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Este fim-de-semana 100 actividades põem Coimbra a Brincar e ninguém fica de fora

Adelaide Precatado não passa despercebida com os seus enormes óculos cor-de-rosa em forma de coração. A educadora do ensino especial empurra a cadeira de rodas de Lara, que abana as pernas e os braços, radiante por desfilar no centro de Coimbra e ser o centro das atenções, pelos melhores motivos. Descemos a baixa da cidade a acompanhar a Parada de Apresentação do «Coimbra a Brincar», o projecto da Associação de Paralisia Cerebral de Coimbra (APCC) que, em conjunto com inúmeras entidades locais, assinalam o Dia Internacional do Brincar no dia 28 de Maio. No Sábado, e também na sexta-feira, há dezenas de actividades gratuitas para miúdos e graúdos programadas para a margem direita do rio, no Parque Verde do Mondego, e a Casa Municipal da Cultura, numa celebração que é também um momento de encontro e apelo à inclusão.


«As nossas crianças gostam mas, acima de tudo, é importante os outros verem-nos», continua Adelaide Precatado, que considera que o «Coimbra a Brincar» também serve para divulgar os jogos acessíveis a quem é portadora de uma deficiência. «Fazemos muitos jogos adaptados e associativos, em que ninguém perde – ou perdemos todos ou ganhamos todos -, temos jogos ampliados que permitem que as nossas crianças também possam participar e acho muito importante que outras crianças participem connosco nas brincadeiras, para perceberem que estas crianças também brincam e que o brincar é para todos.»

Quase meia centena de parceiros fazem o «Coimbra a Brincar acontecer, entre eles a Câmara Municipal de Coimbra,  da ADAV – Associação de Defesa e Apoio à Vida, Coimbra Business School | ISCAC, ExpertTree e Coimbra Stand Up Paddle, à Liga dos Pequeninos / Hospital Pediátrico de Coimbra, Portugal dos Pequenitos e Vitamina Natureza. A ideia da Associação de Paralisia Cerebral de Coimbra (APCC) é que durante todo o fim-de-semana os mais pequenos, mas também os familiares e idosos da cidade, tenham à disposição várias formas de brincar ao ar livre e não só, desde jogos a espectáculos musicais e sessões de contos. Fátima Vilaça não esconde o sorriso enquanto fotografa a parada. «É uma grande alegria romper com o confinamento e vir presencialmente brincar, temos aqui crianças que já nem sabiam o que era isso, brincar sem máscaras e verem adultos sem máscaras», diz a organizadora.


Entre os animadores do Instituto Técnico Artístico e Profissional de Coimbra e cursos de animação do Agrupamento de Escolas Coimbra Oeste, estava o grupo de bombos da APCC, dinamizado pelo músico Tiago Silva. Rafael diz que está a gostar muito, toca tarola e tinha saudades das actuações em público. «É a primeira apresentação desde o início da pandemia, vê-se que estão muito felizes por saírem da Quinta da Conraria», diz Tiago. «Estão sincronizados!»

«Viemos lembrar que esta animação no modo não digital, que foi como fizemos nestes últimos anos, não tem nada a ver», atira Fátima Vilaça. A educadora e organizadora do evento revela que a programação do dia 27 de Maio será «mais virado para as escolas, os centros de dias e os lares de terceira idade, porque queremos que este brincar seja intergeracional» e o dia 28 «é para as famílias e público em geral». As propostas incluem dança, yoga para bebés, futebol, saltimbancos e insufláveis. «Vai ser uma grande animação e um bocadinho de tudo, as crianças até vão poder lavar roupa e vestir bonecas, que são coisas tão simples mas uma alegria tão grande.»


«Se o brincar já era importante para a saúde mental agora, mais do que nunca, é preciso recuperar o tempo perdido», nota Vilaça, enquanto o grupo contagia a Praça 8 de Maio. Juntam-se crianças em pleno passeio escolar, idosos que aguardam o Pantufas e está montada a festa. «Precisamos muito destas interacções positivas», diz Adelaide Precatado, que defende que apesar de serem criados espaços para quem é portador de deficiência na cidade, há ainda muito trabalho a fazer no sentido da inclusão e que deve passar, sobretudo, pelas acções individuais de cada cidadão.

«Andamos nos passeios, queremos passar com uma cadeira e não passamos porque ou há carros, ou há árvores ou há buracos», nota. «Só nessas altura é que nos apercebemos das dificuldades e os nossos problemas são minimizados perante estes problemas.»


O «Coimbra a Brincar» é uma iniciativa que, ao longo dos nove anos de existência, tem vindo a crescer ao nível do número de atividades, participantes, parceiros e patrocinadores, mantendo-se fiel ao propósito de divulgar o brincar enquanto fonte de prazer, alegria e aprendizagem essencial ao desenvolvimento, assim como à saúde física e mental, sobretudo, nas faixas etárias infantis e juvenis. Fátima Vilaça diz a principal marca do evento é «ver as pessoas felizes» e lembra que, no caso da realidade da Associação de Paralisia Cerebral de Coimbra, «os técnicos focam-se muito na reabilitação e muitas vezes os pais esquecem-se que os filhos precisam de brincar».

No fim-de-semana, o recado não vai apenas para as famílias de quem é portador de deficiência. «As nossas crianças brincam pouco hoje em dia e os nossos adolescentes e jovens não brincam nada, muito ligados aos botões e aos ecrãs, há muita falha na interacção pessoal. Com os nossos universitários temos tido muita dificuldade em envolvê-los. Acham que já não fica bem brincar, que vão fazer figura ridícula. Precisamos de soltá-los nesse aspecto.» O Dia Internacional do Brincar foi criado durante a 8ª Conferência Internacional de Ludotecas, em Tóquio, no ano de 1999, por iniciativa de Freda Kim, então presidente da International Toy Library Association (ITLA). Foi celebrado, pela primeira vez, em 2000, ano em que a efeméride é reconhecida no calendário da UNICEF.


O espírito inclusivo também não se encerra nas crianças com necessidades especiais. Na sexta-feira, dia 27, das 10h às 12h e das 14h às 16h, as escolas do concelho podem participar na actividade «Coimbra e Ucrânia a Brincar», que pretende promover a interação entre crianças portuguesas e ucranianas, através da participação mútua em jogos e atividades de animação infantil, acompanhadas por um tradutor.

Na biblioteca de jardim «Ler ao Cubo», que abre excepcionalmente as portas na sexta-feira, disponibilizam-se, em ambos os dias, sessões de jogos de tabuleiro, dinamizadas pela Associação Inclusão Com Tacto. É das 10h às 16h e no sábado das 11h às 19h, sem necessidade de inscrição prévia.

Espalhado no relvado do Parque Verde estará um «Jogo Gigante», disponível das 10h às 12h e das 14h às 16h, na sexta-feira. A proposta lúdica pedagógica, dirigida ao público escolar, permite que os participantes sejam os peões do jogo que, ao longo de um percurso divertido, conhecem o Edifício Chiado, a Torre de Almedina e a Torre de Anto e os três núcleos museológicos do Museu Municipal de Coimbra.

No sábado, a partir das 11h30, crianças com mais de 3 anos podem participar na sessão «Contos com Brinquedos», disponível na Biblioteca Infantil. À tarde, pelas 16h, a Sala Polivalente acolhe a apresentação do espectáculo musical «O Livro das Canções», pelo Grupo Pirata Gau&Friends, que é um projecto artístico multidisciplinar vocacionado para o público infantil, que transmite uma mensagem ecológica, pedagógica e cultural. As actividades são dirigidas às famílias e implicam inscrição, presencial (Casa Municipal da Cultura), através do telefone n.º 239702630 ou via e-mail biblioteca.infantil@cm-coimbra.pt.


O programa completo pode ser visto nas imagens em baixo e acompanhado na página oficial do evento no Facebook.

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