Muitas vezes é sinal ou de ignorância ou de egocentrismo. No segundo caso, já que há uma tendência para termos a mania que somos o elemento central e que todos os restantes seres estão à disposição para nos servir, urge uma mudança de mentalidade. Aumentem-se as vagas de psicologia, por favor.
Mas, pergunto eu: numa cidade universitária, com especialistas de referência no assunto, porque
não recorre a eles a Câmara Municipal de Coimbra em matéria que os seus técnicos claramente ou não dominam ou não têm capacidade de implementação?
Desta vez, foram abatidas 135 árvores em «risco de ruptura», o que significa doença ou velhice, mas que, na realidade, em grande parte das situações, se deve a razões de reestruturação do espaço, porque assim dá jeito e ninguém levanta poeira. Pois que a poeira se levante, meus senhores, que se a área da saúde descobre que a cura é sinónimo de abate, ainda se põe em prática uma nova solução para o controlo populacional.

É incrível como todas estas árvores, de ruas inteiras, padecem do mesmo mal, incurável, no mesmo momento. Se não é praga, certamente é solidariedade arbórea. Mas serão as futuras 145 plantadas, algumas certamente de espécies inadequadas, que vão tapar o sol… com a peneira, porque até atingirem a copa, bem podemos aproveitar umas décadas de passeios com 40 graus. Quando lá chegarem, a doença apoderar-se-á também delas, é o triste fado.
Resta-nos aguardar para saber ao certo o destino dos plátanos da Avenida Sá da Bandeira, na
esperança de que seja considerada a opinião do especialista António Rochette sobre a importância
deste corredor para a quebra desta ilha de calor.
É inconcebível que seja tão fácil abater uma árvore como é mudar as pedras da calçada. Será que a palavra «vida» não vos diz nada?

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Inês Teixeira nasceu e vive actualmente em Coimbra e é antropóloga e ambientalista.
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