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Plano Municipal para a Igualdade e Não Discriminação

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Gabinete de Apoio ao Investidor

Empreendedoras põem educação, espaço, incentivos e união na agenda local

Apelos saíram de uma conversa informal organizada no Dia Internacional da Mulher pela Câmara Municipal de Coimbra, que a partir de 2024 passa a atribuir um Prémio Empreender no Feminino.

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Fotografia: Inês Mendes

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À carreira de médica, professora universitária, investigadora premiada e directora do Centro de Preservação da Fertilidade, entre outros cargos, Teresa Almeida Santos está a liderar a instalação em Portugal do grupo EUGIN, líder internacional em reprodução assistida e, ao mesmo tempo, assumiu a presidência da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Coimbra. «Há pouco tempo alguém me comparava a um malabarista com várias bolas no ar a ver se não deixa cair nenhuma e achei a metáfora engraçada», confessou à mesa do espaço Doce Meu Handmade, na Rua Visconde da Luz, em Coimbra.

«O exercício da cidadania é algo que está muito dentro de mim e houve uma altura da vida em que eu achei que tinha de retribuir à comunidade aquilo que tinha recebido, ou parte do que tinha recebido dela», continuou Almeida Santos, que se confessou «muito grata a Coimbra», particularmente o Hospital Universitário de Coimbra, por lhe ter permitido fazer uma carreira na medicina que é gratificante, porém «não tão grata à Universidade», por não lhe ter «permitido fazer aquilo que considera que merece e que a instituição merecia que tivesse feito». Foi entre estes e outros desabafos e elogios, críticas e desejos, experiências e expectativas sobre o caminho das mulheres na empreendedorismo local, com uma tónica construtiva e plena de propósito, que cinco empreendedoras conversaram informal mas publicamente com vereador do Empreendedorismo, Investimento e Emprego da Câmara Municipal de Coimbra, Miguel Fonseca.

Ao lado de Teresa Almeida Santos estavam Catarina Nogueira, engenheira informática freelance, Paula Ferreira, proprietária da loja de acessórios Formiguita’s, Li Furtado, fundadora da Cinco Store e Cátia Melo, co-fundadora do CoolaBoola Colab, com formação em Estudos Feministas pela Universidade de Coimbra, que chutou que «sozinha nunca teria conseguido investir», por falta de know how, de poder económico e devido às barreiras que a empresária afirma que as mulheres ainda enfrentam no espaço público e privado, começando desde logo pela falta de «capacidade negocial com os bancos» onde é «difícil que (nos) olhem nos olhos», apesar de as mulheres serem estatisticamente as maiores consumidoras. «Só por isso devíamos ser mais ouvidas quando temos ideias de negócio.»

Catarina Nogueira, criadora da extinta United Boutiques, admitiu que sentiu «algum descrédito de colegas» durante o percurso académico na área da informática, maioritariamente frequentada por homens, mas «também acarinhada por outros», defendendo que o ter de provar constantemente o seu valor a tornou mais forte. Foi a falta de oportunidades na área que incentivou Paula Ferreira a apostar em abrir o próprio negócio: «Artes é muito complicado em Coimbra e espero que o meu projecto, que dá alento a tantas mulheres, vingue», mas as opiniões dividem-se quando toca a Coimbra como espaço de oportunidades para as mulheres que optam pelos negócios. Se Paula Ferreira diz que «está muito fechada» e Cátia Melo apresentou recados de outras comerciantes a pedir mais limpeza, iluminação e segurança naquela zona da cidade, Li Furtado assegura que «em Lisboa não teria conseguido» montar o seu projecto de base virtual, que hoje emprega seis mulheres e um homem.

Numa conversa onde se afirmou que provavelmente «há muitas mulheres com ideias na cidade que não tiram da gaveta por falta de incentivo», a fundadora da Cinco Store declarou que «fazem falta projectos de incentivo ao empreendedorismo», dando como exemplo o caso de sucesso da Geração Coolectiva no qual participou como mentora, mas defendeu que o empreendedorismo e a emancipação têm a ver, acima de tudo, com a realização. Da mesma forma que «é na educação que é preciso intervir mais. Politicamente é aí que os decisores podem e devem intervir.»

A atenção à comunidade foi bastante sublinhada por Teresa Almeida Santos que contou que há um mês estava em Cabo Verde a lançar uma campanha de rastreio do cancro do colo do útero, primeira causa de morte no país, juntamente com um grupo de mulheres e o próprio filho, a quem diz que faz questão de incutir não só o valor do empreendedorismo como da solidariedade e da cidadania. «Gosto de mobilizar pessoas para causas em que acredito e fazer a diferença na vida das mulheres. Mais do que exercer a actividade profissional temos a obrigação de fazer mais, dar mais aos outros, estar mais atentos», disse a médica que considera necessário «tornar Coimbra uma cidade que olha mais para os mais frágeis, que cuida».

«Se liderarmos com emoção e alguma inteligência conseguimos cativar pessoas, é muito simples de fazer e que pode criar aquele espaço de conversa que faz nascer as ideias e os projectos. Os homens tinham isso, de ir para o café conversar sobre os seus projectos.» A criação de um clube de empreendedoras no feminino em Coimbra foi uma das sugestões que saiu com mais força desta iniciativa gratuita intitulada Mulheres de Negócios, onde a autarquia também anunciou a criação do Prémio Empreender no Feminino, com o objetivo de incentivar, reconhecer e apoiar mulheres empreendedoras do concelho. A vencedora da primeira edição será conhecida no Dia Internacional da Mulher de 2024. O regulamento do concurso está a ser elaborado e será divulgado oportunamente.

No final da sessão cujo objectivo era «sentir o pulso das empreendedoras do concelho, estimular o diálogo, promover a diversidade e a sua contribuição para a economia», Miguel Fonseca disse que «as mulheres ocupam quase um terço, 31%, dos cargos dos conselhos de administração das empresas cotadas, mas ganham, em média, menos 220 euros por mês do que os homens em Portugal, sendo mais vulneráveis à pobreza e desemprego» e que «o impacto da pandemia ameaça reverter décadas de progresso acrescentando mais 36 anos ao tempo estimado para alcançar a paridade de género no
trabalho e nas empresas», por isso «a capacitação das mulheres e a promoção do empreendedorismo feminino são essenciais e actuam como um forte catalisador para o crescimento e a inovação», afirmando que o prémio é um »sinal de que o atual executivo é sensível a este tema e está empenhado em fazer a diferença».

Além da criação de um clube de mulheres empreendedoras, que começou a materializar-se entre as convidadas após o evento, foram sugeridas a realização de uma mostra de negócios de mulheres, a promoção de acções de sensibilização sobre a igualdade de género nas escolas, dinamização de sessões de capacitação de mulheres para o empreendedorismo e a criação de um gabinete de apoio ao empreendedorismo feminino, além de «mais união» e um «pensar em conjunto no que falta para a paridade».

O Gabinete de Apoio ao Investidor e o Plano Municipal para a Igualdade e Não Discriminação não foram mencionado durante a conversa que, apesar de profícua, foi pouco participada pela população. Questionado pela Coimbra Coolectiva sobre o Plano Municipal para a Igualdade, o vereador não adiantou avanços relativamente à implementação de quaisquer medidas. «Devemos estar todos muito atentos ao que acontece à nossa volta, não aos prémios mas às atitudes diárias», concluiu Li Furtado, a par de Teresa Almeida Santos que garantiu que o exercício de cidadania sempre esteve presente na sua vida, sublinhando o seu sentimento de gratidão à cidade onde «gosta de mobilizar pessoas para causas». «Gostava de viver numa cidade mais completa», atirou Cátia Melo. E todos podemos e devemos trabalhar para isso.


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