Nasci com um problema motor, por isso desloco-me em cadeira de rodas, e neste momento vejo-me impedida de fazer o meu estágio extracurricular de forma presencial devido à avaria de um elevador num edifício da Câmara Municipal de Coimbra.
Em Outubro, fui aceite num estágio extracurricular na Coimbra Coolectiva. Entrei em contacto com a direcção da revista que prontamente se disponibilizou para reunir comigo. No entanto, essa primeira conversa teve de ser online uma vez que o elevador do Cowork Pátio, onde trabalham, estava avariado. Os responsáveis pelo espaço municipal informaram que a situação ia ser resolvida no prazo de duas semanas.
Passadas duas semanas, e depois de o início do estágio ter sido adiado, a situação manteve-se e a Coimbra Coolectiva fez uma queixa por escrito. Foi decidido que o estágio começasse entretanto, mesmo tendo de realizar-se inicialmente online e, na passada sexta-feira, dia 9 de Dezembro, fomos informadas de que o elevador já estava a funcionar e pronto a ser utilizado. Na segunda-feira seguinte, desloquei-me finalmente ao espaço municipal para trabalhar e fiquei de novo impedida de entrar porque o elevador voltou a deixar de funcionar.
Passaram quase dois dos três meses de duração do estágio e ainda não tive condições para o realizar de forma presencial, de modo a perceber o funcionamento de uma redação.
E se fosse convosco?
Consciente de que a situação escapa ao controlo da Coimbra Cooletiva, considero-a extremamente desagradável pois as pessoas com mobilidade reduzida, no meu caso em cadeira de rodas, deviam ter obrigatoriamente condições de acesso a todos os locais, sem exceção. É lamentável a forma como a autarquia, num espaço supostamente aberto a todas as pessoas através de candidaturas, não tenha o máximo de cuidado de forma a assegurar que este tipo de situações não acontece.
Francisca Tralhão, estudante do curso de Jornalismo da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra