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Eles querem dar vida e voz aos bairros de Coimbra – vocês também?

O movimento Eu Também encontrou uma forma prática e informal de nos ajudar a resolver os problemas da nossa rua e está à procura de pessoas que queiram assumir um papel activo na melhoria do espaço público. Entre vizinhos e poder local, há um lugar comum por construir.

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Fotografia: Mário Canelas

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No vosso bairro, também tropeçam em pedras soltas da calçada? Há carros nos passeios? Falta um ecoponto? Um parque que dê para trocar dois dedos de conversa, brincar ou jogar uma cartada? Como na história das conversas e das cerejas, as perguntas sobre o espaço que dividimos com os outros são difíceis de parar, querem-se partilhadas e sabem melhor se vierem aos pares: problema e solução. A participação cidadã é a fruta da época no urbanismo e a proposta do movimento Eu Também para melhorar o modo de viver em Coimbra – porta a porta.

O grupo está a criar uma plataforma comunitária para levar os moradores a ter um papel activo na requalificação dos bairros, reforçar os laços de vizinhança e chamar as entidades públicas a ouvir os cidadãos para intervir no espaço que é de todos. Foi um dos três projectos distinguidos na Geração Coolectiva, a iniciativa gratuita de geração de ideias e capacitação cívica promovida pela Coimbra Coolectiva, e junta seis sonhadores-fazedores: Joana Martins, Duarte Miranda, Adelino Gonçalves, João Freire, Henrique França e Patrícia Mendes.

Celas será a primeira zona da cidade a testemunhar o que pode acontecer quando vizinhos, arquitectos e juntas de freguesia entram num bairro de braço dado, mas antes disso o movimento vai fazer por chegar a outras bandas. Como? Através de um novo agente: o representante de bairro.

O programa já existe em Cascais há dez anos e desafia um morador a assumir o papel de interlocutor entre os cidadãos e a autarquia. «A ideia é esta pessoa ficar, durante um determinado tempo, responsável pela sua rua: fazer o levantamento dos problemas e das possibilidades, ouvir os vizinhos e agregar toda a informação que seja útil à Câmara para melhorar aquele espaço», resume Joana Martins.

Este mês, o Eu Também vai abrir uma call à cidade e ver quem quer ser embaixador das ruas de Coimbra. Têm também um plano para ajudar a identificar problemas e soluções: «Estamos a desenvolver uma matriz de perguntas: se a rua tem passeios, iluminação, se há recolha de lixo e de que modos, se tem um parque infantil, se tem bom acesso de transportes públicos… Com isso, ficaremos com uma base de dados muito grande sobre o que os cidadãos pensam».

A chamada vai ser feita nas redes sociais do Eu Também e pelas ruas, através de cartazes.

O que há num nome

O Eu Também resulta de dois grupos que se conheceram no primeiro evento da Geração Coolectiva e fecharam o dia convencidos de que as ideias que tinham para melhorar a cidade eram semelhantes, alinhados neste princípio de que, em assuntos de pessoas e lugares, o melhor é aproximá-los. O nome do movimento traduz a procura e valorização do elo comum: «É isso mesmo que queremos: encontrar todas as coisas que outras pessoas também – também querem, também as preocupa», explica.

Adelino Gonçalves chama a atenção para a «coincidência» de o Eu Também contar com três arquitectos e não é, brinca, pela «agravante» de ter sido professor de dois deles, Joana e Duarte. «Isto corre-nos no sangue. Como arquitectos, somos incapazes de andar num sítio sem pensar como podia ser melhor. Mas a ideia que nos uniu isto foi esta: não somos os únicos a querer. Outros também. O nome é excelente porque induz à participação. Nós podemos e estamos dispostos a ser uma ignição para as pessoas se envolverem».

Outra causalidade gira: todos moram em Santo António dos Olivais, a maior freguesia de Coimbra, o habitat ideal para testar e ampliar esta ideia de agitar a dinâmica dos bairros e a convivência entre vizinhos, através do encontro no espaço público – um conceito simples, mas que pode ter grandes efeitos ou não estivesse na praça a origem da democracia. Dito de outro modo por Henrique França: «O espaço público é o lugar mais potente de qualquer cidade do mundo».

Junta dos Olivais mostra abertura

O Largo dos Olivais beneficia ainda da «vantagem de ter um miniauditório ao ar livre» e foi, por isso, o local escolhido pelo grupo para organizar um evento piloto em Fevereiro, durante o programa de capacitação da Geração Coolectiva. Através das redes sociais e de cartazes espalhados pelo bairro, o grupo desafiou a comunidade «para um café e troca de ideias». Duas dezenas de pessoas responderam à chamada e deram uso ao destrava línguas «eu também» para confirmar que a mobilidade «é um problema grande a diferentes níveis», a começar pelo estacionamento descontrolado e pelos passeios desqualificados ou inexistentes. A falta de parques infantis e de espaços ao ar livre que promovam a convivência entre pessoas é outra queixa comum.

No encontro de Fevereiro, o grupo ficou a saber que há já um plano para o largo e pediu uma reunião à Junta de Freguesia de Santo António dos Olivais. Foram recebidos em Março pelo presidente, Francisco Rodeiro. «Correu muito bem. Sentimos boa receptividade: está realmente disponível para que o Eu Também possa ser um veículo de canalização da participação cidadã para elaboração de projectos», adianta João Freire.

O plano para o Largo dos Olivais foi adiado para 2024, mas, antes disso, há intervenções previstas para outros espaços. O Eu Também propõe-se a organizar consultas públicas informais, antes da elaboração dos projectos. «Estamos disponíveis a trabalhar para a mostrar à cidade que a Junta de Freguesia tem intenção de intervir no espaço público e ouvir a cidade. Se o projecto for elaborado tendo em conta as ideias ou sugestões, as pessoas reveêm-se naquele espaço e isso é importantíssimo. Se acontecer, será inédito em Coimbra».

O Eu Também prepara-se para propor à Junta de Freguesia uma iniciativa relacionada com um projecto previsto para Celas e que pretende chamar diferentes públicos para a partilha de ideias. «Para nós, é fundamental que os utilizadores do espaço sejam ouvidos no processo de decisão do programa. A nossa estratégia passa sempre por promover o encontro entre os cidadãos, a Junta e os técnicos», frisa João Freire.

«O que estamos a fazer é querer ser cidadão»

A ideia de meter os cidadãos a pensar a cidade não é nova: as próprias autarquias fazem consultas públicas, há orçamentos participativos, mas mobilizam poucas pessoas, sinalizando um desfasamento entre poder político e cidadãos. «É aqui que nos propomos a tentar ajudar. É possível fazer uma ponte entre estes dois pólos que são, por vezes, vistos como distintos e separáveis, quando devem conversar os dois», defende Duarte Miranda.

«As pessoas são eleitas para trabalhar em prol da melhoria da cidade. Até para que estes representantes não estejam tão isolados das bases, a gente tenta trazer estes assuntos mais à tona e dialogar. É uma mudança de cultura – tanto da forma como o político vê as pessoas, como do modo como as pessoas vêem os políticos», acrescenta Henrique França. Adelino Gonçalves sintetiza: «O que estamos a fazer é querer ser cidadão; ajudar, colaborar na construção da sociedade».

Sem qualquer pretensão partidária ou eleitoral – «não é de todo assim que nos vemos», frisa Joana – o movimento propõe «mudança de chip». «Podes ir para o café e estar a tarde toda a dizer “Isto é uma vergonha: o candeeiro está apagado” ou podes ter uma atitude proactiva, ver que há um número de telefone, ligar e amanhã estão aqui a arranjar». «Ao procurar as soluções», remata Duarte, «deixamos de ter pessoas que, em vez de só reclamar, passam também a agir».

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