de solidariedade. As pessoas usam-nas para proteger os outros e não apenas a si […]

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A utilização das máscaras de protecção facial tem feito correr muita tinta, sobretudo devido às diferentes directrizes dos governos dos países afectados ou em prevenção da actual pandemia no novo coronavírus (COVID-19), mas entretanto também se estão a tornar um símbolo de solidariedade. As pessoas usam-nas para proteger os outros e não apenas a si mesmas. Usadas há muito tempo em ambientes médicos, não faltam estudos sobre a sua utilização e eficácia, já em relação à utilização por parte da população em geral o caso muda de figura e não parece haver consenso.  

Relativamente ao uso das máscaras cirúrgicas, que são descartáveis, a falta de material e equipamento para todos em Portugal leva ao dever de proteger prioritariamente os doentes infectados, os cuidadores informais, os profissionais de saúde e todos os que prestam serviço aos doentes infectados. No entanto, actualmente a Direcção-Geral da Saúde (DGS) já recomenda o uso parcimonioso pela população em geral, de acordo com o risco acrescido de algumas pessoas como os imunodeprimidos, como é referido neste artigo partilhado pelo Portal do Serviço Nacional de Saúde 

Posto isto, ouve-se falar cada vez mais na máscara de pano, uma opção para quem quiser usar máscara sem recorrer ao recurso limitado que são as máscaras cirúrgicas. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) o uso de máscaras não médicas ainda não foi bem avaliado e, por isso, não há evidências para fazer uma recomendação a favor ou contraNo entanto, a agência especializada mantém que está a colaborar com parceiros de pesquisa e desenvolvimento para entender melhor a eficácia e a eficiência da máscara não médica, admitindo que, à luz de dados de Hong Kong, o amplo uso na comunidade pode ter reduzido a propagação do coronavírus em algumas regiões. 

Não sendo um substituto da máscara cirúrgica para quem a deve usar mas sim uma alternativa para o resto da população, por todo o mundo surgem negócios e outras iniciativas de feitura e distribuição de máscaras faciais caseiras.

Em Coimbra, sabemos que a Ovelha Mãe está a produzir e o movimento Máscaras Solidárias não só tem um tutorial como divulga informações fundamentadas sobre máscaras caseiras (DIY) e abre espaço para a acção comunitária de fornecimento de máscaras de tecido a populações vulnerabilizadas na zona.

Quem quiser participar, costurando, doando tecidos e outros materiais, contactando empresas locais que possam doar, organizando a recolha/entrega segura de materiais (quando for permitido), identificar grupos/organizações locais que possam precisar e consciencializar a população com a partilha de informações confiáveis, só tem de entrar em contacto. A criação do movimento teve como ponto de partida o site www.maskeradebrigade.com, fruto de um esforço colaborativo iniciado pela costureira Lisa Simpson (Berlim) e a cientista social Bia Farão (Coimbra).

A medida mais eficaz de todas contra a propagação do novo coronavírus continua a ser a distância de pelo menos um metro e meio uns dos outros e há que ter sempre em mente que usando uma máscara podemos ter a falsa sensação de segurança e descontrair. Partilhamos o processo de feitura do modelo de Lisa, que é fácil e rápido de coser, feito para quem tenha conhecimentos básicos de utilização de uma máquina de costura mas que também pode ser feito à mão. 

Antes de fazer:

1. É importante que a máscara cubra o nariz, a boca e o queixo. Deve ficar o mais apertada possível à volta do rosto mas mantendo-se confortável, por isso é aconselhável que tenha um arame para moldar o tecido à volta do nariz e ajustar-se melhor à cara. Arame revestido como o dos clipes funciona bem;

2. Podem usar elásticos ou cordões para atar. Os cordões, além de mais sustentáveis, suaves e ajustáveis, também resistentem melhor às lavagens frequentes a altas temperaturas; 
 
3. De acordo com este estudo sobre os melhores materiais/tecidos a utilizar, testes em material de t-shirts que são 100% algodão mostram que é bastante eficaz em comparação com outros e permite respirar sem produzir muita humidade. Se for reciclado melhor – podem usar fronhas, lençóis ou t-shirts usadas, desde que estejam limpas e em boas condições;
 

4. Uma abertura permite que coloquem um filtro para melhorar a eficácia, ou seja, para que não passe qualquer gotícula. Podem usar folhas de papel de cozinha, lenços de papel (recortados do tamanho da máscara) ou filtros de café;
 

5. Se fizerem máscaras para outras pessoas usem máscara e luvas durante todo o processo.

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Como fazer:

1. Fervam ou lavem o tecido a 90º, passem-no a ferro com a temperatura para algodão com vapor e tenham à mão fita métrica, tesoura e o material de costura;

2. Cortem um retângulo de 22cm x 40cm (ajustem as medidas 3 a 5 centímetro menos ou mais se precisarem, para crianças por exemplo);

3. Marquem o tecido com o ferro dobrando 0,5cm em ambas as extremidades de 22cm e novamente 1cm. Depois dobrem o tecido ao meio para que as extremidades passadas se encontrem e vinquem essa dobra. Depois dobrem os lados restantes 1,5cm e passem. Vejam aqui no vídeo;
 
4. Abram o retângulo de tecido, deixem as extremidades de 22cm dobradas e cosam-nas pelo interior e com ponto ziguezague se for na máquina, para fazer uma espécie de túnel. Dobrem o retângulo onde o vincaram e dobrem os lados. A seguir cosam um lado no interior da dobra de 1,5cm, para fazer o primeiro túnel por onde vai passar o cordão – pespontem no início e no fim da costura para reforçar; 
 
5. Cortem 15cm de arame (torçam as pontas para não picar) e metam-no dentro do túnel de 1cm. Está feita a parte de cima da máscara. A abertura é o bolso para o filtro. Depois é só coserem o último túnel lateral de 1,5cm;

6. Cortem o fundo de uma t-shirt (sem bainha) para fazer uma tira de 3cm de largura e estiquem-na para obter um cordão comprido;

7. Enfiem o cordão pelo túnel de 1,5cm (um alfinete de dama ajuda a levar o cordão por dentro do túnel) de baixo para cima, depois à volta e de cima para baixo. 

Cuidados a pôr e a tirar:

1. Lavem bem as mãos antes de colocarem a máscara;

2. Caso a máscara o permita, como a que exemplificámos, insiram o filtro no espaço próprio, que podem ser duas camadas de papel de cozinha ou um filtro de café, por exemplo;

3. Coloquem bem a máscara e verifiquem se está bem ajustada ao vosso rosto mas confortável para respirarem sem esforço;

4. Não toquem na máscara enquanto estão a usá-la;

5. Lavem bem as mãos antes de retirarem a máscara a partir da parte de trás, ou seja, segurando nos atilhos e não na parte da frente;

6. Lavem a máscara. O ideal é mudarem de máscara a cada 3 horas de utilização ou quando já estiver húmida devido à respiração, tosse ou espirros. Se lavarem à mão: esfreguem durante cerca de 30 segundos com sabão e depois de enxaguarem fervam durante 5 minutos e passem a ferro depois de secar. Na máquina de lavar façam-no idealmente a 90º. Deixem-na pendurada num sítio arejado e com sol 

7. Lavem bem as mãos.

O uso da máscara só é adequado se for aplicado conjuntamente com a higiene das mãos, a etiqueta respiratória, a limpeza das superfícies e o distanciamento social. As medidas para reduzir a exposição e transmissão da doença indicadas pela OMS são: tapar o nariz e a boca quando espirrar ou tossir, com um lenço de papel ou com o antebraço, e deitar sempre o lenço de papel no lixo; lavar as mãos frequentemente durante 20 segundos, com água e sabão ou com solução à base de álcool a 70%; evitar contacto próximo com pessoas com infecção respiratória; evitar tocar na cara com as mãos; evitar partilhar objectos pessoais ou comida em que tenham tocado.

Ao contrário do que é praticado noutros países, a Direcção-Geral da Saúde defende que o uso de máscara de forma incorreta pode aumentar o risco de infecção, por estar mal colocada ou devido ao contacto das mãos com a cara, e que a máscara contribui também para uma falsa sensação de segurança. Também mantém que as máscaras de pano são de evitar porque podem acumular resíduos ou até partículas infeciosas, fazendo com que aumente o risco de disseminação do vírus, daí ser muito importante cumprirem as regras de higiene e segurança que indicámos se optarem por usar.

Texto e fotos: Filipa Queiroz
Foto (final): Maskerade Brigade

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