Há cerca de um ano, quando, testando uma nova câmara fotográfica, regressei ao Jardim Botânico depois de muitos anos de ausência, não tinha qualquer objetivo documental em mente e, tal como o público e, geral, nem sequer estava a par dos 250 anos da sua criação! No entanto, senti que devia dar continuidade ao processo e fui regressando em várias ocasiões ao longo do ano, redescobrindo a monumental criação do Marquês de Pombal, de Domenico Vandelli e de Avelar
Brotero.
Assim, em diferentes condições de luz, de sazonalidade e de disposição pessoal, fui registando apontamentos fotográficos neste espaço bicentenário e ímpar na cidade, numa busca aleatória de conjugações de formas, texturas, cores e ambientes que o olhar de qualquer visitante pode captar, assim se demore o suficiente, olhando com tempo, contemplando.
«Se alguma destas imagens resultar numa visita, missão cumprida!»
Estas visitas permitiram-me, para além de poder registar as cambiantes sazonais dos vários espaços e descobrir novas perspetivas gráficas, observar os frequentadores atuais do Botânico. Tal como em outros espaços da cidade, predominam os turistas e, também aqui, sente-se que os conimbricenses vivem ausentes.
Quando decido tentar dar maior visibilidade às imagens, é precisamente esta ausência que procuro ajudar a contrariar. Botânico 250, exibição digital de um ano de deambulações, é a minha homenagem simples ao Jardim Botânico da Universidade de Coimbra. Se alguma destas imagens resultar numa visita ao Jardim Botânico, missão cumprida! Coimbra seria muito mais rica através de uma ligação mais efetiva e permanente dos seus cidadãos ao património!
João P. Simões é geógrafo de formação, professor, nascido e criado em Coimbra. Não obstante um background profissional em fotojornalismo na década de 90, a Fotografia manteve-se como
presença constante e paralela na sua vida ao longo das duas últimas décadas.