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    Carnaval Luso-Brasileiro da Bairrada

    Samba, suor e cerveja – o Brasil em Coimbra também já tem Carnaval

    Se não têm samba no pé (como esta que escreve), não tem problema. Mas se gostam de uma boa folia animada por músicas irresistíveis, mesmo que seja apenas como expectador, nos próximos dias estarão abertas as alas da alegria.

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    Fotografia: Mário Canelas, Carnaval Coimbra 2023, Carnaval Luso-Brasileiro da Mealhada

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    Há quase 700 mil estrangeiros a residir em Portugal. Desse total, 29,8% são brasileiros, valor mais elevado desde 2012, como mostram os dados do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) relativos a 2021, o que corresponde a 252 mil pessoas portadoras do passaporte azul em situação regular. Segundo o Censos 2021 e a página de dados estatísticos oficiais Por Data, há 5 602 cidadãos brasileiros a viver na região de Coimbra, 2 556 no município de Coimbra, e dados do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, divulgados pelo Novo Banco, apontam para que em todo o Centro do país vivam quase 14 mil.

    Mas para a fundadora e diretora da plataforma Amigos em Coimbra, Amire Tauli, o número de brasileiros a residir na primeira capital do reino são bem mais pujantes. «Eu acredito que dos 134.156 habitantes daqui, cerca de 30 mil são brasileiros. Diferentemente de 2018 e 2019, hoje quando vamos ao mercado e à farmácia, por exemplo, somos atendidos por brasileiros». 

    Fundada em 2018 como apenas um grupo de mensagens instantâneas, tornou-se uma plataforma que oferece uma rede de apoio a imigrantes, maioritariamente brasileiros, através de 21 grupos temáticos sobre os mais variados temas, desde oração cristã, passando por grávidas, pais e mães, assessoria jurídica, como enviar e/ou  receber dinheiro, esporte, só de mulheres e até mesmo de passagens promocionais. A partir destes grupos formaram-se outros por whatsapp, que agora somam 40. Alguns deles são voltados somente à divulgação de vagas de trabalhos separadamente em Coimbra, Aveiro e Lisboa. 

    Com base no público que utiliza a Amigos em Coimbra, Amire classifica o imigrante brasileiro em três perfis: famílias em que um dos membros vem para fazer mestrado ou doutoramento, estudante de cursos superiores dos três ciclos e aventureiros – muitos dos quais não fizeram nenhum planeamento para vir.

    Participam ativamente de sua plataforma 45 empresas, das quais 40 são micro, como cabeleireira, serviços de limpeza, fisioterapeutas. Uma vez por ano, ela realiza encontros para promover networking entre apoiadores da Amigos em Coimbra, como patrocinadores, empreendedores e comunicação social. Para Amire, Coimbra é «uma excelente cidade para o microempreendedorismo».

    Outros carnavais

    Precisamente um desses microempreendedores que Amire refere tem um sonho peculiar: «Que o carnaval passe a fazer parte do calendário fixo de eventos de Coimbra», confessa Robert Souza, que começou a sonhar há três anos, enquanto administra seu negócio, o Empório do Tuca.  

    Em 2020, ele e mais dois amigos, o então estudante de Direito Rodrigo Silveira e João Abreu, resolveram realizar um desfile, que, durante dois dias e quatro noites, levou aproximadamente 10 mil pessoas às ruas intitulando-se Bloco do Beco, conta o paulista. Depois veio a pandemia e o resto é sabido.

    Este ano, o sonho de Robert ganha um pouco de solidez. Os três amigos conseguiram vender várias cotas de patrocínio, ganharam o apoio de um considerável número de pequenos comércios e receberam a chancela da Câmara Municipal de Coimbra e da União das Freguesias de Coimbra. 

    Se são mais de dois mil ou 30 mil brasileiros morando em Coimbra não importa. A expectativa, segundo Robert, é atrair cinco mil foliões em cada um dos dias do Carnaval Coimbra 2023, que acontecerá nos dias 18 e 19 de fevereiro, na Baixa. A festa «luso-brasuca» conta com uma programação que contempla adultos e também crianças. A concentração será na Praça do Comércio, a partir das 13h. 

    Em carnaval que se quer com ADN brasileiro não pode faltar multidão a desfilar cantando e dançando pelas ruas. «É o ponto alto da festa», diz Robert. O cortejo sairá da Praça do Comércio, passa pela Praça 8 de Maio e termina na Portagem.  A «bateria» do Bloco do Beco será conduzida pelos mestres João Pedro, conhecido como Jepê, Rodrigo Silveira e Mário Brito. Para os miúdos, haverá, na Praça do Comércio, o Espaço Kids. 

    É comum associar carnaval ao Rio de Janeiro por causa dos desfiles apoteóticos das grandes escolas de samba na Marquês de Sapucaí, também conhecido como Sambódramo. Essa associação quase automática pode-se levar a pensar que todos os habitantes da Cidade Maravilhosa são foliões radicais. Há exceções. Luísa Valle é uma delas. Carioca há quase sete anos a morar em Coimbra, ela não se considera uma foliã. 

    «O melhor do carnaval são os blocos de rua, mas já fui ver desfiles na Sapucaí», diz, acrescentando, no entanto, que ama samba e tem duas escolas favoritas: Estação Primeira da Mangueira e Portela. Em fase final de sua tese de doutoramento pelo Centro de Estudos Sociais (CES), da Universidade de Coimbra, Luísa diz que por não ser uma carnavalesca, nunca se interessou pelo carnaval neste lado do Atlântico e sequer soube de festas no período. «Não vi nada na minha timeline», complementa soltando uma gargalhada.

    Exatamente o oposto de Luísa é Carina Ferreira, portuguesa da Mealhada que é foliã de primeira hora. Mas elas partilham duas coisas em comum. A primeira é que têm samba no pé. A outra é que assim como Chico Buarque e Maria Betânia, Luísa e Carina carregam a Mangueira no coração.

    No caso de Carina, a ligação é ainda mais forte. Ela desfila pela Sócios da Mangueira, que é co-irmã da escola carioca, fundada nos 1920, como informa. O Carnaval Luso Brasileiro da Bairrada, como é chamado oficialmente, teve início em 1971, e conta com quatro escolas de samba, realiza um Baile de Gala, entre outras atrações. 

    O amor de Carina pelo carnaval é antigo. Desde miúda que ia ver os desfiles. De expectadora, passou, há 16 anos, a ser integrante da escola. Este ano, ela sairá como destaque de chão na sua Mangueira, já tendo sido em anos anteriores da ala das passistas. Ela diz que os preparativos começam com bastante antecedência e são os integrantes que confecionam suas próprias fantasias. 

    «O mais brasileiro dos carnavais de Portugal é o da Mealhada», na opinião do jornalista nascido no Porto que mora em Coimbra e trabalha em Lisboa, Manuel Ribeiro. Quando adolescente, há 25 anos, Manuel assistia os desfiles de rua no Porto, que aconteciam às terças-feiras. «As pessoas iam em cima de carrinhas, mascaradas, cantando o que vocês chamam de marchinha, jogando serpentinas e atirando com pistolas de água» e cantarola um trecho de uma delas. Naquela época, segundo o jornalista, a influência brasileira não era tão avassaladora, como é hoje.

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