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Desafiem-se e deixem-se inflamar pela obra de António Barros

Foto: Pedro Marques

Rui Torres diz que há algo na ausência de cor na obra de António Barros que inquieta. Um luto e uma morte que logo se transfiguram em luta e amor, continua o Professor da Universidade Fernando Pessoa. É o também director do Arquivo Digital da Literatura Experimental Portuguesa que apresenta a exposição Inflammatio, de António Barros, amanhã no Círculo de Artes Plásticas de Coimbra (CAPC).

“Há na obra de António Barros um aparente paradoxo que nos inflama: uma arte como educação (a obra que inForma), ao mesmo tempo situada na contra-interpretação, contra a resignação da sensibilidade. A sua dificuldade é um desafio, compelindo-nos a um novo começo. Sempre começar. Como o que é líquido e aquoso, transitório. Obra em busca da natureza, obra em trânsito germinando em comunicação. O fogo também exorciza, e nesta obra ele é febre e delírio: o olhar delira, o olhar não vê, o olhar imagina. Em relação comprometida com o seu leitor, torna-se lente, apliando o conceito, arte sublime. Contemplação e encantamento: a arte procurando superar-se. Comunhão, magia.” Rui Torres

Em conversa com a Coolectiva, António Barros explicou que, como dizia Walter Benjamim, o artista não explica a obra, o artista mostra a obra, mas comentou que Inflammatio estava programada há algum tempo e pretendeu responder à entrega pública de uma obra sua para residir na colecção do CAPC. Não se inscreve numa recordação do passado mas do vivenciado, disse-nos o artista plástico e poeta visual, que na década de 1970 trabalhou com Wolf Vostell, Alberto Carneiro e José Ernesto de Sousa. Desde então organizou diversas exposições e ciclos de performance, entre os quais Projectos & Progestos (1979-83, Coimbra), participou em inúmeras exposições colectivas e realizou várias exposições individuais. Recentemente, António Barros fez a primeira exposição individual na terra natal – milhares de pessoas visitaram Alvoro no MUDAS – Museu de Arte Contemporânea da Madeira.

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Não estando Inflammatio integrada na celebração dos 60 anos do CAPC, o autor é indissociável à história do centro artístico, afinal foi sócio co-fundador do CAPC como Organismo Autónomo da Academia de Coimbra no ano de actividade 1979-80. António Barros consta na edição de 2018 da revista OEI # 80–81, recentemente lançada no CAPC, que é um projeto artístico e literário sediado em Estocolmo que toma a obra de Ernesto de Sousa (1921–1998) como eixo para uma antologia sobre a arte portuguesa de 1960 a 1980, onde são referidos outros nomes que se cruzam na história do CAPC como Alberto Carneiro, Álvaro Lapa, Ana Hatherly, Ana Vieira, E.M. de Melo e Castro, Fernando Calhau, Lourdes Castro e Túlia Saldanha.

Exposição “Inflammatio”, de António Barros (foto: Pedro Marques)

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ATÉ 1 DE SETEMBRO | INFLAMMATIO 
Círculo Sereia, Piso -1 Casa Municipal da Cultura, Coimbra
Horário: Terça-feira a Sábado | 14h00 às 18h00
Entrada Livre
Contactos: capc.geral@gmail.com | 239 821 670

 

 

 

 

 

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