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Festival Política: música cigana local ao palco e as mentiras de Van Der Ding 

É só o aquecimento do evento propriamente dito em Novembro, mas é uma estreia na cidade. Na sexta e Sábado, 10 e 11 de Fevereiro, a «festa da cidadania» chega a Coimbra. Os bilhetes são gratuitos e já podem ser levantados no Convento São Francisco.

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Fotografia: Mário Canelas, Tiago Pereira (still do filme "A Música Invisível")

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«Em Loulé, os jovens que tocaram guitarra no âmbito da exibição do documentário sobre música cigana tinham uma viola que estava toda partida. A comunidade é mesmo muito carenciada, ainda mora em tendas e o [realizador] Tiago Pereira contou isso lá na apresentação, explicou que tinha arranjado uma emprestada. No final, o público acabou por fazer um donativo que deu para comprar não uma mas duas guitarras. Isto é uma forma material de empoderamento.»

É uma de várias histórias. Por videochamada a partir de Lisboa, Bárbara Rosa conta com um entusiasmo contagiante alguns exemplos do impacto do Festival Política nas comunidade onde cada edição se realiza, a poucos dias da estreia em Coimbra, que inclui a actuação de um grupo da comunidade cigana local. «Uma vez, uma família de surdos também nos disse que tinha ido ao festival com os filhos por ser o único que encontraram com conteúdos para todos. Artistas da comunidade trans e LGBT pisaram um palco grande pela primeira vez, como os Fado Bicha. Uma das histórias mais marcantes foi a de uma mulher trans racializada, em que a sessão esgotou e ela passados uns meses estava a participar numa peça do D. Maria», continua. «É isto que nos move.»

O Política nasceu em Lisboa, em 2017, em coprodução com a EGEAC (Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural de Lisboa) e inserido no programa das comemorações da revolução de Abril de 74 do Município de Lisboa. Entretanto expandiu para cidades como Braga, Évora e Loulé, sempre com o apoio dos municípios. Foi criado por Rosa e pelo jornalista Rui Oliveira Marques (Associação Isonomia) com o objectivo de promover a participação cívica, a defesa dos direitos humanos e o combate à abstenção.

A programação é composta por debates, performances, concertos, oficinas para adultos e crianças, exposições, cinema e visitas guiadas que promovam a literacia democrática e selecionados tendo em conta os eixos programáticos e o tema anual. Cada edição tem um tema-central. Depois da abstenção (2017), dos direitos humanos (2018), da Europa (2019), do ambiente (2020), das fronteiras (2021) e da desinformação (2022) é a vez da inclusão. 

«Quando se fala nestas matérias infelizmente não há oásis», diz a co-fundadora e co-directora artística, que garante que em cada cidade trabalham com as comunidades locais. O cinema é a única iniciativa que se repete porque resulta de uma parceria com a plataforma FilmFreeway. «Tinha de ser diferente. A realidade em Braga relativamente às migrações é diferente da de Lisboa onde a comunidade brasileira, por exemplo, tem um peso imenso. Temos tido conteúdos de e para essa comunidade.»

Warm up em Coimbra


Dia 10 de Fevereiro, às 10h30, horas antes de subir ao palco do Convento São Francisco, Dino D’Santiago abre o Festival Política para uma conversa sobre o poder de transformação que a música e os artistas podem ter na sociedade, juntamente com a vereadora Ana Cortez Vaz. A sessão é exclusiva para público escolar e chama-se A música pode derrubar muros?

Já no dia 11, às 11h, há Tangram – Somos Natureza, uma oficina para crianças entre os 6 e 12 anos que desafia a reflectir sobre a relação humanos-natureza e o impacto das acções humanas no ecossistema. A iniciativa do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, é realizada no âmbito do projecto financiado pelo programa H2020 da Comissão Europeia PHOENIX – The Rise of Citizens Voices for a Greener Europe e já tem lotação esgotada. 

Às 17h, no mesmo dia, é a vez da exibição do documentário A música invisível seguida de um concerto, na Sala D. Afonso Henriques. O filme coproduzido pelo Festival Política resulta de mais de 250 vídeos que Tiago Pereira gravou em várias localidades do país, entre 2019 e 2022, com diferentes comunidades ciganas portuguesas, dando origem ao projeto A Música Cigana A Gostar Dela Própria. É seguido de um concerto com artistas da região e uma conversa sobre quem se dedicada à música cigana em Portugal.

Sempre no Sábado, mas às 21h30, é a vez do humorista Hugo van der Ding apresentar uma aula ao vivo dedicada ao tema da inclusão, que tem como pano de fundo a História e as suas personagens mais ou menos recomendáveis. Chama-se A Grande Mentira e também acontece na Sala D. Afonso Henriques.

Todas as iniciativas do Política são acessíveis e com entrada gratuita. «Se queremos fomentar a participação cívica não podemos ter nenhum obstáculo e também somos um festival acessível a todos os níveis, todos os conteúdos são traduzidos para Língua Gestual Portuguesa e todo o cinema, inclusive o português, é legendado», explica Bárbara Rosa. «Temos de dar o exemplo.»

Todos são bem-vindos

O público alvo do Política é toda a sociedade mas a organização diz que naturalmente há um foco especial na geração que acreditam que não está indiferente à política, mas sim à forma tradicional de fazer política. «Vemos que aderem a causas ambientais, por exemplo, e é necessário canalizar essa força, essa indignação e essa revolta para uma atitude construtiva», atira Bárbara Rosa.

Trazido para Coimbra por iniciativa da Câmara Municipal de Coimbra na pessoa de Paulo Pires, que recentemente pediu exoneração do cargo de director artístico do Convento São Francisco, o festival é financiado através de parcerias institucionais mas a organização garante a independência dos conteúdos. A co-directora diz que todos os anos aprende coisas e nota que «é um privilégio o Convento São Francisco ser um espaço público porque sem esta parceria não era possível realizá-lo [cá]». E volta a sublinhar: «O festival é um espaço de liberdade, é um espaço que exalta a democracia e onde não há censura».

«Já tivemos conteúdos incrivelmente disruptivos», continua. «Em Lisboa trabalhamos muito com territórios invisíveis e muito politizados que sempre tiveram intervenções bastante críticas relativamente a todos os níveis de poder, inclusive a autarquia local. A nossa peneira tem a ver com qual é a mensagem última daquele conteúdo e se tem uma visão construtiva. Isto está mal e qual é o caminho?» Apesar de ter a política no nome, só uma actividade do festival inclui políticos, que é um speed dating com os deputados.

Parceria intersectorial da autarquia

A apresentação oficial do Festival Política em Coimbra decorreu no Centro Municipal de Ação Social do Bairro da Rosa, onde foi destacado que a parceria com o festival implica uma «colaboração inédita entre a Divisão do Convento São Francisco, A Divisão de Educação, a Divisão de Ação Social e o Gabinete para a Igualdade e Inclusão do Município de Coimbra», com o apoio da Associação Social Recreativa Cultural Cigana de Coimbra, da Associação Juvenil Código Atomiko, do Centro Comunitário S. José – Cáritas Diocesana de Coimbra, do Projeto Trampolim E8G e o apoio institucional da Secretaria de Estado da Cidadania e Migrações.



Filipe Carvalho, coordenador de equipa do Convento, revelou que, neste momento, o grupo que vai executar o concerto de música cigana integra 12 pessoas, com idades entre os 11 e os 38 anos, mas ainda pode crescer. Rui Oliveira Marques disse que tem sido «uma surpresa bastante grande» a receptividade mostrada ao festival em Coimbra, que ainda não tem programação definida para a edição principal em Novembro. Avançou que a organização recebeu «várias abordagens de pessoas de Coimbra que querem saber como será o festival no segundo semestre, a propor actividades e parcerias», inclusive da comunidade surda. 

Quanto a uma eventual continuidade do trabalho com a comunidade cigana: «Podemos continuar a trabalhar mas não necessariamente em termos de música, temos um concurso de bolsas que servem para apoiar ideias de jovens também, por exemplo. Temos percebido que alguns projectos continuam o seu próprio caminho e tiram partido de algo bom que é serem apresentados num espaço super profissional que dá muita confiança a estes protagonistas.» 

Quanto à política: «perante a identificação da necessidade de haver fóruns informais e não chatos de discussão política, ou seja, não falando em congressos partidários e sindicais – com todo o respeito pelo papel que têm em democracia -, percebemos que havia aqui um problema nesta linguagem política e na sua proximidade ou falta dela aos cidadãos e que tinha logo como efeito imediato a abstenção. Há necessidade de cumprir a democracia, de aproximar a política dos cidadãos e das instituições por isso decidimos que era útil juntar uma série de conteúdos, sobretudo de cariz artístico mas também debates e conversas que dessem uma expressão política às várias realidades e chamassem a atenção para as desigualdades e a discriminação.»

Apesar de ser gratuito, é preciso bilhete para entrar no Política. Podem ser levantados na bilheteira do Convento São Francisco , diariamente, entre as 15h e as 20h. É permitido o levantamento de dois bilhetes por pessoa, mediante a lotação, e não são permitidas reservas.

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