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Reportagem sobre Casa das Artes (2021)

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Exposições «bLast», «Chão» e «Objetos de Memória»

Já entraram na nova Casa das Artes?

Tem «o mesmo espírito, mas agora mais pessoas» segundo a diretora, Maria Marques. A Fundação Bissaya Barreto reabilitou o n.º 17 da Rua Castro Matoso e encheu-o de música, pintura, poesia, jogos e oficinas. Este mês, a casa mãe na Sá da Bandeira despede-se em grande antes de encerrar. Vai ser requalificada ao longo dos próximos 3 anos.

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Fotografia: Diogo Fernandes, Filipa Queiroz, Pedro Cosme

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Exposições «bLast», «Chão» e «Objetos de Memória»

Foi consultório do conhecido cirurgião, deputado e professor Fernando Bissaya Barreto, o homem que, a partir de 1927, e durante o Estado Novo, colocou em prática o conceito evolucionista de medicina social implementando uma rede de estabelecimentos e serviços, de educação e assistência médico-social, no contexto das políticas de saúde em Portugal até ao 25 de Abril. Aqui, no n.º 17 da Castro Matoso, em Coimbra, funcionou a Casa da Mãe e a Fundação Portuguesa do Pulmão. Depois de um longo período de inactividade transformou-se na nova Casa das Artes Bissaya Barreto.

A Casa das Artes nasceu em 2010, naquela que foi a primeira sede da Fundação Bissaya Barreto, no n.º 83 da Avenida Sá da Bandeira. Mas o edifício vai entrar brevemente em profundas obras estruturais e ser totalmente reabilitado e transformado. Ambos os espaços, com dezenas de anos de História, estão a ser devolvidos à cidade com nova roupagem e valências. A icónica casinha de neon já mora na entrada da Castro Matoso e agora só falta o relvado ficar pronto para ali também se rematar a semana de anca a abanar, copo na mão e pé na erva ao som da Matinée.

«Demorou algum tempo, mas conseguimos», conta Maria Marques. A diretora faz-nos uma visita guiada à nova Casa das Artes e à que se está a despedir para voltar de cara lavada dentro de algum tempo. Desde o Verão passado que a programação já se dividia entre os dois sítios e consolida-se agora junto às escadas Monumentais, mas com a fasquia elevada. Agora há duas áreas de exposição, no rés-do-chão e 1.º andar, onde acabam de inaugurar «Chão», sobre a temática da habitação e a crise no setor, e «Objetos de Memória», de Alun Kirby. O Aqueduto de São Sebastião espreita à janela e descemos à zona lounge, de concertos e pista de dança (na foto, Marta Anjo numa Matinée, por Pedro Cosme)

Aqui importa dizer que permanece a missão de criar espaços de partilha artística e estar em estreita ligação com a comunidade, inclusive as novíssimas gerações. Aqui, como na Casa da Sá da Bandeira, as crianças são bem-vindas e até têm «um cantinho» dedicado. Na casa mãe era comum vê-las a correr e brincar no jardim enquanto os pais se permitiam o divertimento e convívio. «O nosso público já está habituado, é o mesmo espírito, mas agora com mais pessoas», assegura Maria Marques, admitindo que a localização ajudou. «Também é mais interessante no Inverno, lá não era tão confortável.»

A lotação da (nova) Casa das Artes Bissaya Barreto é de 400 pessoas e está aberta de 3.ª a sábado, das 15h às 19h (ou mais tarde caso haja Matinée, concerto ou outras iniciativas). «Faltava-nos um horário consistente. Na outra era esporádica, tínhamos a programação, mas as pessoas não podiam ir lá regularmente.» O espaço também permite ter exposições que não estão necessariamente relacionadas, nem perturbam o normal funcionamento da restante programação, como as sessões de quinta-feira dos Jogos de Tabuleiro. Há já uma década que estas actividades são promovidas na Casa das Artes pela Secção Boardgames AAC e agora têm também um espaço dedicado.

Maria Marques acumula os cargos de diretora e programadora. Fazem também parte da equipa Pedro Cosme, Bernardo Nascimento, Fábio Nóbrega e Rodrigo Melícias.

Resultado da junção de dois edifícios, o prédio tem entrada pela Castro Matoso e pela Rua Sousa Pinto, paredes meias com a Real República Ay-Ó-Linda e a sede da União das Freguesias. Além da sala que acolhe os Jogos de Tabuleiro e outras actividades como oficinas, há dois quartos duplos e três individuais para acolher residências artísticas, por proposta ou por convite, uma cozinha e uma casa de banho independentes. «Agora só falta tornar a casinha lá fora num bar e fazer o relvado», conclui a diretora antes de rumarmos à Sá da Bandeira.

bLast but not least

Este mês, a cidade despede-se da Casa das Artes Bissaya Barreto da Avenida Sá da Bandeira tal qual a conhece. Antes da requalificação que vai sofrer nos próximos três anos (tempo estimado), a fundação dá uma oportunidade única à comunidade e celebra o momento com a revelação de recantos escondidos do edifício e 38 intervenções artísticas espalhada pelos quatro cantos do prédio. Maria Marques explica que «tinha inúmeros consultórios que estavam fechados ao público» e muitos «vestígios» foram usados pelos artistas, com carta branca para criar «bLast», a derradeira mostra que pode ser visitada gratuitamente até 18 de Maio.

Com sérios problemas de humidade e infiltrações, a Fundação Bissaya Barreto decidiu avançar com a obra de requalificação depois de ter conseguido comprar o edifício ao município em 2021. «São poucas as coisas que serão mantidas», continua Maria. A fachada original fica, mas o plano é que o espaço se torne «mais acessível e capacitado, que consolide a missão de aproximar públicos à criação, produção e programação cultural». Inclui a criação de um estúdio de produção musical, uma sala de espetáculos com lotação para 140 pessoas, duas salas de exposições, espaço dedicado a residências artísticas e uma cafetaria.  

A Casa acolhe artistas emergentes no panorama da arte contemporânea, em exposições individuais e coletivas. Em 2023, destacaram-se as exposições de Luísa Ramires, nEcKo e as exposições coletivas [Entre Paredes] e do Festival Apura.

Começaram a trabalhar na «bLast» no final do ano passado. «Alguns artistas vieram já com ideias muito fixas, outros tiveram de fazer visitas para perceber que espaços usar e outros chegaram aqui e mudaram totalmente de ideias. Tínhamos muita coisa cá dentro e depois contámos com o apoio das Tintas Robbialac. «Estou impressionada com a quantidade de obras. É inacreditável. Estou a sentir que tenho de voltar com mais tempo», comenta uma visitante. É o resultado de cerca de 80 candidaturas e convites, originários de Coimbra, outras cidades de Portugal e países como Brasil,  França, Chile, Estados Unidos da América e Grécia. Ana Frois, Andrea Paz, Babu, Bernardo Nascimento, CALA x Vanda Santos, Catarina Parente, Coletivo Gambozino, Cyril Reichenbach, Gil Mac, Gonçalo Gaiola, Martîm, Saco da Baixa, Vitor Malva e Xana Eloy são alguns dos nomes a assinar os 38 projectos pensados de forma a proporcionar ao público uma experiência imersiva e interativa, antes de, como o título indica, ir tudo pelos ares.

«A transformação começa com o reimaginar dos espaços de toda a Casa, desde a cave ao sótão, com total liberdade para intervir na estrutura e objetos que persistiram ao tempo e às várias identidades que o edifício assumiu desde a sua construção», lê-se no catálogo. A exposição e a casa podem ser visitadas de 3.ª a sábado, entre as 15h e as 19h.

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