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🎥 Prata da Casa | À conversa com Marcela Matos

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A saúde mental está na ordem do dia e nos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável. As Nações Unidos propõem que até 2030 é preciso reduzir em um terço a mortalidade prematura por doenças não transmissíveis via prevenção e tratamento, e promover a saúde mental e o bem estar. Marcela Matos é investigadora da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra e do Centro de Investigação em Neuropsicologia e Intervenção Cognitivo Comportamental e lidera um projecto de investigação junto da comunidade escolar para avaliar a viabilidade e a eficácia de um programa de intervenção focado na melhoria da saúde mental e do bem estar dos vários agentes da comunidade educativa – nomeadamente pessoal docente e não docente, alunos e pais. O projecto chama-se Escolas Compassivas e em Setembro começa a ser implementado também a crianças, adolescentes e pais.

Marcela explica-nos não só o que é a compaixão e qual a sua importância, como os motivos pelos quais ela se tornou o foco da sua vida profissional mas também pessoal. Podia ter sido jornalista mas uma referência familiar inspirou-a a dedicar-se de outra forma à curiosidade acerca do outro e acerca do que faz de nós seres humanos. Apaixonada pela investigação e pelo descobrir coisas novas, fala-nos sobre o que nos falta compreender acerca da mente humana e sobre a importância de que ter um impacto e contribuir para uma melhoria da vida das pessoas. Durante a nossa conversa percebemos que foi a sua tese de doutoramento sobre a vergonha, o contacto com Paul Gilbert (Universidade de Derby, Reino Unido) que desenvolveu o chamado Treino da Mente Compassiva, e a consciência da sua própria vulnerabilidade que fizeram com que a nossa convidada percebesse que quem era alvo de compaixão e tinha aprendido a aceitar-se é que era mais compassivo consigo mesmo e mais resiliente. Foi assim que percebeu que a compaixão era o antídoto da vergonha.

O Treino da Mente Compassiva é aplicado com recurso a psicoeducação e a um conjunto de exercícios e de práticas experienciais baseadas no mindfulness, no treino da atenção, em práticas de imaginação focadas na compaixão e em exercícios comportamentais, estimulando momentos de partilha e de reflexão. Marcela fala-nos sobre os resultados surpreendentes da intervenção grupal que desenvolveu nos distritos de Viseu e Coimbra com professores do ensino pré-escolar até ao secundário, em escolas do meio urbano, semi urbano e rural, e a pessoas com perfis distintos e em diferentes contextos, com impacto não só na saúde mental como na saúde física dessas pessoas. Conta-nos sobre as expectativas que guarda sobre o arranque do projecto piloto numa escola em Condeixa em Setembro, agora com crianças, através de aprendizagens sócio-emocionais e treino de competências.

Inevitavelmente a conversa cruzou-se com a nossa missão, não fosse a compaixão além do ser bonzinho e amável mas mais com o que podemos fazer para lidar com um problema ou ajudar a resolver algo que está mal, e até gerou uma ideia: Não seria importante cultivar cidades compassivas? «É importante a cidade não se fechar nela mesma e não permitir que as pessoas vivam fechadas nelas mesmas, nas suas casas, nas suas rotinas, que haja uma abertura da cidade para fora e para o outro; e o cuidado do outro que é também o cuidado da nossa cidade, da natureza, dos espaços partilhados, dos espaços públicos, que é fundamental e que vemos muitas vezes esquecida».

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