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Fazer termas nas férias é para todas as idades

Acham que só vai às termas quem está entrevado? Enganam-se. Cada vez mais, pessoas de todas as idades (mesmo crianças e jovens) alinham em períodos de cura termal, seja porque há doenças que surgem mais cedo ou porque pretendem actuar na sua prevenção. Aliás, se D. Afonso Henriques recuperou de uma perna partida na batalha […]

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Acham que só vai às termas quem está entrevado? Enganam-se. Cada vez mais, pessoas de todas as idades (mesmo crianças e jovens) alinham em períodos de cura termal, seja porque há doenças que surgem mais cedo ou porque pretendem actuar na sua prevenção. Aliás, se D. Afonso Henriques recuperou de uma perna partida na batalha de Badajoz ao passar uma temporada nas Termas de S. Pedro do Sul, algo de fabuloso deve acontecer por ali.

Fomos conhecer esta estância termal – uma das maiores da Península Ibérica – que conta com dois imponentes balneários: o balneário Rainha Dona Amélia e o balneário D. Afonso Henriques, de construção mais recente (1987). Tivemos ainda a oportunidade de experimentar o circuito termal aqva que incluiu banhos na piscina dinâmica, um duche cachão, a sauna e o emanatório. Não tínhamos nenhuma doença para tratar mas sentimos que ganhámos anos de vida.

Tratamentos

Existem diversos tipos de tratamentos: o termalismo terapêutico, sobretudo vocacionado para problemas nas vias respiratórias ou do foro reumastimal, a fisioterapia e bem-estar termal (wellness).

A cura termal implica uma consulta por um médico especialista na área da hidrologia e da climatologia, seguida da execução de um tratamento ao longo de 14 a 21 dias. Este período de tempo justifica-se pela necessidade de cumprir diversas fases da cura termal.

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Benefícios

Perguntam-se: mas porquê ir a um centro termal quando se encontram clínicas que podem prestar serviços de fisioterapia e de bem-estar (massagens, sauna, etc.)? A principal diferença está na utilização de água termal com uma composição química (feita de sais minerais e oligoelementos) que a torna uma alternativa segura e eficaz às modalidades convencionais.

Animação

Quem opta por um programa de termalismo terapêutico não fica confinado aos tratamentos, bem pelo contrário. Habitualmente, as pessoas escolhem fazer a cura durante o período da manhã ou da tarde e, durante o resto do dia, há diversos programas de animação para todos os públicos, gostos e idades. A ideia é que se junte o útil ao agradável: tratamentos termais e férias. Assim, ao longo do ano há programas desportivos, caminhadas orientadas, actividades culturais, workshops, ioga do riso, mindfulness. Em períodos de férias escolares, e a pensar nos mais novos, há programas para crianças que até contam com uma educadora infantil.

Fora de portas, o destino de S. Pedro do Sul permite diversos programas turísticos para uma temporada rica em experiências: natureza, património e gastronomia são alguns elementos identitários da região de Dão/Lafões.

Dermocosmética

Se não podem ir às Termas, as Termas podem vir até vossa casa (e à vossa pele!). Podem comprar na loja online das Termas de S. Pedro do Sul os produtos AQVA, a linha de dermocosmética que é lá produzida.

Há cerca de 8 artigos disponíveis para venda: um sabonete, um creme e um fluido de rosto hidratante, uma máscara de rosto, um creme e um óleo de corpo, uma base lavante e um vaporizador de água termal suavizante e apaziguante.

Os valores são imbatíveis para a qualidade destes artigos que contam com água termal na sua composição.

História

Há alguns indícios da utilização das águas termais de S. Pedro do Sul com fins curativos e de bem-estar que nos remetem para a pré-história da Humanidade mas foram os romanos que deixaram visíveis vários vestígios patrimoniais que nos permitem compreender o uso que fizeram daquelas águas.

Esses vestígios constituem o chamado Balneário Romano que foi recentemente recuperado e é agora visitável. Desde logo, tem um enquadramento digno de nota: trata-se de uma área classificada como monumento nacional desde 1938, localizada entre o verde das margens do rio Vouga, repleta de História (e de histórias!). Construído nos primeiros anos do século I da era cristã, conta com uma das maiores paredes romanas fora de Roma. Mas não são só paredes: há alicerces, pavimentos, piscinas, colunas e foram ainda encontrados outros elementos romanos como moedas, lápides epigrafadas, cerâmicas.

Mais tarde, já no século XII, as então chamadas Caldas Lafonenses voltaram a ser objecto de interesse e notícia e, em 1152, D. Afonso Henriques, reconhecendo a crescente importância da vila onde brotavam águas tão especiais, concedeu o 1.º Foral à Vila do Banho. Aliás, foi o próprio primeiro Rei de Portugal que, em 1169, ao sofrer uma fractura da perna na batalha de Badajoz, decidiu recuperar fisicamente nas Caldas Lafonenses na Vila do Banho (hoje Termas de S. Pedro do Sul).

Até meados do século XIX, a terapia era distinta para homens e mulheres: na piscina masculina podiam entrar 30 a 40 homens a banhos, vestidos apenas com ceroulas, que se deitavam com a nuca apoiada e ficavam cerca de 30 minutos submersos; no caso das senhoras, entravam 8 mulheres a banhos, enroladas num lençol, que se sentavam nos degraus porque deitadas seria ofensivo aos costumes. Depois dos banhos, deitavam-se (mas não uns com os outros, como nos contou o Dr. Eduardo Nuno), não comiam nem bebiam durante 1h30.

Após uma importante intervenção nas Caldas Lafonenses por D. Manuel I, foi já nos séculos XIX e XX, que as Termas de S. Pedro do Sul conheceram um novo impulso e modernização. Em 1884, a Câmara Municipal de S. Pedro do Sul decidiu construir um moderno Balneário e passados 10 anos, em 1894, a Rainha D. Amélia foi mesmo a banhos pela primeira vez no novo Balneário, para tratar de alguns problemas físicos que a incomodavam. Foi já no século XX, com a República, em 1910, que as então chamadas Caldas da Rainha D. Amélia se passaram a denominar Termas de S. Pedro do Sul e foi ainda no final do século, em 1987 que foi inaugurado um novo balneário, o Centro Termal, iniciando-se na mesma altura, a modernização do Balneário existente e então já denominado Rainha D. Amélia.

Na primeira década do século XXI, tem lugar o maior impulso de modernização e ampliação de toda a história destas Termas. No espaço de oito anos, foi inaugurado o Balneário D. Afonso Henriques com instalações mais modernas e equipamentos termais de última geração.

Assim, actualmente, as Termas de S. Pedro do Sul prestam os seus serviços no Balneário Rainha Dona Amélia e no Balneário D. Afonso Henriques. O Balneário Romano é agora um edifício que acolhe um importante acervo arqueológico que conta muita da história deste local. Há mais de 2000 anos que as águas termais de S. Pedro do Sul promovem saúde e bem-estar.

Texto: Joana Pires Araújo
Fotos: Termas de S. Pedro do Sul e Filipa Queiroz

Viajámos a convite do Turismo do Centro e a propósito do lançamento dos roteiros “Road Trips Centro de Portugal – 1 é bom, 2 é ótimo, 3 nunca é demais”. Podem ver o roteiro da Região Viseu Dão Lafões aqui.

Agradecemos os esclarecimentos prestados pela Dra. Fátima Saraiva, responsável pelas relações públicas das Termas de S. Pedro do Sul e pelo Dr. Eduardo Nuno, técnico da Câmara Municipal de S. Pedro do Sul.

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