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Bloco: viver e trabalhar na Baixa de Coimbra

Visitamos o estúdio de tecnologia fundado em 2015 com o foco no desenho de aplicações nativas Android. Escolheram estar na zona do Arnado e colocaram em prática a semana de quatro dias.

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Fotografia: Mário Canelas

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Um zunzum constante levanta-se do afã diário das ruas do Arnado, sob o olhar impávido da Cindazunda. Sibilam gentes e veículos, nesse corre-corre tão próprio da Baixa. Para aqui cresceu a cidade a passos largos no século passado, tivemos indústria e foram-se instalando serviços. Foi aqui que Cláudia Acabado e Sérgio Santos escolheram instalar-se com o seu estúdio Bloco

Cláudia e Sérgio já se conheciam do Connect Coimbra, um espaço cowork que existiu aos Arcos do Jardim. Sérgio desenvolvia então a sua própria start-up, a Bundlr, e trabalharam depois em conjunto na Nourish Care. Sérgio partilhou a ideia de vir a criar um estúdio dedicado apenas a Android e foi um passo até fundarem o Bloco. 

Projectos em Bloco

Cláudia comenta: «O Bloco surgiu por intolerância daquilo que víamos como gestão convencional e fechada, depois descobrimos que a tecnologia tinha ali imenso potencial. O primeiro ano foi muito difícil, aliás, os três primeiros anos foram muito difíceis. [Agora] temos uma base, uma carteira de clientes fixa». 

No Bloco desenvolvem toda a estratégia para lançar aplicações, a planificação, apresentação e manutenção. Como Cláudia esclarece: «Fazemos [aplicações] de ponta-a-ponta, mas é raro. Estamos sempre focados em desenvolver uma aplicação ou dela surge uma ideia e precisamos de a testar. As pessoas pensam que um produto pode ser bem-sucedido de forma imediata, e as coisas não acontecem assim. Há muita experimentação para que aquela aplicação tenha tracção, seja bem-sucedida e consiga cumprir os requisitos daquele utilizador. Há sempre muita dedicação». 

Lançam as próprias aplicações «para ganhar experiência», assinala Sérgio, «gostávamos que elas nos pagassem o ordenado, mas ainda não é o caso. O projecto ideal seria um projecto-chave na mão, em que pudessem fazer o desenvolvimento e o design. «Não o temos há algum tempo», acrescenta, «[um projecto] em que o cliente tivesse confiança em nós para tomarmos decisões, começar com algo pequeno, experimentar e ir por aí. Nós tentamos sempre que possível trabalhar nas áreas de que gostamos mais, cidadania ou direitos humanos. Felizmente, já tivemos alguns projectos nessa área, o que é fixe.»

Sérgio trata do desenvolvimento e Cláudia do design, a equipa completa-se com Liliana e Filipe e estão a recrutar uma pessoa da área de operações e marketing, para serem mais multidisciplinares. Podem ver no marcador em cima outros projectos e aplicações que criaram.

Viver a Baixa

O primeiro escritório do Bloco foi no espaço no Nest Collective Uptown, no topo das Galerias Avenida, já fechado. Foram fundadores do Nest Collective, onde permanecem, virtualmente. A Baixa é um contexto que os atrai e fascina, por isso decidiram instalar-se aqui, ao Arnado. Além das janelas do Bloco, estiradas num primeiro andar a olhar sobre a Cindazunda e para uma das avenidas mais movimentadas da cidade, a Fernão de Magalhães, a azáfama é palpável.

Sérgio esclarece: «Se pensarmos onde é que as pessoas trabalham em Coimbra, o pólo trabalhador é a Baixa. Só aqui no Arnado é impressionante a quantidade de pessoas que aqui trabalham. Sempre me pareceu natural estar aqui, acho que é uma zona que tem mais piada, mais actividade». 

«Viemos para aqui e as rendas até são acessíveis», acrescenta Cláudia. «Não foi difícil, não somos uma empresa muito grande. Gostamos de saber quem são os vizinhos, de conhecer e dar dinheiro aqui à Baixa. Somos locais, temos essa base. Óbvio que podíamos estar a trabalhar remotamente, temos toda a flexibilidade, mas o nosso propósito é estar aqui e fazer essas ligações. Almoçamos aqui e temos aqui tudo». 

Este recentrar na cidade, além de todo o dinamismo e sentido de vizinhança que procuram, é também o encontro da plenitude da mobilidade. Sérgio afirma que «tudo se liga a isso. Pões o escritório fora da cidade, as pessoas terão que ir de carro. Aqui há a facilidade do transporte público e ciclovia também». Cláudia assegura que desenharam as coisas assim. «O nosso carro está parado durante a semana, felizmente. O Sérgio tem vindo de bicicleta todos os dias, desde Santa Clara. A Liliana mora em Monte Formoso, apanha o autocarro ou vem a pé; o Filipe comprou casa aqui na [Avenida] Fernão de Magalhães». 

Semana de quatro dias

Uma singularidade do Bloco é terem optado pela semana de trabalho de quatro dias em 2021. Sérgio explica que o fizeram após terem alguma margem do dinheiro que conseguiram pelo trabalho. «[Pensámos:] já que temos esta margem, vamos tentar ter maior qualidade de vida». Todos optaram por ter livre a sexta-feira, estão sincronizados, e mantiveram o mesmo número de horas que já faziam nos restantes dias, sem sobrecarregar, sem efeitos na produtividade, como diz: «A produtividade está mais ou menos na mesma, sente-se menos o cansaço, sobrou é menos espaço para alguns projectos que fazíamos». 

Queriam e procuravam este equilíbrio, como acrescenta Cláudia, «Temos a empresa estável, temos tracção, já não é um esforço. Se trabalhássemos mais um dia facturávamos mais, certamente, mas o que ganhamos é espaço para fazer outras coisas». E usam esse tempo para ver exposições, resolver assuntos, caminhar pela cidade.

Na área tecnológica as sabáticas são comuns, dizem, na procura do equilíbrio entre excesso de trabalho e conforto mental. Conhecem muita gente em burnout, que deixa de trabalhar porque já não consegue. Para Cláudia, «toda a gente tem altos e baixos, isto não sai sempre bem. Enquanto equipa, comunicamos uns com os outros, o que permite o ajuste. Às vezes estou mais em baixo, cansada ou doente, tenho logo o Filipe a ajudar ou a dar-me energia. Acho que foi isso que conseguimos criar ao ter uma equipa tão pequena». Isso e a semana de quatro dias. 

Diversidades

Cláudia é uma das poucas mulheres num cargo de topo em tecnologia, em Coimbra. Enquanto fundadora (founder) e pessoa que gere uma empresa, diz que não tem um par. «Não consigo ver ninguém a fazer o que faço». Há outras mulheres em cargos de topo, claro, como Luísa Matos, Catarina Nogueira e Diana Pires. Mas isso, acrescenta, é olhar para o cenário, porque são um estúdio, não se identificam como consultora ou start-up.

No Nest Collective é a única mulher founder, «não há outra. Lá está, faz falta, não existe diversidade [na área]. Antes olhávamos para empresas que tinham 30 pessoas, havia uma mulher, e nem sequer era a trabalhar em tecnologia, era a trabalhar em administração ou finanças. Pessoas negras são muito poucas, [faltam] outras etnias e pessoas com deficiências. Contratámos a Liliana porque queríamos contratar uma mulher. Tem que se fazer esse esforço, é um esforço difícil, porque há poucas mulheres a formarem-se em engenharia. Acreditamos que isso comece a mudar. Há esse esforço que internamente fazemos, porque senão andamos aqui fechados nas nossas cabeças a pensar da mesma forma».

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