Começou com uma brincadeira na Associação de Pais e Encarregados de Educação da Escola Básica Quinta das Flores que, segundo a presidente, Carina Pacheco, já tem por hábito não deixar passar uma boa oportunidade para passar bons valores às crianças e a quem lida diariamente com elas. Depois de «anos muito difíceis», de pandemia e pós-pandemia, a mãe de um aluno de sete anos deu a ideia de crianças e adultos escreverem em fitas coloridas a suas ideia do que é a bondade ou acções bondosas para assinalar de forma simples, mas ao mesmo tempo evidente, o Dia Mundial da Bondade, 13 de Novembro.

Este foi o apelo:

«O Dia Mundial da Bondade (World Kindness Day) assinala-se a 13 de novembro, procurando lembrar a importância de criar um mundo mais bondoso, gentil e pleno de compaixão. No âmbito deste dia, a APEE do Centro Escolar Quinta das Flores convidou e as Associações de Pais e EE da cidade uniram-se para dar voz ao mote: “Coimbra + Gentil”. Durante a semana de 13 a 17 de novembro, vamos colorir as grades das escolas prendendo fitas com mensagens de bondade, escritas pelas crianças/jovens/Pais/EE/docentes e não docentes , como lembrança do sonho de um mundo mais gentil! Coimbra tem muitos encantos e é um “espaço do mundo” gentil!»

A ideia não só foi bem aceite como voou de grupo de pais no Whatsapp em grupo de pais no Whatsapp, e chegou aos telemóveis de jornalistas da Coimbra Coimbra. Foi acolhida por 41 APEE/Comissões de Pais/ Representantes de Pais das diversas escolas de Coimbra. «O pressuposto foi o mesmo: perguntar às crianças o que é que significa a bondade para eles e dar oportunidade aos pais também de orientarem, perceberem também o que significa e dizerem-no. Coimbra aceitou o desafio. Temos muitos pais a trabalhar em conjunto para esta iniciativa, estamos todos alinhados pelos mesmos propósitos e princípios.»

Entre fitas e cartazes com mensagens como «fazer voluntariado», «dar um abraço» ou «ligar aos outros», Carina comenta que os encarregados de educação ainda estão «a tentar lutar contra as consequências que isso trouxe, como o afastamento muito grande dos pais em relação à escola». «Estamos com muitas iniciativas na escola e sentimos que há muita receptividade da parte dos directores, do município, sentimos que estão a acolher de novo os pais e isto só pode construir algo melhor para as nossas crianças». Em pleno Dia Mundial da Bondade, ela e a vice-presidente, Marta Quaresma, defendem que «cada vez mais nos esquecemos de fazer pequenos gestos que mostram que somos pessoas boas e que devemos ser pessoas boas». Também que «a bondade é muito para além do dar algo material, está no nosso dia-a-dia, nas nossas acções de delicadeza, de gentileza».

Ambas as encarregadas de educação, Carina mãe de uma criança de sete e Marta de três, a frequentar estabelecimentos de ensino diferentes na zona, consideram que o ensino tem caminhado no sentido de formar bons alunos e futuramente bons profissionais, mas menos boas pessoas. Uma responsabilidade que não cabe só aos professores. «Acaba por ser muito corrido, sobra pouco tempo aos professores para investirem nestas pequenas iniciativas, daí a importância de termos pais participativos e que demonstrem que podem acrescentar esse valor. Não podemos ficar à espera que só a escola tenha esse papel. Nós temos essa obrigação, os pais são os primeiros educadores. É importante dizermos à escola que queremos que isto seja incluído, a nossa participação e estes princípios na educação das nossas crianças. E vê-se essa necessidade pela adesão que as associações de pais tiveram agora.»

Bondade é a disposição natural que nos leva a fazer bem e nunca mal. Significa brandura, belevolência, vem da palavra em latim bonitas. O Dia Mundial da Bondade é uma comemoração internacional celebrada a 13 de novembro desde 1998, ano em que foi introduzida pelo Movimento Mundial da Bondade, uma coligação de organizações não governamentais de bondade das nações. Em Coimbra, Carina observa: «As pessoas notam que estamos a perder aqueles princípios que nos eram incutidos pelos nossos avós. Aquela coisa do dizer bom dia, do cumprimentar as pessoas, que se calhar era muito da aldeia, não é? Crescemos a ouvi-los, a reforçarem essa ideia e nós, com os nossos dia-a-dia corrido, acabamos por não ter tempo para essa gentileza, essa delicadeza.»

No estúdio de rádio, também criado pela APEE da Escola Básica Quinta das Flores, vai sair uma emissão especial por estes dias. Depois da colocação das fitas, neste dia da bondade, as encarregadas de educação e as crianças passaram à prática e dedicaram parte do segundo tempo a abraçar, partilhar, ir ter com alguém que está triste, fazer um elogio a um amigo ou amiga e dar um abraço ao funcionário ou funcionário da escola, com a ajuda de uns cartões, como se fosse um jogo. «Eles precisam de tempo e precisam do nosso tempo. É disso que eles precisam.»

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