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Equal.STEAM: há um espaço onde se desenha um futuro diferente para as mulheres

Crianças e jovens tendem a interessar-se mais por ciência e tecnologia quando são incentivadas por pais e professores. Estivemos numa das 12 iniciativas desenvolvidas pelo programa de atração e retenção de raparigas e mulheres no ensino superior em áreas tecnológicas e engenharias da Universidade de Coimbra.

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Fotografia: Mário Canelas

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Num inquérito enviado aos alunos, a equipa Equal.STEAM da Universidade de Coimbra (UC) perguntou: que assuntos que afectam as mulheres gostavam que fossem discutidos? Dezenas responderam ao questionário enviado também para instituições como a Associação Portuguesa de Pais e Amigos Do Cidadão Deficiente Mental de Coimbra (APPACDM) e a Caritas Diocesana de Coimbra e as respostas foram agrupadas em 20 temas, da pobreza menstrual à diminuição da pegada de carbono em Coimbra, passando pelo aumento da participação de mulheres no patenteamento de inventos e famílias monoparentais, entre outros assuntos que necessitam de atenção.

Encontrar soluções para essas questões através do trabalho de equipa com interesse em aprender como utilizar tecnologias e arte na resolução de desafios foi o objetivo de uma das 12 iniciativas desenvolvidas pelo Programa Integrado de Atração e Retenção de Raparigas e Mulheres no Ensino Superior em Áreas Tecnológicas e Engenharias da UC, uma hackathon de três dias, no Student Hub. O programa desenvolve atividades e conteúdos integrados inclusivos para promover a equidade no ensino superior, contribuindo para a atração e retenção de raparigas e mulheres em áreas de ciências, tecnologias e engenharia, bem como para a melhoria da qualidade pedagógica e da articulação e transição para o mercado de trabalho. STEM é o acrónimo em língua inglesa para science, technology, engineering and mathematics, em português ciência, tecnologia, engenharia e matemática.

A equipa

Luso-brasileira, Marine Carriere de Miranda está fazer um doutoramento em Direito na UC. Diz que o tema da igualdade de género a interessa profundamente porque está a honrar sua avó materna, que foi a primeira presidente de uma organização de planeamento familiar, no Sul da França, há mais de 60 anos. Marine não quer seguir carreira no mundo jurídico. Tornou-se web developer para usar tecnologias na construção de um mundo mais justo.

Avaléria Amos também está a concluir o doutoramento em Território, Risco e Políticas Públicas pelo Centro de Estudos Sociais da UC. Ela quer levar o conhecimento para Moçambique e replicar todas as ferramentas que adquirir ao longo da imersão de três dias para capacitar mulheres no seu país natal. «Educar uma mulher é educar uma nação», diz.

Quem também vê a sua caixa de ferramentas enriquecida com o Hackathon Equal.STEAM é Pâmela Mossmann, que foi quem no final apresentou o pitch. Ela está fazer um doutoramento em Ciência Política pela Universidade Nova de Lisboa, é bolseira do Instituto de Investigação Interdisciplinar para fazer a gestão do projeto GendER@UC, pela igualdade de género na produção de conhecimento científico.

Mirian Pereira está a estudar Gestão na Universidade Federal de Viçosa, em Minas Gerais. Veio para a UC para cursar um semestre, na modalidade do programa de mobilidade. Mudou de área. Desde a pandemia, passou a interessar-se por tecnologias e quer usá-las para combater o preconceito que tanto sentiu por ser mulher quando era estudante de engenharia civil.

Doutoranda em História da Ciência e Educação Científica, na UC,  Natacha Catarina Perpétuo, bióloga por formação, é membro do Centro de Ecologia Funcional, do Departamento de Ciências da Vida. Para promover a inclusão de meninas e raparigas no mundo STEM, ela é da opinião de que é preciso andar com o sapato de outrem e, acima de tudo, acredita que «não temos de ter medo de ferir suscetibilidades».

Ali G é iraniano e doutorando em Engenharia Informática na UC. Com receio de prejudicar a família no país de origem pede para não referirmos o seu apelido nem fotografarmos. Diz que o seu sonho é montar uma start up em Portugal e confessa que nunca havia pensado nas questões levantadas na hackathon e que, a partir deste novo conhecimento, passará a estar atento a estas questões.

Representantes de quatro continentes, cinco mulheres e um homem, de nacionalidades e formações académicas distintas, reuniram-se com um objetivo comum na hackathon da Equal.STEAM: aumentar o número de mulheres em universos predominantemente masculinos.

Os números

O Boletim Estatístico 2022 da Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género (CIG) mostra que as raparigas e mulheres são maioria em todos os níveis de ensino, incluindo superior. No entanto, a diferença é gritante quando se trata de licenciados nas áreas STEAM: os homens constituem maioria (62,3%) das pessoas diplomadas em Ciências, Matemática e Informática e a área da Engenharia, Indústrias Transformadoras e Construção. As mulheres também estão sub-representadas nas TIC (Tecnologias de Informação e Comunicação): apenas 21,9% das pessoas diplomadas nesta área, praticamente quatro vezes menos que  homens (78,1%).

Este retrato pode ser visto também refletido nos números da UC. As mulheres são maioria, inclusive em cursos que já foram tradicionalmente masculinos, como medicina. Para diminuir estes fossos, segundo Cristina Albuquerque, vice-reitora com o pelouro dos Assuntos Académicos e Atratividade de Estudantes Pré-Graduados, as soluções precisam ser conectadas e que as mudanças sejam sistémicas. Dos cursos de engenharia oferecidos pela UC, apenas a Engenharia Biomédica tem predominância das raparigas. A professora Cristina faz parte da equipa da Equal.STEAM.

Quadro ainda mais desigual acontece no mercado de trabalho, como aponta o Boletim do CIG. Em média, para cada cinco pessoas empregadas em TIC, cerca de quatro são homens. De 2016 para 2021 houve em Portugal um ínfimo aumento (2,4% da presença de mulheres especialistas em TIC. «Em geral, as áreas STEAM e das Tecnologias da Informação e Comunicação, que são imprescindíveis em todos os sectores da economia, são um setor onde as mulheres estão, em geral, sub-representadas», resume o documento. Daí a importância de eventos como o Hackathon Equal.STEAM.

Durante os três dias de imersão, as participantes que não eram das áreas STEM contaram com a orientação de mentoras. Uma delas foi Rute Pino, licenciada em Engenharia Biomédica pela UC e Engenheira Técnica de Suporte da Microsoft que tem o programa Closing the STEM Gap, segundo o qual 64% das meninas e 53% das jovens raparigas não conhecem uma mulher profissional das áreas STEM.

Ainda de acordo com o estudo da Microsoft, jovens que são encorajadas a seguir estudos STEM pelos pais são 81% mais propensas a dizer que estudarão ciências da computação no ensino médio do que aquelas que não foram estimuladas para tal. Estímulo que é mais provável que se torne realidade quando professores também incentivam, juntamente com os pais. Raparigas têm duas vezes mais chances de dizer que vão estudar ciência da computação no ensino médio e três vezes mais chances de dizer que irão tirar licenciatura ciência da computação quando professor e pais as apoiam.

O desafio

A equipa escolheu trabalhar o tema das soluções para atrair jovens mulheres nas fases iniciais da educação para as áreas STEM, a fim de garantir um maior número de raparigas matriculadas em licenciaturas naquelas áreas científicas. A solução passa necessariamente pelas escolas, concordaram todas. Uma das mentoras que trabalhou com o grupo, a professora Rita Basílio Simões, da Faculdade de Letras, é da opinião de que seria preciso criar conteúdos programáticos sobre a questão. E mais do que isso: que estes conteúdos fossem obrigatórios, como deveria ser, por exemplo, a inclusão da Carta Portuguesa para a Diversidade.

Enquanto desenvolviam seus planos de negócios para a solução de um dos problemas que escolheram da lista de 20, participantes assistiram várias palestras de mulheres que atuam em STEM. Como é o caso de Manuela Doutel Haghighi, diretora de Global Customer Success Account, da Microsoft, ou seja, é líder em um universo dominado por homens. «Mulheres líderes são mais criticadas», diz. Segundo ela, «enquanto meninas forem educadas a serem bem-comportadas e princesas, e lhes dermos barbies e cozinhas para brincar, não vamos ter mulheres que se interessem por ciências, tecnologias ou liderança», desafia.

As participantes da hackaton aprenderam a preparar um pitch de cinco minutos, com orientação de Jorge Figueira, licenciado em Engenharia Química mas com vasta experiência em projetos de formação e apoio à implementação de projetos nas áreas de qualidade, criatividade, empreendedorismo e dinâmicas de grupo. A solução final apresentada foi uma aplicação voltada prioritariamente para professoras, mas também para pais de crianças dos três aos dez anos de idade.

A hackathon decorreu ao longo de três dias no Student Hub da UC, onde uma especialista em Bioinformática observava tudo e desenhava sem parar. Era a espanhola Cirenia Baldrich. «Sou uma mulher STEM que coloca o lápis a serviço de causas importantes», diz, referindo-se ao seu ofício: graphic recording, que abraçou desde 2019. Nas palavras dela: fazer reportagens gráficas, ou também «traduções de palavras em imagens. É conhecido ainda como drawnalismo – junção das palavras inglesa draw (desenhar) e jornalismo.  As imagens acima são de sua autoria.

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