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COIMBRA NO MUNDO | Liverpool, Inglaterra

  

Em novembro de 2017 decidi mudar-me para Liverpool, Inglaterra, para me juntar à minha namorada (Rute), também ela Portuguesa, que tinha emigrado meses antes, em janeiro do mesmo ano, por não conseguir arranjar emprego em Portugal. 

 Antes disso, estava a trabalhar em Coimbra, na área da informática/programação e, apesar de não ter terminado a licenciatura, estava relativamente estável na área profissional. Já a Rute, com mestrado em conservação e restauro estava numa situação diferente, não conseguia arranjar um emprego estável na sua área. Foi isto que a levou a procurar trabalho fora do país e, consequentemente, fez com que eu também saísse de Portugal.  Esta foi a primeira vez que saí de Portugal para outra coisa que não férias.  Nunca antes me tinha sequer passado pela cabeça a ideia de emigrar. Quando cheguei, e graças a algum dinheiro que tinha posto de lado em Portugal, decidi passar algum tempo a conhecer o local, as pessoas, a cultura e de uma forma geral a ambientar-me antes de começar a trabalhar. Depois disso, rapidamente arranjei emprego e neste momento estamos os dois a trabalhar, ambos na nossa área de estudos.  

Neste momento estou a trabalhar a partir de casa, há mais de 1 ano que estou nesta situação e, independentemente do rumo que tome a actual pandemia, isso não parece ser para mudar.

 Antes de tudo isto fazia uma vida relativamente normal, a semana era ocupada pelo trabalho, ia ao ginásio com alguma frequência, fazia as compras necessárias, enfim, não muito diferente do que fazia em Portugal. No fim de semana aproveitava para passear e conhecer o país, e estar com amigos sempre que possível. Desde o primeiro momento em que resolvi que ia emigrar, decidi que não me ia privar de nada. Nunca me passou pela cabeça fazer a típica “vida de emigrante”, entenda-se poupar todos os tostões e meter tudo na conta para um dia voltar a Portugal. Não vinha com ideias de fazer esse tipo de sacrifício, para sacrifício já me bastou deixar a família e os amigos em Portugal. Gosto da qualidade de vida que tenho aqui, que para uma pessoa como eu que nem terminou a licenciatura, ia ser impossível ter em Portugal. Não gosto do tempo – que saudades do nosso sol de Portugal – e a comida…enfim, não desgosto, mas sempre que posso passo numa loja portuguesa, compro alguns ingredientes e faço comida portuguesa. Não há comparação, não me venham com fatias de pão torrado com feijão. 

Felizmente os voos para Portugal não são caros e a viagem é rápida.

 Sempre que possível tento ir a Portugal, pelo menos duas vezes por ano: uma no verão, para tentar apanhar sol para o ano todo, outra no natal para estar com a família. Infelizmente, os dias de férias não são ilimitados e tenho outros interesses e sítios onde quero ir, por isso quando possível convido a família para vir cá de forma a poupar dias de férias para outras aventuras. De Coimbra, sinto saudades dos jantares com os amigos, do convívio. Tenho saudades das noites de verão, de ir para a praça da república beber uma cerveja, tenho saudades de passear na baixa, de ir correr para o choupal, ir assistir a um concerto e acabar a noite a comer um hambúrguer numa rulote. 

Portugal em geral e Coimbra em particular são sítios lindos com pessoas extraordinárias.

 Infelizmente, Portugal é também um país onde nos querem fazer acreditar que o “Zé Povinho” vive acima das suas possibilidades mas há sempre dinheiro para salvar bancos; onde ganhar o ordenado mínimo é algo pelo qual devemos ficar gratos – porque a alternativa é o desemprego -; é o país do “fazes 3 contratos e depois vais para a rua” ou onde uma pessoa se sujeita a fazer estágios atrás de estágios até à idade da reforma, sem falar nos estágios não remunerados. Para mim, trabalhar sem remuneração tem outro nome… Por tudo isto e por muito que gostasse de voltar para junto dos amigos e da família, não me imagino a voltar para Portugal num futuro próximo.

Nelson Portela

* O autor escreve segundo o Acordo Ortográfico.

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