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Depois de 20 anos trabalhando em projetos de cooperação e desenvolvimento em diversos países, Filipe Duarte voltou às origens para criar um negócio que aproxima produtores agrícolas e consumidores, fortalecendo a economia local.

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Fotografia: Mário Canelas

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Sabem o que são os Circuitos Curtos de Comercialização (CCC)? Se já os conhecem é ótimo e esperamos que estejam a fortalecê-los, em uma das duas pontas do ciclo de produção. Para os que ainda os desconhecem, eis uma definição bem simples: venda de produtos, especialmente agroalimentares, de forma direta ou indireta através de um único intermediário. É nesta via que trafega o SuperLocal, empreendimento que ganhou vida em 2021.

Antes de tornar-se realidade e estar instalada em dois lugares, a ideia do negócio de Filipe Duarte foi testada duas vezes. Primeiro, ganhou aprovação académica por ter sido tema de sua dissertação de mestrado, que apresentou todo o plano de negócios do empreendimento. Foi também finalista, em 2020, na 17ª edição do concurso de empreendedorismo Poliempreende, do Instituto Politécnico de Coimbra (IPC).

Natural de Coimbra, aos 18 anos Filipe rumou para o norte para tirar curso no Instituto Politécnico de Viseu. Depois passou 20 anos trabalhando em cooperação e desenvolvimento em Guiné-Bissau, Timor-Leste e São Tomé. Voltou em 2018, agora casado com Mira Octaviani, uma indonésia que já contou para nós por que gosta da simplicidade e calma da terra de seu marido.

Em maio de 2021, o empresário instalou o primeiro ponto do Super Local:  no Mercado do Calhabé, onde vende frutas, legumes e verduras, aos sábados pela manhã. É Filipe Duarte quem vai até os produtores recolher o que irá vender nas manhãs de sábado no espaço modesto da Travessa dos Combatentes da Grande Guerra. 

No ano passado, foi a vez de seu negócio abrir novas portas, desta vez no Mercado Pedro V, onde não pode vender produtos hortofrutícolas, para não competir com os outros comerciantes. Nas prateleiras encontra-se vinho, azeite, sais, molhos picantes, arroz do Mondego em diferentes variações, cogumelos e tomates desidratados, entre outras delícias da gastronomia local. Não tem apenas produtos comestíveis. Há também sabões e xampôs artesanais, por exemplo. Pode-se saber a origem dos produtos vendidos, bem como o preço e tamanho, bem como os produtos frescos de cada estação na listagem disponibilizada na internet, como recomenda a prática dos Circuitos Curtos de Comercialização. 

Caudatário do Slow Food, que, de forma simplificada, sustenta-se em por três princípios interligados – bom, limpo e justo -,  o Circuito Curto de Comercialização promove o desenvolvimento de possibilidades de transformação nas relações entre produtores e consumidores. O que a Comunidade Europeia chama de estratégia Farm to Fork, que visa a produção sustentável de alimentos, prevenção de desperdício de alimentos, consumo sustentável e processamento e distribuição sustentável de alimentos.

Por falar diretamente com os produtores, tornando-se, assim, o único intermediário, Filipe cria uma relação de confiança entre as duas pontas: quem vende e quem compra. É ele também quem faz a entrega dos produtos, não necessariamente para o consumidor final. Foi isso que levou Marco Almeida a fazer parceria com Filipe para abrir, em novembro de 2022, seu restaurante, O Palco, que tem como personagens principais os ingredientes locais. Para ele, ambos os empreendimentos navegam em uma mesma direção. 

«Muitos produtores não têm como entregar os produtos e nós não podemos deslocar-nos até onde eles estão», diz. Além disso, o fundador do SuperLocal sabe que a matéria-prima que passará por suas mãos até chegar ao prato de seus comensais é de alta qualidade. Uma das características dos CCCs é a proximidade geográfica e relacional entre produtores e consumidores. «Devia haver mais pessoas a fazer o que o Filipe faz», elogia Marco Almeida. 

Além de ser a ponte entre quem produz e quem consome, e fortalecer a rede logística local, o SuperLocal também promove o reconhecimento do valor dos pequenos produtores agrícolas. Um segmento maioritariamente masculino, com baixa escolaridade e idade média de 63 anos. Valorização mais do que merecida, afinal 80% do que se come nos países desenvolvidos e em desenvolvimento saem das quintas familiares, segundo a FAO, sigla em Inglês para o órgão das Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura.  

Segundo Filipe Duarte, Coimbra perdeu a importância que um dia teve, quando foi um vibrante entreposto comercial, quando barcos traziam carvão, sal, peixe, entre outros produtos, para comercializar às margens do Mondego. «Coimbra era a cidade da floresta e da agricultura, entre a montanha, o mar (Figueira da Foz) e o rio». 

Oferecer «frescura» e «renovação» para as pessoas que frequentam o Mercado Municipal e estão em busca de produtos autênticos, regionais e de boa qualidade é a proposta do empreendedor, mesmo sabendo que «Coimbra é uma cidade muito particular, onde as coisas não são coletivas». 

O chef executivo do restaurante No Tacho, Vitor de Oliveira, é outro parceiro do SuperLocal. Utilizando apenas produtos locais e com certificação de origem portuguesa em seus pratos, ele precisa ter absoluta certeza de que não terá problemas para tê-los em sua cozinha, além de precisar ter muitos contatos. A falta desta garantia chegava a impedi-lo de criar novos cardápios. Com esta parceria, fica tranquilo. «O Filipe tem todos os contatos e garante o abastecimento». 

Noventa porcento do que o SuperLocal vende, quer para o consumidor final ou para seus parceiros na restauração, é produzido em Coimbra. Segundo Filipe,  as pessoas reconhecem a importância dos produtos locais para o fortalecimento da economia local e preservação da cultura. Mas é preciso mais do que apenas conscientização. «É preciso que as pessoas comprem para demonstrar este apoio». Ou seja, alimente quem vos alimenta, como conclama um projeto do Ministério da Agricultura. Os dois chefs e Filipe concordam que é preciso mudar a mentalidade de muitas pessoas de Coimbra.

A paixão de Filipe pelo que faz é estimulante, apesar de ainda ter limitações financeiras. «Estaria mais contente se conseguisse tirar um salário, mas acordo contente, feliz e orgulhoso do que faço.» Marco Almeida tem razão quando diz que devia haver mais pessoas como o Filipe.

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