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Manifesto Quero ser uma árvore!

Já repararam nas caldeiras vazias hoje? Há um manifesto por mais árvores

Acompanhámos a instalação de tabuletas em dezenas das quase 500 caldeiras vazias espalhadas pela cidade, numa acção de urbanismo de guerrilha que pretende chamar a atenção para a necessidade de a cidade cuidar melhor do seu património natural.

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Fotografia: Mário Canelas

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Manifesto Quero ser uma árvore!

Domingo, ao início da noite, cinco grupos de pessoas muniram-se de martelos e tabuletas de madeira e espalharam-se por Coimbra para lançar um apelo visual de impacto. A ação surgiu na sequência de um mapeamento que o movimento Eu Também! fez das caldeiras da cidade, os espaços em volta dos troncos das árvore, constatando que 485 que estão vazias. Em mais de 70 delas, cerca de 15 cidadãos colocaram tabuletas de madeira com a frase: «Quero Ser Uma Árvore!», desde o centro da cidade até à zona de Eiras. Foram colocadas em sítios onde circulam mais pessoas para aumentar a probabilidade de serem vistas e revistas, e serão retiradas em duas semanas.

Segundo Adelino Gonçalves, integrante do Eu Também!, espera-se que o grito de alerta seja ouvido porque a cidade precisa reforçar seu parque arbóreo, que é pouco cuidado. «As pessoas precisam entender que o espaço urbano pode ser muito mais qualificado com o contributo das árvores. O perímetro verde em Coimbra está muito aquém do que se pode designar por corredor verde». Ele ressalta que a ação deflagrada domingo não tem nenhuma correlação com os recentes abates de árvores. Uma questão que tem mobilizado a população, o que tem levado muitos cidadãos a se manifestarem, bem como até mesmo quem considere criminoso não agir, como mostramos aqui.

O trabalho de localizar todas as caldeiras e depois mapear as que estão vazias não se faz da noite para o dia. Demanda muito tempo. Há cerca de três a quatro anos Adelino entrou no Street View do Google Earth e identificou, na altura, umas 100 caldeiras sem árvores. Posteriormente o mapeamento foi aprofundado pelos integrantes do Eu Também! e chegou-se às quase 500 caldeiras sem nenhuma árvore.

O professor do Departamento de Arquitetura da Universidade de Coimbra explica que ações que eram para ser de manutenção na verdade contribuíram para a fragilização de muitas das árvores que foram abatidas, o que já foi atestado por biólogos, assegura. Outro problema que está a comprometer a qualidade do arvoredo de Coimbra é que as árvores estão a ser tratadas apenas como uma questão numérica, tanto por este executivo como no anterior, disparou. «Vamos cortar 10, mas vamos plantar 30. Cada árvore é um sistema ecológico».

Um dos organizadores da ação, Duarte Miranda diz que ao invés de ficar sentado no sofá a reclamar, o grupo partiu para a ação: alertar e informar a população acerca das centenas de caldeiras vazias em Coimbra. «O arvoredo nas cidades é fundamental para enfrentar ondas de calor que têm sido cada vez mais frequentes, mas também melhorar a qualidade de vida da comunidade. Queremos chamar a atenção de toda a gente». Plantar árvores, como ressalta Adelino, pode ser uma construção social magnífica que envolve o cidadão comum, as crianças, as escolas.

«Temos a visão de uma cidade com espaços públicos melhores, com mais árvores, com menos carros e poluição, em que se caminha para um suave equilíbrio entre as nossas necessidades contemporâneas e uma vivência salutar em comunidade.»

Manifesto «Quero Ser uma Árvore!»

As mais de 70 placas foram feitas em cinco dias, a partir da reutilização de tábuas de paletes, bem como de um número significativo de estacas que foram doadas por empresas do sector da construção local, o que demonstra que a proposta do movimento de cidadãos que está a lutar por uma Coimbra mais verde é transversal a todos os sectores da sociedade.

Na parte de trás das placas que pedem para ser uma árvore há um QR Code que redirecciona o interessado para manifesto do colectivo: «Temos a visão de uma cidade com espaços públicos melhores, com mais árvores, com menos carros e poluição, em que se caminha para um suave equilíbrio entre as nossas necessidades contemporâneas e uma vivência salutar em comunidade».

O Eu Também! toma para si «a obrigação de conseguir instalar dinâmicas de transformação, de tendências corretas de transformação. E a nossa capacidade de atuação depende muito da nossa capacidade de nos organizarmos. Por vezes, para sermos ouvidos é preciso dar um grito. E é isto que estamos aqui a fazer, com esta ação das árvores».

Uma ação que ganhou, já no momento exato em que as placas estavam a ser afixadas nas caldeiras, a aprovação de algumas pessoas. Como um homem que estava a correr, na Casa Branca, e atirou um: «Fixe!», levantando o polegar e continuando a sua corrida. Ou o casal estrangeiro que exclamou: «Muito bem!», na zona da Solum.

«Por vezes, para sermos ouvidos é preciso dar um grito. E é isto que estamos aqui a fazer, com esta ação.»

Para Adelino a ação «Quero Ser Uma Árvore!» tem um raio de alcance ainda maior e pode reverberar no longo prazo. Com a melhoria do espaço público urbano, Coimbra pode tornar-se uma cidade mais atrativa e, assim, diminuir a perda da população ou atrair profissionais de fora da cidade. «Coimbra tem que conseguir competir com outras cidades. Primeiro para fixar as pessoas. Temos tantos estudantes que não ficam. Depois de fixar, temos que conseguir trazer. Coimbra tem de ser uma cidade muito qualificada em todos os níveis. A começar pelos espaços urbanos, espaços físicos, que têm que ser bons».

No passado dia 12, o vereador Francisco Queirós disse-nos que iria propor intervenções nas caldeiras. A ação «Quero Ser Uma Árvore» deu o primeiro passo neste sentido e o movimento Eu Também está aberto para unir forças que irão beneficiar a população. «Não há dois lados. Nós somos todos uma coisa só. E isso só acontece, de facto, se trabalharmos em conjunto, com capacidade de diálogo, de comunicação, se nos entendermos. É preciso criar canais de comunicação, criar plataformas para trocarmos ideias. É uma imagem que reforça Coimbra como uma cidade amiga, amiga das pessoas».

O Eu Também é composto por oito auto-intitulados «sonhadores-fazedores»: Adelino Gonçalves, Catarina Maia, Duarte Miranda, Henrique França, Joana Martins, Joana Pires Araújo, João Freire e Rafael Vieira, e conta com duas dezenas de «embaixadores de rua», mas todos podem participar nas actividades do movimento. O único requisito é o real desejo de melhorar Coimbra e aumentar seus encantos.

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