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Coldplay: Um show de sustentabilidade ambiental e emocional

Tão impactante como os quatro concertos da banda, que levaram 200 mil pessoas ao Estádio da Cidade de Coimbra, foi o espectáculo fora do palco - antes e depois da música.

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Fotografia: Laurisa Farias

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Talvez boa parte dos motivos que levam Chris Martin a encantar a plateia se devam ao seu sorriso maroto e ao mesmo tempo pueril, além dos seus pulos ao longo do palco, qual criança a saltitar no parque ou à beira-mar. O vocalista dos Coldplay parecia divertir-se tanto como os milhares de fãs no Estádio Cidade de Coimbra na noite de quarta-feira, dia 17 de Maio, que era também Dia Mundial da Reciclagem instituído pela UNESCO. Mas Chris Martin não é apenas um rostinho bonito. O inglês de Devon e seus três colegas de universidade espalham a mensagem da importância da sustentabilidade e que a responsabilidade ambiental é um dever de todos antes mesmo de subirem ao palco. Mensagem que é passada sem muito alarde, na verdade de forma discreta e, em alguns casos, de forma lúdica e divertida. O que se vê no estádio é apenas uma minúscula ponta do icebergue.

O compromisso da banda com o ambiente pode ser conferido no Sustainability Riders, uma espécie de manual com as diretrizes que os cavaleiros da sustentabilidade comprometem-se a seguir para que a digressão Music Of The Spheres seja o mais sustentável e de baixo carbono possível, guiada por três princípios fundamentais: os três REs. O primeiro é reduzir o consumo da banda, reciclar extensivamente e reduzir emissões de CO2 em 50%, em relação à última digressão. O segundo é reinventar, através do apoio a novas tecnologias ecológicas e desenvolvimento de novas formas de turismo sustentáveis ​​e com baixo teor de carbono. E o terceiro é restaurar: fazer com que a digressão seja a mais benéfica possível para o meio ambiente, através do financiamento de um portfólio de projetos baseados na natureza e na tecnologia e reduzindo significativamente mais CO2 do que a digressão produz.

Mas mais do que simplesmente tornar público o compromisso com a sustentabilidade e todos os esforços da banda para minimizar sua pegada ecológica, como, por exemplo, usar voos comerciais ao invés de jatos privados, os Coldplay buscaram envolver seus fãs para despertar-lhes consciência – ou ganharem novos aliados. Antes mesmo de virem para Coimbra e irem ao concerto, uma aplicação da banda calculava a pegada de carbono total das viagens de ida e volta para os espectáculos, de acordo com o tipo de locomoção. Como parte deste esforço, o grupo compromete-se a plantar pelo menos uma nova árvore por bilhete vendido, sustentado por toda a vida. Se fosse como peão, zero produção de carbono e sem necessidade plantar novas árvores, como a tela abaixo mostra.

Ao entrarem no estádio, as pessoas ganhavam uma pulseira de LED feitas de materiais 100% compostáveis ​​e à base de plantas. Pedia-se a devolução para reduzir a produção das gadgets em 80%. Devolvidas, são esterilizadas e recarregadas após cada show.

Já lá dentro um ecrã gigante mostrava o ranking das cidades que mais devolveram as pulseiras. Os bons exemplos. Buenos Aires era a líder com 95%. Mostrava-se o nome de Coimbra, mas, naturalmente não havia nenhum percentual por ser o primeiro concerto. O pedido para que fossem devolvidas no final do espectáculo ia-se repetindo. Antes de a banda tocar, também nos ecrãs, exibiam-se imagens dos muitos dos projetos que a banda apoia em todo o mundo, com foco em quatro áreas: reflorestamento, reflorestamento, conservação – incluindo dos oceanos – e regeneração do solo. Às causas que a banda abraça são destinadas 10% de tudo o que os ingleses ganham – na digressão, álbuns, vestuários, entre outras receitas.

Com relação à eletricidade, foram utilizados painéis solares fotovoltaicos atrás do palco e ao redor do estádio, biocombustíveis sustentáveis, produzidos 100% a partir de matérias-primas renováveis e resíduos como óleo de cozinha usado. Para envolver os fãs nos esforços, os ecrãs gigantes chamavam à participação como geradores de energia através de um chão quinético, ativado quando se dançava sobre a superfície, e bicicletas elétricas.

As ações para minimizar o máximo possível o impacto ambiental da banda inglesa por onde passa incluem ainda detalhes que podem passar despercebidos. Como os confetes que enfeitam o céu quando todos cantam o tema Sky Full of Stars. As pequenas estrelas e borboletas que banham os fãs são 100% biodegradável e o disparo que permitem que caiam exige bem menos gás comprimido para ignição do que nas digressões anteriores. Ou ainda a explosão dos fogos de artifício, que sempre encanta e fascina, é de uma nova geração de pirotecnia sustentável que tem menos carga explosiva e novos fórmulas que reduzem ou eliminam produtos químicos nocivos, com todos os tubos e suportes sendo biodegradáveis ​​ou recicláveis.

Co-responsabilidade

O documento dos Coldplay Sustainability Riders é enviado com antecedência a todos aos organizadores locais onde se apresentam para solicitar a adoção das melhores práticas ambientais, em uma espécie de regime de co-responsabilidade. Com isso, a digressão de quatro dias dos Coldplay  foi classificada com o conceito de ecoevento, atribuído pela ERSUC – Resíduos Sólidos do Centro, S.A, «por destacar o compromisso de redução de impacto ambiental resultante da produção de redução de impacto ambiental resultante da produção de resíduos», como informou a Câmara Municipal de Coimbra (CMC).

A co-responsabilidade levou a CMC a adotar estratégias a fim de poder atender satisfatoriamente um público de 200 mil pessoas durante quatro dias, principalmente nas questões de mobilidade, por significar menor produção de gás carbónico. Foram criados  quatro circuitos especiais dos Serviços Municipalizados de Transportes Urbanos de Coimbra (SMTUC), a disponibilização de 18 parques de estacionamento para visitantes e reforço de bicicletas e trotinetas por parte das empresas que operam em Coimbra.

De acordo com a autarquia os circuitos especiais tiveram grande adesão e o serviço permitiu transportar, em números aproximados, mais de 7.600 pessoas na quarta-feira, 7.200 na quinta-feira, 5.500 no sábado e 5.100 no domingo, tendo sido contabilizadas cerca mil viagens no total. Em relação à micromobilidade, foram disponibilizados de 1600 veículos (1304 da Bolt e 297 da Link). «Nos quatro dias, foram efetuadas 14.283 viagens e percorridos 24.838 kms, o que equivale à poupança de quatro toneladas de carbono, se tivessem sido percorridos por um carro a gasolina e daria para fazer o percurso de ida-e-volta Coimbra-Berlim cinco vezes. Nestes dias, a utilização das trotinetas Bolt bateu todos os recordes da cidade, colocou Coimbra no top três de viagens em cidades dos países do sul da Europa (40 cidades em oito países) e introduziu 1.598 novos utilizadores à micromobilidade», disse a vereadora da Mobilidade, Ana Bastos.

No que diz respeito à produção de resíduos, as equipas do serviço de limpeza urbana e gestão de resíduos da CMC recolheram cerca de 11 toneladas de embalagens, quatro toneladas de papel e cartão e 17,4 toneladas de resíduos indiferenciados. A assessoria ressalta que estes são ainda resultados provisórios, mas, de acordo com o levantamento, cerca de 45% dos resíduos produzidos poderão vir a ser valorizados.

Michael Bond, colunista do The Guardian, escreveu recentemente sobre comportamento humano e, particularmente, sobre como as pessoas interagem umas com as outras e com o mundo natural. Em seu novo livro, Fans: A Journey into the Psychology of Belonging, ele diz que fãs sempre tiveram uma má reputação. Mas não é bem assim. Ele explora as razões notáveis ​​pelas quais as pessoas se unem em busca de seus entusiasmos compartilhados e as maneiras surpreendentes pelas quais elas se beneficiam. «O fandom de fato tem uma influência notavelmente positiva na vida das pessoas e deve ser visto como um modelo de comunidade e de bem-estar. A maioria dos fãs está em busca de significado e estão preparados para dar muito de si para encontrá-lo».

Resta esperar que os fãs dos cavaleiros da sustentabilidade que lotaram o Estádio da Cidade de Coimbra absorvam e ponham em prática o que Chris Martin e sua banda compartilharam durante quatro noites.

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