Olá, meus pantagruélicos coimbrinhas.
Os saudosistas falarão em ultraje e os velhos do Restelo carpirão mágoas de nostalgia, mas no final todos ficámos a ganhar com o novo Troika.
Sim, o Troika regressou (não confundir com a troika, por favor), de face lavada, restaurado, renovado e acolhedor. Já não é mais aquela profusão de gente à porta, entrando e saindo com o copo na mão, virando mais um traçadinho em cima de alguém. Assim um pouco como será a Baixa da cidade daqui por uns anos, depois de investidos os 15M € em projetos de habitação a custos acessível, na aquisição e reabilitação de edifícios, como anunciado esta semana. Sonhar não custa.
O Troika – Beer & Food soube manter e respeitar certos aspetos do seu precedente (vide a oferta de bebidas na carta), mas que quer ser uma referência na cidade no que respeita a honest food, e que bem que estão a fazer esse papel.
Vamos concentrar-nos nos Petiscos que, apesar de nada aqui ser de enjeitar, é neste particular que se faz grande parte da casa. Primeiro, ide todos a correr provar a Sandes Pulled Pork, carne de porco desfiadinha, eximiamente temperada, com um travo agridoce, húmida e tenra em pão estilo-Mealhada que dá sempre aquela sensação da bela sandocha de Leitão. Se existe comida de conforto perfeita, esta é uma delas. A pedir uma bela Damm Inedit de pressão, a escorrer frescura por todas aquelas bolhas que ascendem do cálice. Duas almas irmanadas num pires e num copo.
No entanto, se não quiserem ir a correr provar esta assombrosa iguaria, podem sempre aligeirar o passo até ao Festival Santos da Casa, a decorrer na cidade, em vários locais, com vários artistas, de 31 de Março até 13 de Maio.
Fiquemo-nos nos Petiscos. O Troika recentemente granjeou fama nacional, tendo sido objeto de artigos e convidado televisivo para expor uma das suas jóias da coroa: Pipocas de Frango. Estes senhores podiam até nem saber cozinhar nada – que não é o caso – mas já ganharam o seu lugar no Olimpo do marketing no que à atribuição de nomes de pratos diz respeito. Que o digam os Lollipops de Frango – mais um para averiguar em próxima visita.
Regressando às pipocas, pequenas e estaladiças esferas com frango dentro, soltam-se de uma mini-cesta fritadeira e funcionam como tremoços, não se consegue parar até a última ser devorada. Com um ligeiro pontilhado picante, a pedir hidratação no momento. Em alternativa à Sandes e às Pipocas, podem sempre recorrer ao Bao de Rabo de Boi – que dizer sobre esta casa que transforma carne em lascivo e proibitivo prazer a cada dentada – e às Tiras de Frango Crocantes.
Em jeito de Prato Principal – sim, porque ainda nem sequer deixámos os Petiscos – abordar o Naco com Molho Chimichurri, suculenta carne cortada em tiras sobre tábua, temperada com o ensalsado molho, ou, para os falsos vegetarianos, recorrer ao Wellington de Salmão.
Aqui ainda nenhuma sobremesa foi premiada, como os Pães-de-Ló e Folares distinguidos no VIII Concurso ACIP, decorrido a semana passada, onde a cidade aproveita, num cortejo onanista, para premiar o vizinho do lado e assim deixar (quase) tudo dentro de portas. No entanto, ainda sem ter provado, terei que regressar para ceder à tentação do Cheesecake de Matcha, que só pode dar bom resultado.
Aqui não há desejo de fazer fusão de nada, ao jeito do nosso edil que não enjeitou a união de facto entre Politécnico e Universidade num futuro próximo. Há somente a ideia de bem servir, com qualidade, com sabor e recorrer, sempre que possível, ao local e, a pedra angular da honest food, preço que não nos assalta a carteira nem nos hipoteca a casa.
Pantagruélicas saudações, meus coimbrinhas.