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Opinião do jornalista Miguel Midões

Opinião | O meu querido país

Vladyslava Trachenko

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Fotografia: Filipa Queiroz

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Opinião do jornalista Miguel Midões

Escrever sobre um país, uma nação, é difícil pois ninguém merece em pleno século XXI passar por uma guerra. Guerra essa que não escolheram. A Ucrânia, o meu querido país, onde nasci quase 22 anos atrás, ficou apenas independente em 1991. Este país, com tanta diversidade e potencial, é livre há 30 anos e foi destruído, arruinado, em dias. As pessoas perdem familiares, Homens, sim de letra grande pois com o corpo e alma, dando a sua vida vão defender a sua terra, tudo o que conhecem e no que acreditam até ao último suspiro. Mães perdem filhos, que morrem a combater nesta mesma guerra que o meu povo, a minha nação não escolheu.

Mais grave ainda é crianças morrerem diariamente sem terem qualquer culpa. Muitos ainda nem sequer sabem falar, mas já sabem quem é Putin, sabem quem é o agressor, pois passam a sua infância longe de casa, separados dos seus familiares, que com todas as forças os tentam proteger. Nenhuma criança, mulher, homem nem idoso merece adormecer e acordar com medo de morrer, com medo de perder tudo o que construiu com tanto esforço. O meu avô não merece, depois de ter crescido durante a II Guerra Mundial, quando o seu pai partilhava o pão com os irmãos russos, passar por uma guerra, pois ele sabe e sentiu o que é ficar órfão muito cedo, viver num país destruído. Agora os irmãos atacam quem sempre os apoiou. Nunca houve rivalidade entre os povos, milhares de russos são ucranianos de origem, sendo triste o facto de uma pessoa se dar ao direito de destruir tudo o que nós, pessoas simples e humildes, construímos.

Espero, com muito orgulho e esforço, que a minha nação consiga com o apoio de todos nós sobreviver e sair vencedora.



Esta guerra, só mostra o quão perigoso é o ser humano, capaz de mentir, a dizer que um país como a Ucrânia, seu povo irmão, 28 vezes menor que a Rússia e com 3.6 vezes menos população o atacou. As zonas de conflito, Crimeia, Donbass entre outras, sempre foram e serão Ucrânia, independentemente de muitos dos seus habitantes falarem russo, algo que nunca causou problemas, depois de destruírem as nossas queridas cidades, magníficas e únicas, ainda querem exigir algo? Roubar território? Quem são eles? Por que temos tanto medo? Por que todas as organizações internacionais em vez de pararem uma guerra só a alimentam e têm medo de fazer um confronto direto ao homem mais odiado neste planeta, Putin? Não merecemos isso, nós, Ucrânia, que neste momento lutamos com todas as forças para que não haja uma III Guerra Mundial, lutamos pela nossa terra, pela nossa independência, pelo nosso futuro.

É triste como o dinheiro, armas e poder são muito mais importantes que as crianças que nascem em bunkers, que as crianças que necessitam de tratamentos para cancro e outras doenças estejam nas caves dos hospitais, que os idosos estejam sem apoio médico e medicação. Será isto a realidade do século XXI? Ninguém merece, mesmo estando fora do seu país, da minha Ucrânia, tremo todos os dias pois, não estando lá, também sofro. Sempre à espera de más noticias, a chorar enquanto os meus familiares estão a ser bombardeados, a chorar quando não atendem o telefone, a não dormir pois as noites são o momento favorito de ataque do nosso agressor. Ele não deixa as pessoas viverem
nem de dia nem de noite, todos sofrem! Mesmo quem não é ucraniano, mesmo quem não tem
parentes ucranianos percebe que uma guerra é sofrimento, é dor, é tudo o que ninguém merece
e está próximo de nós, está na nossa Europa, neste momento posso dizer que ninguém pode
estar seguro sobre o futuro que nos espera, pois basta ver as imagens das cidades ucranianas,
Irpen, Bucha, Kharkiv, Mariupol, Chernihiv, Kiev, Borodyanka, Okhtyrka, ver o antes e o depois,
ver a destruição, a dor, o sofrimento nas imagens.

O meu avô não merece, depois de ter crescido durante a II Guerra Mundial, quando o seu pai partilhava o pão com os irmãos russos, passar por uma guerra, pois ele sabe e sentiu o que é ficar órfão muito cedo, viver num país destruído.


Agora é acreditar que todos os soldados, todos os ucranianos, incluindo o nosso presidente,
Volodymyr Zelensky, o grande herói de uma nação, que nunca já mais será esquecido por todos
nós, pois é um humano, que não tem medo de lutar pelo país, por todos nós e não vão fugir nem desistir, apesar de haver tantas esperanças por parte da Rússia, de o retirar do poder e colocar
um governo fantoche para usar a Ucrânia, sem dó. Neste momento toda a ajuda é necessária, pois a falta de bens, a falta de condições e destruição é máxima. Assim, sempre que alguém tiver possibilidade de ajudar, seja com o que for, é uma grande ajuda.

O grande apelo dos ucranianos e de todos os que não estão indiferentes a esta situação de desrespeito dos direitos humanos, devem tentar a máximo transmitir que a Ucrânia necessita de ajuda no combate ao agressor, que a Ucrânia necessita de ajuda para fechar o espaço aéreo para não sermos constantemente bombardeados. A guerra é de todos e ninguém merece fugir, deixar tudo para trás com crianças ao colo, deixando os maridos para combater, é um cenário duro e algo que nem esta, nem as próximas gerações, poderão esquecer. Sempre que termina uma guerra a gente vive acreditando que nunca voltará a acontecer. Espero, com muito orgulho e esforço, que a minha nação consiga com o apoio de todos nós sobreviver e sair vencedora.

Aos ucranianos um grande obrigado, orgulhosa de ser ucraniana.

Vladyslava Trachenko é natural da Ucrânia, residente em Portugal desde 2005 e com nacionalidade portuguesa desde 2013. Frequenta o curso Engenharia Biomédica na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra.

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