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Por ti - Programa de Promoção de Bem-estar Mental nas Escolas

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Serviços de Saúde Mental em Coimbra

Como a solução passa por falar «muito mais sobre saúde mental e de uma forma mais positiva»

Dissertações e campanhas mostram a urgência em procurar ajuda para combater doenças dissimuladas como a depressão. Analisámos a transformação social dos diagnósticos nos últimos anos e fomos saber o que está a - ou poderá ser - feito nas vertentes pedagógicas, clínicas e sociais.

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Fotografia: Mário Canelas, Cortesia From Atomic

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«Enquanto outras doenças vão retirando a saúde e a vida à pessoa, a depressão é das poucas doenças que faz com que a pessoa tire a sua própria vida.» Um testemunho que nos agarra a meio de uma conversa com Alberto Ferraz dos From Atomic. A troca de palavras adveio do videoclipe de Quiet, que em meados de Outubro passado serviu de single para o disco Love Fate Now & Forever. Já o vídeo, esse serviu sobretudo enquanto manifesto urgente e sincero de um tópico marcante.

O audiovisual impactante da banda de Coimbra é parco em aparência comercial, mas sonante nas informações e relatos que desfilam pelo ecrã. «Pensei na questão da depressão por causa da mensagem que a própria música tem e era um tema que eu sempre quis abordar», confidencia-nos o músico, rematando que tal temática consolidou-se com esta abordagem visual, na medida em que «não queríamos que fosse um videoclipe chocante, mas sim que chamasse mais a atenção pela mensagem».

«Fala-se agora muito mais sobre saúde mental e de uma forma mais positiva, de incentivo à procura de ajuda e que não só aproxima as pessoas, mas humaniza esta experiência, tornando esta procura de ajuda, que é fundamental, mais comum.»

Mariana Moura Ramos, directora do Serviço de Psicologia Clínica do CHUC

Um aviso que cada vez mais tem vindo a ecoar no nosso quotidiano, como se comprova pelas várias campanhas publicitárias em torno da problemática. Mas será o seu efeito eficaz ou apenas efémero? «Há sempre pessoas que a partir dessas campanhas partilham a sua experiência. Isso acaba de certa forma por inspirar outras a procurar ajuda», revela-nos  Mariana Moura Ramos, directora do Serviço de Psicologia Clínica do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), realçando a importância destes apelos, dado que tem vindo também a diminuir o estigma em relação à doença mental. 

«Fala-se agora muito mais sobre saúde mental e de uma forma mais positiva, de incentivo à procura de ajuda e que não só aproxima as pessoas, mas humaniza esta experiência, tornando esta procura de ajuda, que é fundamental, mais comum.» Dito isto, aponta-nos que «o estigma ainda existe e existirá, pois ainda há pessoas que por vezes chegam à consulta com um sentimento quase de culpa pelo facto de estarem a dar este passo, como se isso fosse uma coisa negativa».

Todo este revisionismo sobre saúde mental teve raízes na pandemia de covid-19, que «juntou várias incertezas numa ansiedade geral, com o isolamento que também provocou a exacerbar situações depressivas». No entanto, a médica salienta que, actualmente, «não é a ansiedade em relação à covid-19 que motiva a actual procura, mas o facto de as pessoas ficarem mais conscientes das suas dificuldades emocionais e terem uma maior preocupação em cuidar da sua saúde mental». 

Moura Ramos adianta que esse maior cuidado pessoal se tem manifestado «no aumento em quase todas as consultas de forma semelhante, em todas as faixas etárias», sem apontar números concretos, devido a uma mudança no sistema de registo dos pedidos. É um acréscimo generalizado que também se vai reflectindo na capacidade de resposta, pois «por o acesso às consultas ter sido temporariamente afectado pela pandemia e os recursos actualmente não serem suficientes para dar uma resposta rápida a todas as situações, há um conjunto de implicações indirectas da covid-19 e dos confinamentos que amplificaram situações depressivas onde as pessoas ficaram mais isoladas. O que pode agravar o quadro, sobretudo quando essas pessoas nos chegam no limite».

Uma preocupação que encontra eco nas palavras de Alberto Ferraz, ao apontar que é crucial não só perder o receio de requerer ajuda médica, mas demonstrar um zelo equivalente ao próximo: «Além das pessoas pedirem ajuda, quem está por fora também deve estar atento e compreensivo a situações que possam acontecer com pessoas que estão ao seu lado. Até porque a certa altura todos nós já passamos ou então poderemos vir a passar por situações de depressão ou de um momento mais fraco, em termos de força espiritual». 

«A certa altura todos nós já passamos ou então poderemos vir a passar por situações de depressão ou de um momento mais fraco, em termos de força espiritual.»

Alberto Ferraz, From Atomic

Apelos e avisos marcantes que trespassam pelo videoclipe Quiet, assim como por várias outras campanhas, mas como é que se têm manifestado pragmaticamente na nossa sociedade? A solução a esta problemática invisível parece passar sobretudo pela acção preventiva de diagnóstico, de modo a cortar o mal pela raíz, salvaguardando-se em primeiro plano as citadas comunidades escolares ou estudantis, como comprovam iniciativas como o Detect ou o Por ti – Programa de Promoção de Bem-estar Mental nas Escolas

O Detect é um estudo financiado pela Associação Portuguesa de Investigadores e Estudantes no Reino Unido (PARSUK) e encaminhado por investigadores da Universidade de Coimbra (UC) que visa estabelecer um sistema de rastreio online para identificar atempadamente sinais de doença mental ou perturbação psicótica em jovens adultos, de maneira a prevenir que essas patologias se desenvolvam. Está actualmente em fase de inquérito junto ao público-alvo de jovens entre os 18 e 35 anos residentes em Portugal.

Já o Por Ti é dirigido a alunos, famílias, professores e funcionários das escolas portuguesas e pretende não só desenvolver as competências de regulação emocional, mas também intervir por um bem-estar mental equilibrado. Com a fase inicial a decorrer este ano lectivo, o programa gerido pela Zurich Portugal e Missão Azul, no qual participam a Unidade de Psicologia Clínica Cognitivo – Comportamental da Universidade de Coimbra (UPC³) e a EPIS – Empresários Pela Inclusão Social, será implementado por todas as escolas do país até 2026.

Ambos os projectos plurianuais visam um impacto mais imediato nas camadas jovens, mas prestam-se também a produzir conhecimento científico que eventualmente será partilhado com o público em geral. Há igualmente a tendência para se criar infraestruturas socialmente mais empáticas, como vimos no Workshop Coimbra – Cidade compassiva, cidade que cuida, que ocorreu a 27 de Janeiro na Coimbra Business School e apresentou várias propostas para combater estigmas como a exclusão digital ou a doença mental, entre outros.

Apesar da fase embrionária dessas medidas, saludamos o intento de inovação social que passa por cuidarmos uns dos outros, pois «o conceito de rede e de apoio é um fundamental para o nosso bem-estar», remata Moura Ramos. «Se onde nós vivemos houverem circunstâncias e iniciativas que permitam esta partilha e apoio e que promovam a proximidade entre as pessoas, essa pode não ser uma solução definitiva para os problemas de saúde mental, mas ajuda a criar um contexto de atenção em relação aos mais vulneráveis.»

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