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Cidade ouvida, agora quem quer programar na Oficina Municipal do Teatro?

Assistimos ao Fórum Teatrão onde a companhia de teatro local abriu as portas e os ouvidos às ideias e opiniões do público, e agora quer interessados em colaborar na própria programação dos próximos 4 a 8 anos.

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Fotografia: Cortesia Teatrão

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Práticas de Participação Cultural em Coimbra

Estamos em cima das 17h e as pessoas começam a entrar para a Oficina Municipal do Teatro (OMT), em Coimbra. Hoje, não há cenário, os actores não têm figurinos nem adereços e o público é o protagonista. Estamos na sessão anual do Fórum Teatrão, criado em 2010, como uma ferramenta de recolha de sugestões para delinear estratégias. Em causa está o trabalho para os próximos quatro a oito anos da OMT e um novo ciclo do grupo que «tem a ver com o financiamento da Direcção Geral das Artes», segundo a directora artística. Financiamento que é, aliás, «estruturante», nas palavras de Isabel Craveiro.

Mas já lá vamos. Primeiro, conhecemos toda a equipa do Teatrão, da directora artística à funcionária da limpeza. Depois, em jeito de inspiração, recordam-se as actividades da companhia ao longo dos últimos anos. «Precisamos de ouvir o público», atira a directora artística da companhia que, desde 2008, assume a gestão da Oficina Municipal do Teatro. Para Craveiro a cultura são também pessoas a discutir ideias e, actualmente, «temos muito medo de dar a nossa opinião, muita gente a achar que não tem nunca nada a dizer». «Pensar de forma mais complexa e mais profunda é um hábito e um trabalho. A arte faz isso connosco e, no fundo, é isso que nós queremos», remata.

«O que me choca, muitas vezes, é que toda a gente diz “os miúdos não vão ao teatro”, “não lêem”. Mas já alguém falou com eles? Já os ouviu? Já alguém lhes perguntou ou são os professores e os pais que decidem tudo?»

Isabel Craveiro, directora artística do Teatrão

Voz ao público

Estão 60 pessoas inscritas para a participação presencial e também há um grupo online. São espectadores, alunos das oficinas, artistas, pessoas ligadas ao ensino e gente que gosta de teatro. «São uma mistura de gente, que é aquilo que nós queremos», resume Isabel Craveiro. Divididos em seis grupos, os participantes entram agora no Carrossel, um saltitar de mesa em mesa, para discutir e registar sugestões nas áreas da criação, projecto pedagógico, narrativas, comunidade, programação e comunicação – os domínios de trabalho do Teatrão.

A cada nova mesa, um caminho parece ser unânime: chegar ao público mais jovem, nomeadamente adolescente. Ouvir o que o inquieta e interessa, produzir para eles, necessidades que Isabel Craveiro já tinha apontado quando falava sobre a importância de ouvir o público: «O que me choca, muitas vezes, é que toda a gente diz: “Os miúdos não vão ao teatro” ou “não lêem”. Mas já alguém falou com eles? Já os ouviu? Já alguém lhes perguntou ou são os professores e os pais que decidem tudo?»

Parece evidente que se quer escolas, estudantes, professores e pais envolvidos e para os participantes do Fórum Teatrão esse caminho pode passar pela articulação com estabelecimentos de ensino, não só indo às escolas como trazendo as escolas ao Teatrão, inclusive escolas de zonas mais periféricas como Adémia ou Torres do Mondego. Nas folhas de papel colorido onde se traçam as ideias, ficam anotadas sugestões para narrativas sobre temas como a mobilidade, a solidão, a sustentabilidade social e ambiental, as migrações, a paz e a guerra.


As sugestões continuam. Passam pelo trabalho com a população sem-abrigo e as comunidades hospitalar e prisional, além do desejo de ver replicado o projecto da Arregaça noutras zonas da cidade. No capítulo do projecto pedagógico, as propostas passam pela formação de técnicos de Instituições Particulares de Solidariedade Social, educação inclusiva e organização de oficinas. Para chegar à comunidade, o público propõe fazer divulgação em sítios improváveis, como caixas de supermercado, para dar a conhecer o Teatrão ou convidar as pessoas a fazer um test-drive. Ou seja, tal como experimentamos um carro podemos experimentar fazer teatro.

Sugere-se também a aposta na rede social TikTok, para promover a imitação ou criar núcleos de embaixadores mediático, dando maior projecção ao trabalho da companhia. Para a programação, apela-se, por exemplo, à participação de migrantes e à realização de espectáculos inclusivos em que sejam abordadas as questões das minorias, além da organização e participação em festivais. Pede-se mais espectáculos estrangeiros. No que toca à criação, os participantes pedem mais dança, mais musicais e mais cabarés. Sugerem trabalhar autores lusófonos, desafiar a sociedade a escrever textos e ver o Teatrão mais fora de portas. 

Inspirar a cidade

Para Catarina Saraiva, participante do Fórum Teatrão, a actividade é positiva e de saudar, desde logo pela forma como permite abrir a discussão ao contexto e ao território. Depois revela uma «coragem imensa» porque «é falar sobre a possibilidade de alterar coisas de acordo com aquilo que se tem, ou não, pensado», comenta. «Ao mesmo tempo é de uma força incrível porque é precisamente a demonstração de que o Teatrão está sintonizado com aquilo que é um diálogo com os seus espectadores, o seu território e com os seus parceiros», remata. Membro da associação cultural Linha de Fuga, Catarina Saraiva diz que é também uma forma alargar horizontes e «perceber quais são as urgências das pessoas que estão à nossa volta». «No grupo em que estava aprendi muito sobre algumas questões que tem a ver com a educação e com os adolescentes que, apesar de não ser um público com o qual trabalhamos, mas com o qual estamos a pensar trabalhar, saiu dali informação interessante», acrescenta Catarina Saraiva.

Isabel Craveiro diz que o Teatrão se preocupa em criar este tipo de mecanismos para que as pessoas participem, se veiculem, se filiem, gostem e se divirtam. A regularidade é que está aquém do desejado e a directora artística não esconde que gostava que o Fórum pudesse «ser inspirador na cidade». Mas parece ser. Catarina Saraiva vê-o como um modelo a seguir: «Gostaria também muito de o fazer na Linha de Fuga mas ainda não tenho essa capacidade. Acho um exemplo, especialmente, para aquilo que são as instituições públicas que trabalham sobre políticas culturais e sobre a formação dos espectadores».

O Teatrão vai acolher interessados em fazer parte do grupo de programação da OMT durante uma temporada. O objectivo é permitir o acompanhamento do trabalho que já é feito pela equipa residente e receber comentários e sugestões. A aposta invulgar pretende ir ao encontro dos diferentes interesses do público. «Acho que o teatro não é muito esse sítio mas, muitas vezes, os programadores esquecem-se de para quem é que estão a trabalhar. Desde logo esquecem-se que a pessoas não são todas iguais», observa Isabel Craveiro.

Mais colaboração e menos pessimismo

Isabel Craveiro defende que uma das falhas na política cultural da cidade de Coimbra é a ausência de ligações entre os vários agentes mas põe fé em iniciativas como o Conselho Municipal de Cultura de Coimbra, criado em 2020 e cumprindo também um dos objectivos delineados para a Candidatura a Capital Europeia da Cultura 2027 – que se soube no passado dia 11 de Março que não passa à fase final de selecção. Com representação de todos os agentes culturais locais, Craveiro acredita que o conselho pode ser mais do que um projecto burocrático e permitir uma maior interacção entre as entidades, apesar de ainda estar na fase inicial. A directora artística diz que o grupo pode permitir que «as pessoas percebam, de facto, a dimensão daquilo que são as associações e o trabalho que elas desenvolvem em Coimbra», que essas entidades não estão todas no centro da cidade e que são todas diferentes. Acima de tudo, pode ser a oportunidade de todos trabalharem «muito mais em conjunto, partilharem recursos, ajudarmo-nos uns aos outros e darmos sentido ao trabalho uns dos outros». 

Isabel Craveiro refere ainda aa falta de «uma ideia a longo prazo», bem como de apoio financeiro para que as associações possam desenvolver as suas actividades, e reitera que «se há uma política é porque há um investimento e tem de haver uma política correspondente àquilo que são as ambições políticas». Na lista de desejos, diz que estão mesmo à tona o combate à falta de arrojo e de visão futura, bem como o de parar com o discurso de que «é tudo mau e aqui nada vinga. «Tem que se ouvir as pessoas, porque elas tem ideias e elas mexem-se», conclui. 

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