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A rádio que levou mais pessoas ao Salão que já tinha o Brasil no nome

Dedicada exclusivamente à música lusófona, a Rádio Pessoas tem esgotado a bilheteira e aproximado a comunidade naquela que é uma das principais casas de espectáculos da cidade.

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Fotografia: Mario Canelas

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Do projeto embrionário iniciado em meio ao contexto pandémico até agora passou-se pouco mais de um ano. De lá para cá, a Rádio Pessoas foi responsável por realizar uma série de concertos inéditos e marcantes na cidade de Coimbra como Mateus Aleluia, Bala Desejo, Marina Sena, Bia Ferreira, Rincon Sapiência, Mart’nália, Beba Trio, Lucas Santana, Alice Caymmi, Carapaus Orkestra, Japa System, Michele Mara, Rodrigo Brandão, entre outros. Também produziu duas residências artísticas e criou o coletivo musical Tanto-Mar. A variedade de vertentes tem um único propósito: aproximar e difundir a cultura lusófona.

Esta é a tónica do projeto idealizado pelo produtor cultural Eron Quintiliano, brasileiro natural do Estado do Paraná (Sul do Brasil), que escolheu Coimbra como ponto possível para a criação da Rádio Pessoas, uma rádio online dedicada exclusivamente à música lusófona, mas não só. É também o meio pelo qual o produtor organiza uma programação cultural focada na música e cultura dos países de língua portuguesa a que já ninguém fica indiferente.

Colocar em prática esta ideia, na perspectiva de Eron, foi um processo orgânico resultado de uma longa relação do produtor cultural com a música e os artistas que têm na Língua Portuguesa o seu instrumento de comunicação. O percurso de tal relação tem já uma história de 15 anos de trocas culturais, como revela Eron.

«Já trouxe artistas brasileiros, moçambicanos, angolanos e cabo-verdianos para se apresentarem em Portugal em locais como a Casa da Música, por exemplo, e em festivais em Lisboa. Do mesmo modo, já levei artistas portugueses, angolanos e moçambicanos para se apresentarem no Brasil. Essa atmosfera faz parte do meu trabalho há um bom tempo».

Com uma programação a transmitir música lusófona 24 horas por dia ininterruptamente, a Rádio Pessoas é o ponto de encontro e difusão de todo esse universo que, para o produtor cultural, «é muito interessante, proporciona a união e aproxima diferentes povos ligados pela mesma língua».

Música e lusofonia

Muito embora a Rádio Pessoas seja totalmente online e ainda não possua uma programação em direto, é em Coimbra que se ancora e, paradoxalmente, movimenta ondas culturais capazes de aproximar públicos distintos e artistas variados.

E não há linguagem mais propícia aos encontros do que a música. Neste caso, se historicamente a língua portuguesa foi uma das mais violentas ferramentas de colonização, aqui ela se reinventa e, pela arte musical, mostra-se um importante meio de aproximação e de trocas culturais.

Para o músico Pedro Coquenão, artista que se apresentou em Coimbra pela Rádio Pessoas em Janeiro com o projeto a solo DJ Batida, «Portugal pode ser estratégico para os países de língua portuguesa como ponto de troca cultural. Que o mar não nos engane e que não seja apenas um mar de sangue ou de distância, mas que tenhamos também a capacidade de estreitar essas distâncias».

Foi justamente a relação entre Angola, Brasil e Portugal que, em 2006, aproximou Pedro do idealizador da Rádio Pessoas. No contexto em que os três países estiveram juntos, pela primeira vez, numa Copa Mundo, Eron foi a ponte entre músicos brasileiros e o músico português que, na altura, preparou uma compilação musical com artistas destes países.  

É no espaço de convívio cultural que, segundo Pedro, mostra-se possível não só enriquecer a variedade da língua, mas sobretudo garantir que a música e a dança sejam ponto de encontro das Comunidades dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). Para ele, o importante é criar as condições necessárias para que essas comunidades possam, pela arte, conviver de maneira viva, criativa e autêntica.

Coincidência de propósitos

Autenticidade e criatividade são as tónicas da parceria entre a Rádio Pessoas e o Jazz ao Centro Clube (JACC). Isto porque é principalmente no palco do Salão Brazil, sede do JACC, onde se concretiza a curadoria musical da Rádio e onde se deram, nas palavras de Eron Quintiliano, «as noites mais incríveis e especiais» desta história recente, incluindo concertos com bilhetes esgotados, caso da apresentação inédita em Coimbra de Mateus Aleluia e de Marina Sena – o que para um curador musical é sempre o objetivo principal. «As noites no Salão Brazil são especiais sobretudo porque o ambiente é muito íntimo, o que acaba aproximando não só diferentes públicos, mas também gera, pela dimensão da sala, uma proximidade muito particular entre público e artista. Isso é muito especial!»

Tal parceria, como explica José Miguel, presidente do JACC, é resultante de uma coincidência de propósitos entre o Salão Brazil e a Rádio Pessoas. É o cruzamento de alguns valores comuns, como por exemplo a preocupação com a representatividade de diversas comunidades, o que faz dessa parceria profícua e garante, na perspectiva de José Miguel, uma programação tão diversa quanto qualificada.

«Essa ideia de, dentro da programação do Salão Brazil, haver espaço para diferentes abordagens musicais, diferentes géneros e artistas faz, desde o início, parte da identidade do Salão Brazil enquanto espaço cultural gerido e programado pelo JACC. E tendo isto em mente, nós temos feito uma série de parcerias que tem permitido ao Salão acolher artistas que configuram uma programação muito qualificada».

Na perspectiva do idealizador da Rádio Pessoas, confirmada por José Miguel, o ponto alto desta parceria é a presença, em Coimbra, de espetáculos que frequentemente têm passagens somente pelos dois principais polos urbano de Portugal, Lisboa e Porto. Nesse sentido, para o presidente do JACC, o Salão Brazil cumpre seu propósito de não estar fechado em si próprio e de se configurar como um espaço atlântico da lusofonia.  

Para Bernardo Rocha, produtor do JACC e frequente colaborador nos espetáculos promovidos pela Rádio Pessoas, «esta parceria tem sido valiosa não só por criar laços, mas principalmente do ponto de vista da multidisciplinaridade artística em simultâneo com diversas representações culturais e comunidades internacional».

Para além disso, Bernardo ressalta, a partir de uma tónica pessoal, o contato com artistas que, em geral, ele próprio desconhece ou não possui nenhuma relação emocional efetiva. «É muito interessante porque acaba por ser uma surpresa para nós. Recebemos recentemente, por exemplo, o grupo Bala Desejo após ganhar o Grammy Latino. São sempre casos muito especiais e, no meu caso, é sempre muito estimulante».

Expectativa

O esforço conjunto da Rádio Pessoas e o de seu principal parceiro, o Salão Brazil, é o de que haja uma continuidade da valorização desse trabalho como já tem acontecido pela resposta positiva do público. O intuito, nas palavras de José Miguel, é o de «tentar colocar Coimbra num circuito qualificado de artistas brasileiros e africanos que encontram nas apresentações promovidas pela Rádio Pessoas um contexto perfeito».

Para Eron, as expectativas para a Rádio Pessoas são as melhores possíveis e envolvem tanto a manutenção da qualidade da programação quanto a expansão para novos campos de atuação. Além do Salão, a rádio levou Milton Gulli, Udi Fagundes, Michele Mara e Felipe Barão ao Café Concerto do Convento São Francisco e Mateus Aleluia, Japa System, Lei Di Dai e Prince Wadada ao Teatro da Cerca de São Bernardo.

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