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Sabem quais são os direitos e deveres de quem se desloca de bicicleta?

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O Coimbr’a Pedal está de volta e convida a comunidade para um convívio

Sábado, a partir das 10h, reactiva-se no Choupalinho o grupo informal de utilizadores da bicicleta como meio de transporte em Coimbra num encontro que inclui uma Cicloficina e piquenique.

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Fotografia: Mário Canelas, Tiago Cerveira, Coimbr'a Pedal

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Visitando a página no Facebook do Coimbr’a Pedal, a descrição não podia ser mais directa: «Acreditamos na bicicleta como meio de transporte na cidade de Coimbra». Tem mil e quinhentos «gostos» e seguidores, mas suspeitamos que o número está prestes a aumentar. Depois de uma fase muito activa, o grupo informal de ciclistas esteve parado mas acaba de encontrar novo fôlego, num momento em que as soluções para a mobilidade estão na ordem do dia e as bicicletas fazem correr tinta pelos mais diversos motivos – ainda há pouco tempo falámos da possibilidade de as transportarmos no futuro metrobus e da segunda maior produtora mundial de componentes para bicicleta, que está sediada cá.

Francesco Navarrini

O Coimbr’a Pedal foi criado em 2013, no âmbito do Improve Coimbra, uma iniciativa cidadã lançada por Sérgio Santos como uma espécie de incubadora de ideias para melhorar a cidade. Consistia em encontros mensais onde pessoas lançavam e implementavam soluções para resolver problemas do dia-a-dia de Coimbra. «Eu morava em Londres, andava de bicicleta e pensei: “Bom, tem alguém em Coimbra que anda de bicicleta? Achei o Coimbra’a Pedal na comunicação do Improve, entrei em contacto com eles, fui numa reunião e entrei para o grupo», recorda Bia Farão. Foi ela que, juntamente com Miguel Figueiredo e Paulo Andrade, acabou por assumir os comandos do grupo que «fez muita coisa». Mapearam potenciais locais de estacionamento de bicicletas, fizeram cicloficinas, organizaram a Massa Crítica local, que é uma concentração que celebra a nível internacional o uso da bicicleta, onde é afirmado o direito dos ciclistas à estrada.

Também aconteceram reuniões com a autarquia, sobretudo com apelos por mais ciclovias e soluções para outras necessidades. «A gente na época até tinha uma posição diferente sobre as ciclovias, éramos meio contra a ciclovia e a favor de melhores políticas de integração. Acho que tem que haver um equilíbrio entre as duas coisas», comenta Bia, que é investigadora e docente na Universidade de Coimbra (UC). Bia aponta que quando utilizadores de bicicleta como meio de transporte precisam de se deslocar estrategicamente de um lugar para outro em Coimbra, muitas vezes «não faz sentido estar na ciclovia». Outra luta do grupo foi a Ponte do Açude, que acabou por ficar também entregue ao trânsito automóvel. Motivos pessoais levaram Bia e Miguel Figueiredo a ficarem menos activos e a actividade do grupo acabou por parar, agravada pela pandemia.

Joana Martins e Duarte Miranda

Quando, no ano passado, o antigo membro Duarte Miranda volta a Coimbra, depois de quase uma década a viver na Holanda e Bélgica, a faísca reacendeu. Antigo membro do Coimbr’a Pedal, é utilizador regular de uma cargo bike com a qual leva diariamente a filha de um ano e meio ao jardim de infância. «Chego sempre mais rápido do que qualquer automóvel. Mesmo quando vou em alturas em que não há trânsito nenhum, por exemplo antes das 8 horas. É importante o lado ambiental, mas também é muito importante pela rapidez e economia. É muito mais barato ir de bicicleta», explica. O arquitecto lembra o Improve Coimbra como «uma coisa muito bonita» de «malta das tecnologias que se juntava por carolice para fazer coisas em prol da cidade e completamente pro bono!». «Depois apareceram uma data de malucos que também gostavam de bicicletas e propuseram fazer a comunidade», continua. Com o hábito da utilização da bicicleta como meio de transporte na bagagem, reavivar o Coimbr’a Pedal tornou-se óbvio e agora a missão é encontrar utilizadores antigos e novos utilizadores para tentar agregar e criar uma comunidade sólida.

Francesco Navarrini, que participou na nossa Conversa de Café: «Não dá para usar bicicleta em Coimbra: Verdade ou mito?», em Maio do ano passado, vive há sete anos em Coimbra. É natural de Parma, em Itália, uma cidade onde a circulação de bicicleta é prática comum, com ciclovias por toda a localidade do norte do país. Em Coimbra, o consultor da área da sustentabilidade e professor de Ciência Política na UC afirma que é clara a resistência quer na planificação das infraestruturas, quer por parte dos automobilistas ao uso da bicicleta que, nota, «tem uma filosofia de vida por trás». «As infraestruturas que estão a ser feitas deixam-nos basicamente sozinhos como utilizadores de bicicletas como meio de transporte», alerta. «As ciclovias são pensadas como se fossem para andar de carro, como se quem utilizasse a bicicleta tivesse a mesma filosofia e os mesmos objetivos, que são deslocar-se depressa e estar isolado de quem circula em torno. Na bicicleta não há pressa e recalculam-se permanentemente trajectórias, além de se circular fisicamente de forma mais desprotegida, mas em contacto com o meio ambiente.»

O ciclistas refere que um dos maiores limites da implementação das ciclovias em Coimbra é o facto de serem pensadas para o lazer, para «irem de um parque para outro». «Há trajectos muito mais urgentes como, por exemplo, a Estrada da Beira que é basicamente uma auto-estrada urbana. Está cheia de carros e os passeios são refém de carros. Havia tranquilamente espaço para uma ciclovia separada que ligaria muitas escolas entre si», aponta. Francesco refere que até a publicidade que vemos nas televisões branqueia a realidade, mostrando automóveis a circular em estradas vazias ou fora das cidades, que é o oposto da realidade. «O carro vende liberdade mas são todos escravos do trânsito. A verdadeira liberdade é não ter de pegar num carro, não ter de passar horas no trânsito e ter ainda assim a segurança de ir de um ponto A a um ponto B, com o ritmo que achar mais apropriado à minha escolha de vida. Às vezes sinto-me muito sozinho a dizer isto, mas ter um grupo de pessoas que apoia é bom e faz pensar que afinal se calhar podemos sorrir mais, que é afinal a razão pela que andamos de bicicleta, sermos mais felizes e não o contrário.»

O Coimbr’a Pedal já criou uma página no Instagram e está a organizar um Convívio na Feira sem Regras, no Parque do Choupalinho, no Sábado, dia 1 de Abril. Está marcado para as 10h e o objectivo é juntar adeptos da bicicleta como meio de transporte na cidade de Coimbra para se conhecerem e lançar a nova imagem e website do grupo. Ao mesmo tempo, a Oficina organiza uma Cicloficina, que é um espaço onde voluntários dão uma mãozinha para ajudar a reparar pequenos problemas em bicicletas, como afinar mudanças ou travões, encher pneus e outras pequenas reparações. Às 13h há piquenique.

«Depois, o objectivo do Coimbr’a Pedal é também ter massa crítica para junto da Câmara [Municipal], que nos parece ter alguma vontade para fazer coisas, dizer: “Vejam, temos x pessoas que já utilizam [a bicicleta como meio de transporte]”. Fazer um inventário dos percursos mais utilizados, dos percursos mais necessários, agregar dados para poder depois tomar decisões mais conscientes e não ser só fazer ciclovias de lazer, que também são muito importantes mas ir um bocadinho à frente», concluiu Duarte Miranda. E as ideias não ficam por aí. Outra é criar um selo amigo das bicicletas para cafés e outros estabelecimentos que queiram oferecer vantagens para os ciclistas como estacionamento seguro, uma bomba para encher os pneus se necessário e eventualmente um desconto de cortesia.

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