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Comemorações do 25 de Abril: «É preciso mudar e então cantamos mais alto»

Há um espectáculo a convocar crianças e jovens para a ideia e prática da democracia através da música e passou por Coimbra, às portas de mais um Dia da Liberdade.

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Fotografia: Cortesia Convento São Francisco, Força de Produção

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São João da Madeira (21, 22 Abril), Lisboa (25 Abril), Tomar (27 Abril), Ourém (11 Maio) e, Torres vedras (27 Maio) são algumas das próximas paragens de Afonso Cabral, Francisca Cortesão, Inês Sousa, Isabel Minhós Martins e Sérgio Nascimento – quatro pessoas em palco a tocar e a cantar, e uma quinta que, ao longo de todo o concerto, vai contextualizando as músicas, no tempo e nos temas, chamando a atenção para algumas frases ou pequenos detalhes da sua história. «É o que torna este concerto diferente e que o torna, de certa forma, acessível ao público mais jovem, porque senão as músicas, mesmo que tenham uma mensagem forte, facilmente se perdem», diz-nos Sérgio Nascimento.  


Assistimos a Mais Alto!, criado pelos cinco artistas depois de um convite do Lu.Ca -Teatro Luís de Camões, em Lisboa, em 2019, com o país à beira de eleições legislativas. «A ideia do concerto era ser comentado e com canções que, de alguma maneira, reivindicassem alguma coisa. Podiam não ser propriamente canções de protesto ou de intervenção, mas em que alguém estivesse a dizer «eu quero isto», recorda Francisca Cortesão.

O projecto acabou por ser integrado no vasto programa de iniciativas de comemoração do meio século da Revolução dos Cravos. Um programa que está a ser gerido pela Comissão para as Comemorações dos 50 anos do 25 de Abril e arrancou em 23 de Março de 2022 e se prolonga até Dezembro de 2026, quando se cumpem 50 anos da aprovação da Constituição da República e do ciclo eleitoral que decorreu ao longo de todo o ano de 1976. 


Mais Alto! vai estar em digressão pelo país até ao dia 1 de Junho. «Neste contexto das comemorações do 25 de Abril também é um pouco para fazer o público mais jovem reflectir sobre estas questões da democracia e da liberdade – o que é a liberdade e democracia – e também apelar à participação deles na construção da democracia. E  falar um bocadinho o papel da música ao longo dos tempos. Até  eu penso sempre que eles também podem, de certa maneira, transformar-se em artistas e criadores e sair daqui com vontade de fazer músicas», atira Isabel Minhós Martins.

«São oportunidades diferentes de vivenciarem o 25 de Abril, de terem acesso a um espectáculo de música e de estarem num ambiente diferente daquele que é normal»

Goreti, professora

Os apelos que chegam pela música de intervenção, com nomes como Zeca Afonso, José Mário Branco e Sérgio Godinho. Mas não só. O espectáculo inclui ainda canções de Rita Lee ou Bill Withers, com o seu olhar sobre a guerra do Vietname. «Tivemos a preocupação de ter muitas músicas em língua portuguesa, porque a parte da letra como é muito importante, se calhar ter muitas em alemão ou francês, não seriam compreendidas da mesma forma. Mas também achamos importante termos músicas de outros países, e algumas em inglês», explica Isabel Minhós Martins.

E porquê Mais Alto!? «Tem a ver com uma coisa colectiva, que todos juntos estamos de acordo sobre qualquer coisa que é preciso mudar e, então, cantamos mais alto essa coisa que precisa de mudança», justifica Isabel.

Um espectáculo para todos

Na plateia do Convento de São Francisco, estiveram cerca de 90 estudantes de várias escolas. Uma experiência diferente, fugindo da rotina diária, que vale pela «questão cultural e depois pelo tema em si», lança-nos Anunciação Medina, da Escola Básica 1 de Fala. A professora do 1º ciclo considera «fundamental relembrarmos que a democracia, sem dúvida nenhuma, é a melhor forma de vivermos».

Mas 48 anos passados da revolução como será explicar aos mais novos o que aconteceu? «É difícil, mas eles percebem bem se reportarmos as histórias. E podemos visualizar tanta coisa e tantos documentos que há e eles tomam consciência de que efectivamente se viveu uma fase não muito boa», acrescenta.


O espectáculo despertou também o interesse de um grupo de estagiários de língua gestual portuguesa da Escola Silva Gaio, do Agrupamento de Coimbra Centro. «Na sequência do meu estágio, viemos acompanhar a visita ao Convento de São Francisco, a título desta peça, de forma a que seja mais inclusivo e que possamos também experienciar outro tipo de vivências no nosso trabalho enquanto estagiários», conta-nos Ana Rita Matos.

Uma experiência que considera ser importante para o trabalho que diariamente desenvolvem com as crianças, mas a temática é igualmente relevante. «Para terem uma pequena noção, já na idade deles, do que é a liberdade, do que não foi permitido, por exemplo, aos avós ou aos pais, e perceberem que a liberdade foi algo negado durante muito tempo e deve ser aproveitado e bem aproveitado nos dias de hoje».


Da Escola Silva Gaio, chegou também Goreti com um grupo de 18 crianças com necessidades educativas especiais. «São oportunidades diferentes de vivenciarem o 25 de Abril, de terem acesso a um espectáculo de música e de estarem num ambiente diferente daquele que é normal», assinala. E embora reconheça que alguns dos meninos possam não compreender o que é o 25 de Abril, considera que «a música é atractiva e, por isso, é sempre bom».

A importância da liberdade e de falar sobre ela

A caminho dos 50 anos da revolução dos cravos, falar de liberdade e dos acontecimentos do 25 de Abril é algo que o grupo defende que deve acontecer sempre, mas com os mais novos a necessidade torna-se mais premente. «Nenhum de nós viveu o 25 de Abril e os miúdos mais pequenos ainda estão mais longe dessa realidade. Por isso mesmo, acho que tem de ser sempre sublinhado e temos que manter vivo. Há miúdos que já desvalorizam imenso a luta que foi feita», assinala Inês Sousa.

Porém a lição parece bem estudada ou pelo menos na ponta da língua. Salvador, de 10 anos, assinala que o momento foi uma «revolução para a nossa liberdade». Francisca, de 9, recorda o 25 de Abril como «um dia muito especial que mudou a vida de todos». E isso, observa, «é importante, porque em democracia pudemos votar em quem quisermos nas eleições e sermos livres».


No caminho da liberdade, entende Isabel Minhós Martins, é importante  passar também a mensagem de que a revolução foi um princípio e que este é um caminho que se vai fazendo. «Há muito aquele discurso de dizer mal do estado das coisas. Há imensa coisa que não está bem e todos nós, todos os dias, vemos isso, mas também [temos de ver] que há um histórico, que já foi muito pior e que estamos a fazer um caminho. Às vezes as pessoas perdem um bocado essa noção das referências». 

Ao longo destes quase 50 anos de democracia, a artista recorda que muita coisa mudou, nomeadamente em termos de escolaridade e de cuidados de saúde – embora não seja «perfeito, mas melhorou imenso». «Não é preciso mandar tudo ao chão. Às vezes há um bocado essa ideia. Estamos dentro de um sistema, que é o sistema democrático e que é o melhor até agora que inventamos, como diz a música do Sérgio Godinho», sublinha Isabel Minhós Martins.

Nesta mensagem que se tenta passar aos mais jovens, a política ganha também importância, nomeadamente, segundo Isabel, com a desconstrução da ideia de que é «uma coisa suja».«Se queremos ter bons políticos no futuro temos de ter um discurso para estas gerações de que a política é uma coisa digna, nobre e importante e que faz parte das nossas vidas. Queremos que os que estão aqui, de preferência os melhores, os mais inteligentes, os mais sensíveis, vão para Assembleia da República». 

Cantemos mais alto

Será que a música pode mudar o mundo? Francisca Cortesão acredita que «pode ajudar», daí o convite para a viagem em canções que vão dos anos 60 do século passado a 2010. «Não quisemos que as músicas do alinhamento fossem só músicas ou da época do 25 de Abril ou de protesto, mas também é importante eles conhecerem esse património musical», acrescenta Isabel Isabel Minhós Martins. 

Na plateia, os estudantes vão reagindo, umas vezes mais efusivamente do que outras. Nem todos conhecem o repertório, como foi o caso de Salvador. Mesmo assim fala-nos de um «espectáculo maravilhoso», destacando a música da «formiga», ou melhor, A formiga no Carreiro, de Zeca Afonso. Ao lado, Francisca confessa-nos que  «a da mãe natureza», de Rita Lee, lhe tocou mais fundo. «Não conhecia mais adorei!».

«O que tenho achado engraçado é que todos os concertos são completamente diferentes», observa Afonso Cabral, que considera ser difícil quantificar a adesão por considerar estar dependente do trabalho de cada local e da «mobilização das escolas». Ainda assim, as histórias vão-se somando, como a do concerto em que, recorda Francisca Cortesão, havia «meninos pequeninos que bateram palmas de uma ponta a outra». «A coisa mais reconfortante com eles é que sabemos logo se gostaram ou não», conclui Cabral. 

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