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Try Out Rocket Dolls | 4 Janeiro, 2023

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Rocket Dolls

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Roller Derby

As Rocket Dolls Roller Derby estão a recrutar para relançarem em força a comunidade

Dia 14 de Dezembro há treino aberto da equipa que trouxe para Coimbra o desporto de velocidade, contacto e estratégia, que é um exemplo de libertação feminina, construção de comunidade e inclusão.

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Fotografia: Rui Sousa

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Para quem não conhece, um jogo de roller derby pode ser uma experiência bem surpreendente. Não é todos os dias que se vêem mulheres em patins e equipadas com capacetes, joelheiras, cotoveleiras e até protectores de boca a irem umas contra as outras, cada uma com o seu nome de guerra. Os árbitros estão quase sempre a apitar, há gritos da bancada e pontos que não se percebe bem como são obtidos na pista oval onde andam às voltas durante uma hora, em velocidade.

Bia Farão (ou Killah B) já tinha ouvido falar do roller derby quando chegou a Coimbra, mas apenas isso. «Fiz patinagem artística quando era criança e soube que a equipa estava a ser formada através da [revista] Preguiça. Para mim, era uma forma de me integrar na comunidade e começar a minha vida aqui», atira a brasileira que também viveu em Vancouver, no Canadá, que tem uma das equipas mais célebres do desporto feminino de contacto.

Bia vestiu o equipamento amarelo e preto, inspirado na saga cinematográfica Kill Bill de Quentin Tantino, em 2014 – o ano em que Vânia Ribeiro e João Penacho fundaram as Rocket Dolls Roller Derby Coimbra. «Eles patinavam, conheceram a modalidade e pensaram que era fixe ter algo assim em Coimbra. Identificaram-se com a cultura, com a inclusividade, e começaram a equipa», conta a actual treinadora.

«A ideia era ter um desporto que fosse para mulheres, em que todos os corpos, dependendo do tipo de corpo, têm um papel importante na pista. Podes ter pessoas altas, baixas, grandes, pequenas, de todos os tipos; existe ali um papel e uma posição perfeita para todas. É um desporto inclusivo nesse sentido. Todo o mundo pode patinar, estar na pista a divertir-se a colaborar e a trabalhar em equipa. E também a questão de género, a própria WFTDA [Women’s Flat Track Derby Association] regulamenta que qualquer pessoa que se identifica como mulher pode participar no jogo feminino.»

Um desporto libertador

Praticado maioritariamente por amadoras, o roller derby é praticado em piso plano (flat track), numa pista oval e com patins paralelos. Nos jogos, duas equipas de pelo menos cinco elementos cada, quatro blockers e uma jammer, tentam marcar pontos ao longo de 60 minutos, divididos em duas partes de 30, que por sua vez se dividem em jogos de dois minutos, os jams. Para marcar pontos, as jammers (que se distinguem pela estrela no capacete) devem ultrapassar as restantes jogadoras, dando o máximo de voltas à pista. As blockers têm de impedir as jammers de marcar tendo, para isso, de se manter unidas, formando um pack.

«É um jogo muito intenso e muito rápido», explica Bia Farão. «A pessoa que assiste a uma partida pela primeira vez provavelmente não consegue entender nada do que está a acontecer, porque aquilo é caótico. Mas na verdade tudo o que acontece é completamente estratégico e pré-definido, nada acontece ao calhas.» O roller derby envolve contacto regulamentado, muita estratégia, muita comunicação e trabalho de equipa. «Sim, há porrada, mas também há 80 páginas de regras para manter a segurança das jogadoras e o contacto ser feito de forma segura», dispara a actual treinadora do colectivo local. Por exemplo, é proibido usar as mãos e os pés.

A origem do roller derby remonta à década de 30 nos Estados Unidos. Começou como um desporto feminino em que mulheres faziam uma espécie de luta livre em patins, mais teatral, e terá caído no esquecimento até ao dia em que uma equipa de Austin, no Texas, decidiu transformá-la numa modalidade oficial, criando as regras e estruturando-a de forma a torná-la competitiva. Em 2020, a WFTDA e a Roller Derby Coalition of Leagues contava mais de 500 equipas inscritas.

Roller Derby em Coimbra

Foi pela mão das Rocket Dolls que o país recebeu, em Coimbra, três edições do Quad Cup – International Roller Derby Tournament Coimbra, entre 2017 e 1019, com a participação de 12 equipas e cerca de 100 atletas, árbitros e voluntários em cada edição. Mais de 150 pessoas passaram pela equipa local composta maioritariamente por mulheres «de all walks of life, todos os lugares de Coimbra e de tudo». Chegaram a ser mais de 20 elementos e a organizar jogos todos os meses, para construir uma comunidade.

Bia explica que até hoje as jogadoras encontraram sempre na equipa e na modalidade o espaço para exercerem a sua individualidade e para se encontrarem. Também um «escape do dia-a-dia, do marasmo, da rotina, que as faz sentirem-se empoderadas», «um pouco de auto-cuidado» e «um espaço seguro para estarem com outras mulheres e partilharem uma experiência diferente».

A pandemia fez com que todos os elementos da equipa atirassem os patins para o armário. O último jogo ficou lá atrás, em 2019. Mas entre skaters, officials e voluntárixs, actualmente as Rocket Dolls estão a reconstruir a equipa que é feminina mas não conta apenas com mulheres. Segundo a treinadora, homens podem entrar para desempenhar outros papéis. «Treinamos patinadoras mas também treinamos árbitros, que podem não usar patins ou usar patins em linha.»

Treino aberto

As Rocket Dolls começaram a treinar na rua, passaram mais tarde para o pavilhão da Escola Secundária José Falcão, o pavilhão do Clube de Futebol de Santa Clara e agora treinam às quartas-feiras, das 21h às 23h, no Pavilhão da Palmeira. Dia 4 de Janeiro há treino aberto para quem quiser experimentar e a treinadora garante às interessadas que não é preciso saberem patinar. «Toda a iniciação é por nossa conta e, neste primeiro momento, também temos equipamento em segunda mão para emprestar.» O equipamento são os patins quad e protecções para os joelhos, cabeça, cotovelos e punhos.

Só depois do processo de fundamentos da patinagem, da modalidade e do contacto é que a progressão leva cada elemento a sentir-se capaz e segura para jogar. A segurança é essencial no deporto de contacto. Quem entra na equipa e depois percebe que não tem interesse nessa vertente, e não tem interesse em jogar, pode envolver-se de outras formas. Bia Farão diz que fazendo crescer a equipa crescer, seria possível voltar a jogar com «a comunidade espanhola , que é super dinâmica» e a lisboeta que inclui duas equipas (Lisboa Roller Derby Troopers e Lisbon Grrrls Roller Derby) com as quais as Rocket Dolls têm articulado esforços para o relançamento da modalidade.

«Quem resistiu tem muita vontade de continuar e sentimos que é um espaço necessário aqui também. O roller derby não é uma modalidade comum e tem essa característica única de ser principalmente liderado por mulheres. Não conheço nada assim em Coimbra. Claro que há muitas actividades adaptadas para mulheres, mas aqui é poderes fazer uma modalidade de contacto em que não és recriminada por seres agressiva.»

*Artigo actualizado a 15/12/22, na sequência do adiamento do treino aberto devido ao mau tempo, que fez com que não se reunissem as condições de segurança no pavilhão para a sua realização

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