Talvez a culpa seja do café do meu avô e do hábito que a boa gente do Ribatejo tem de se cumprimentar com frases enigmáticas para puxar conversa: a simples curiosidade do «como tem passado?» pode ser pouco inspiradora e a arte está em destacar um episódio deixando quem ouve em expectativa. Neste jogo, sempre fui mais de fazer perguntas do que lançar o isco e vou-me deixando conduzir neste gosto por histórias. Cheguei primeiro a Coimbra para estudar Jornalismo e descobrir outra escola no Jornal Universitário – A Cabra e na RUC. Seguiu-se um estágio no Diário de Notícias e um bilhete de avião até Macau, onde durante 15 anos mergulhei nos jornais e na rádio em português para dar conta de uma cidade com duas maneiras de viver em constante tensão. O desejo de liberdade e a vontade de continuar a dar sentido à profissão que escolhi coincidem agora na redacção da Coimbra Coolectiva e na procura de novas formas de saber como é que vamos andando por cá.
O frenesim à volta dos concertos que por estes dias fazem de Coimbra notícia passa ao lado dos agentes que, com apoios limitados, dão à cidade uma programação cultural diferenciadora e sustentável. Num céu cheio de estrelas, centramos o olhar nos astros ofuscados pelos grandes eventos.
O movimento Eu Também encontrou uma forma prática e informal de nos ajudar a resolver os problemas da nossa rua e está à procura de pessoas que queiram assumir um papel activo na melhoria do espaço público. Entre vizinhos e poder local, há um lugar comum por construir.
Leitores e voluntários da Biblioteca Municipal pedem a reactivação do serviço de gravação de leitura de livros para pessoas cegas ou com baixa visão. Parado há três anos, o estúdio pode voltar a ganhar vida: há uma proposta na mesa.
A partir de Coimbra, dois investigadores montaram uma rede de trabalho colaborativa e deram o primeiro grande passo para Portugal ter uma estratégia de conservação dos polinizadores. O plano já tem apoio do governo para avançar – todos podemos dar uma vida mais doce aos insectos.
Há um ano, Coimbra recebia os primeiros refugiados da guerra na Ucrânia e testava com sucesso o sistema de acolhimento. As dificuldades em arrendar casa e encontrar trabalho começaram nos últimos meses, sem grandes soluções além da sorte, improviso e ajuda de mãos invisíveis paralelas ao serviço social público.
Apoiam a comunidade há 12 anos e estão agora a fazer a diferença na vida das famílias que chegam a Coimbra e não têm nada. Fomos conhecer o grupo de voluntários que segue este lema de dar conforto a quem precisa com a gentileza dos outros. Sem burocracias – aqui, a ajuda é para já.
