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Lindo Serviço | O Palco

Por O Tatonas

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Fotografia: Mário Canelas

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Olá, meus pantagruélicos coimbrinhas.

Outrora eixo da noite conimbricense, onde se reuniam centenas de imberbes e rebarbados desde o Dream’s até ao Ritz, passando pelo Pasolini, o Santos, o Avenida e outros que foram caindo em desuso, a Avenida Afonso Henriques é agora sombra desses áureos tempos. Permanece, contudo, parte dessa história no renovado Ritz, no orgulhosamente antiquado Avenida, um laivo de frescura no Japonês e, agora, um foco de esperança no Palco.

A luz espreita entre os cortinados, fazendo antever o palanque onde se desenrolarão os Atos. Sentamo-nos, o serviço é decoroso e a máxima do espaço é “produto local”. Até a loiça é da Cerâmica de Coimbra.

Iniciamos com uma ópera-bufa, com dois personagens trapaceiros, que se fazem passar por aquilo que não são. Que metáfora tão coimbrinha para iniciar o repasto: o Pastel de Nata de Tremoço e o Bolo de Bacalhau de Pata Roxa.

O primeiro soa um pouco estranho para entrada. É, a meu ver, um excelente término, mais que uma entrada, uma equilibrada sobremesa – que se pode agora, inclusive, encomendar para levar. O pastel de bacalhau, sem bacalhau mas antes com Pata Roxa, é uma alternativa mais sublime, delicada e apreciável que o fiel amigo, cacique do palato e assenta melhor como introito.

Entretanto, é-nos servido o corta-palato, assim como Bárbara Bandeira antes do prato principal. Uma amêndoa explosiva sobre colher que, uma vez na boca, faz do Licor Beirão que o preenche efusivos confetti.

Sóbrio e abstémico, como se pretende. Se higienizámos a cavidade bucal foi para a prepararmos para um dos mais estimados e autóctones prazeres, e não, não falo de assistir a Xutos e Pontapés na última das Noites do Parque, finalmente dedicada aos antigos estudantes, mas antes do sacramental ato que é ensopar o pedaço de pão na corredia gema de um ovo sobre um molho a sugerir um assado, um bife a cavalo, um bife à café, enfim um universal molho à portuguesa que, a certa altura,
apetece aspirar à palhinha. Ah, a tasca no Palco, que privilégio.

Passámos, em seguida, ao prato que mais prazer me deu, uma inebriante mistura de cores e
sabores, uma ostra perlada, clorofila de coentro de esfuziante verde cobrindo o molusco, e
aquela perfeita esfera de chocolate branco com água do mar e espumante fechando o
bouquet palatal.

Mas atenção, que os momentos seguem desfilando sob nossos olhares, com caracol em deleitosa promiscuidade com goma de arroz do Baixo Mondego, encimado por uma nublada espuma. Como se de bife se tratasse, texturizado com shitake, será o mais próximo que a minha imaginação consegue recriar.

Deu ainda espaço para o Arroz de Bivalves, Algas e Enguia Fumada. Prato de partilha, de dois dedos de conversa, prato acompanhado de copo de vinho branco, degustando, salientando caraterísticas e provando uma vez mais. O mais próximo, neste Palco, que se estará do típico restaurante luso. É um pouco como encontrar Ivandro a atuar nas Festas de São Martinho do Bispo (2 a 10 de junho), depois de ter atuado para 50.000 pessoas ao lado do Chris Martin…

Para finalizar, que a noite já vai longa, somos delicadamente aspergidos com um sensorial botânico de rosas, para introduzir o grand finale, que se traduz num gelado de (são) rosas (senhor), ladeado por um mavioso pudim, delicadamente caramelizado por cima, qual leite creme.

O café, que encerra as hostilidades, é servido com o folhado pastel, de Tentúgal. E assim se fecha o pano, os atores agradecem e o público aplaude. O Palco é como uma noite ao som de Ivete Sangalo, um furacão de emoções, uma profusão de aromas, cores, texturas e paladares.

É, ainda, de um atrevimento, arrojo e ousadia que o tornam único. Numa cidade tão
cinzentona, estas matizes dão-lhe rasgo.

Pantagruélicas saudações, meus coimbrinhas.

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