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Lindo Serviço | M-A

Nova rubrica satírica e gastronómica quinzenal assinada por O Tatonas.

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Fotografia: Mário Canelas

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Olá, pantagruélicos coimbrinhas.


There’s a new McDonalds on Sunset Boulevard. Assim se inicia uma das mais icónicas cantigas de uma das mais míticas bandas conimbricenses.

E é este o adágio que nos impele para a gastronómica crónica de hoje.

Queria que esta fosse mais natalícia, mais consentânea com a época. Pensei, inclusive em fazer uma visita ao Mercado de Natal, finalmente ancorado num espaço digno e coerente. No entanto, linhas que o tempo urde trouxeram-me a uma muito mais improvável sugestão.

Há um novo japonês na cidade.

Não é sushi. É japonês.

Descendo a Borges Carneiro, mais conhecida como rua do Bigorna e do Piano Negro que tantas memórias trazem até ao mais empedernido noventeiro, e antes de desaguar no despedaçado Largo da Sé Velha – aqui o tempo passa mais devagar, quase suspenso, qual Alice na toca, de tal forma lento que as obras prosseguem, num quadro anárquico, em que os dias parecem anos – subimos à esquerda pela Rua do Norte.

Destino, a porta 13 da dita rua. Bem-vindos ao M – A. Pronuncia-se «ma», sem acento, sem vida, que não é o caso de tudo o que se segue dentro daquela porta cinza-azulado. O que se nos depara é um longo corredor ladeado por um paralelo balcão, largo, imponente, maciço, a dar as boas-vindas ao espaço minimalista que nos acolhe.

Ao fundo, à esquerda, uma pequena sala. Por enquanto sem clientes e assim esperemos permaneça. O conceito não irmana com salas. É balcão. Todo este espaço é balcão.

Uma vez sentados, o que nos espera é uma languida, demorada, prazerosa e magistralmente arquitetada aventura, onde se sucedem os momentos (é assim que se chama agora, não é?) numa catadupa de sensações que irá culminar em profundo enlevo e divina contemplação etérea que todos aqueles produtos frescos proporcionam.

Produtos frescos, mas atenção não tão frescos como o renovado e bafiento programa do Convento São Francisco que anuncia Adriana Calcanhotto, Daniel Jobim e Carolina Deslandes para a nova temporada. Já os estou a ver a anunciar mais um exclusivo nacional com Abrunhosa ou Sérgio Godinho. Ah, a frescura desta cidade.

Eu não me vou alongar aqui no que nos foi servido, não tirei apontamentos, não registei fotograficamente, limitei-me a ouvir e a apreciar o que me punham defronte. Eu sei, incompetente enquanto crítico, competente enquanto comensal.

A genialidade do que nos foi servido, da forma que nos foi servido, com a qualidade que nos foi servida, naquela torrente, a fazer lembrar a torrente de água da semana passada que transformou escadarias em cachoeiras e transformou passeios em valas, de deleitosos prazeres onde a única escadaria nos encaminhou para os céus.

Arrisco-me a dizer que, se estes rapazes conseguirem manter a competência, coerência, genialidade, mestria, profissionalismo, mas, acima de tudo, a consistência do que nos foi servido naquela noite, Coimbra terá o seu ouro, incenso e mirra ali representados ou, como pediu o nosso edil, o apoio governamental, a justiça e as acessibilidades como desejos natalícios da baby Coimbra.

Este poderá ser o passo mais próximo que a cidade esteve de albergar um restaurante de fama
e reputação nacionais.

Que não seja mais uma oportunidade perdida, como as constantes a que o nosso município nos habitua, como seja a Região Europeia da Gastronomia, semelhante a uma Capital Europeia da Gastronomia que esta cidade ostentou nos anos de 2021 e 2022, passando ao largo de todos, desconhecimento geral e, acima de tudo, sem gerar oportunidades, dinâmicas e valências futuras para esta chafarica que habitamos.

Finalizando, para aqueles que querem saber o que significa. M – A , explicam-nos, significa espaço em branco, o espaço vazio que existe sempre na infinitude entre dois corpos, remete-nos para o propalado balcão. Como nos explica o chef Ricardo: é o space between.

Apetece dizer como atestavam os the Cure in Between Days

Come back, come back
Don’t walk away
Come back, come back
Come back today


…e regressaremos, com toda a certeza.

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