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Poética Glitch - Arte feita a partir de falhas do sistema

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Literatura Eletrónica para Crianças e Jovens

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Geodes - Recurso para mapear experiências vividas

Anotem

Marshall McLuhan

A vanguarda da literatura eletrónica reuniu-se em Coimbra para partilhar rupturas e inconformismos

Entre poesia glitch, literatura electrónica para crianças e formas de quebrar barreiras culturais entre academia, sala de aula e comunidade, foram dias de descoberta e maravilha na ELO 2023, em Coimbra.

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Fotografia: ELO Conference

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Um corpo de investigadores, professores e artistas de mais de 40 nacionalidades esteve em Coimbra para debater e mostrar como seus trabalhos estão a provocar mudanças sociais, através da literatura eletrónica e para superar divisões. A conferência anual da ELO – Electronic Literature Organization é uma (e a única) instituição académica norte-americana dedicado exclusivamente à investigação da literatura produzida para o meio digital. A organização realiza este encontro anualmente e intercaladamente nos Estados Unidos e na Europa. Esta foi a segunda vez em Portugal e a primeira em Coimbra, depois da cidade do Porto.

Palestras no Convento São Francisco, performances no Teatro Académico de Gil Vicente (TAGV) como palco e exposições no Exploratório – Centro Ciência Viva de Coimbra (vejam o separador no topo ⬆), tudo com o tema: Ultrapassar as divisões: Literatura eletrónica e mudança social, propondo a defesa do desmantelamento de barreiras económicas, políticas, linguísticas e culturais com foco na relação entre arte e sociedade e no potencial subversivo da literatura eletrónica.

Foto: Francisco Oliveira /GCI FLUC

Membro da comissão organizadora da ELO 2023, Manuel Portela é coordenador do doutoramento Materialidades da Literatura, que visa desenvolver em Portugal uma área emergente da investigação centrada na análise das materialidades digitais que caracterizam certas práticas e formas literárias contemporâneas. O professor da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra explicou que literatura digital e literatura eletrónica podem ser usadas como sinónimos, com a diferença de que a digitalizada não inviabiliza a outra, já que as tecnologias digitais fizeram surgir novos géneros literários.

Indagado sobre se a ELO 2023 é um evento de vanguarda, em razão da proposta do evento, Portela explicou que sim, na medida em que se transforma um ecrã em um universo de novas possibilidades para se contar histórias, explorar e construir novas narrativas. Com a absoluta concordância de Astrid Ensslin, da Universidade de Bergen, a membro do Comité Científico da ELO defende que o próprio manifesto da organização faz menção ao Dadaísmo, ao Surrealismo e ao Fluxus. Na verdade, vai mais além na definição: quebra barreiras e é essencialmente contra o sistema. «É totalmente anti-stablishment

Foto: Francisco Oliveira /GCI FLUC

Uma das principais oradoras do ELO 2023 foi Lori Emerson, professora da Universidade do Colorado e fundadora, em 2006, do Media Archaeology Lab, espaço de pesquisa interdisciplinar, experimental, ensino e prática criativa contendo uma das maiores coleções do mundo de médias ainda em funcionamento. Ela falou sobre «uma rede arqueológica de outrasnets, alternets, radionets» (A Network Archaeology of Othernets, Alternets, Radionets).

Emerson tem se dedicado a interrogar interfaces, gadgets, dispositivos e redes usadas todos os dias, ávida e freneticamente, e persuadir as pessoas a olharem sob o capô dessas coisas para aprender como funcionam, como repará-las, como mantê-las, e até mesmo como construí-los. Mas ela tem se interessado cada vez mais em ampliar seu foco: «tornar visíveis as forças amplamente corporativas e até mesmo ideológicas que silenciosamente geram histórias em vez de nos dar acesso a fatos materialmente fundamentados. E aquelas histórias não precisam corresponder a fatos ou realidades materiais. Nas histórias sobre tecnologia as coisas “simplesmente funcionam”, nas palavras da Apple».

Emerson enfatiza que desde que criou o Media Archaeology Lab segue a diretriz do canadiano teórico da comunicação Marshall McLuhan: «”O artista sente imediatamente as possibilidades criativas nas novas médias, mesmo quando elas são estranhas aos seus próprio meio… O artista é o historiador do futuro porque usa as possibilidades despercebidas do presente.” Todo o meu trabalho começa, às vezes se afasta e eventualmente termina com relatos de artistas que sondam os limites e possibilidades do que foi, a certa altura, uma rede nova e excitante».

Enquanto as sessões eram formadas por professores e artistas de diversas instituições ou independentes, um foi composta exclusivamente pelo corpo académico da Universidade de Coimbra. Jaqueline Conte, Ana Maria Machado, Ana Albuquerque e Aguilar, Joana Fonseca, Carolina Martins e Cecília Magalhães relataram seus projetos na mesa «Método, Média, Prácticas Pedagógicas: Posturas Experimentais para Mudanças Sociais».

Com a proposta de contribuir para a educação no contexto nativo de língua portuguesa, os trabalhos do painel mostraram quatro perspetivas relacionadas a experimentações pedagógicas e práticas digitais e multimodais como modelos potenciais para repensar e desmantelar barreiras culturais entre academia, sala de aula e comunidade, eliminar obstáculos que impedem esses atores de compreender a literatura eletrónica e as práticas digitais como ferramentas educativas para o letramento digital e a transformação social (vejam o separador no topo ⬆).

Foto: Francisco Oliveira /GCI FLUC

A presidente da ELO, Caitlin Fisher é diretora do Laboratório de Realidade Aumentada e do Laboratório Imersivo de Storytelling do Motion Media Studio da Universidade de York, no Canadá. Atualmente envolvida em pesquisas que exploram novas formas literárias em realidade aumentada e realização de  projetos de e-lit (literatura electrónica) que refletem as explorações que ela faz sobre o potencial da Inteligência Artificial (IA) ​​tornar o mundo estranho novamente, a académica apresentou alguns desses projectos na ELO 2023, que mostram o poder das formas narrativas experimentais que subvertem as expectativas para efetuar a mudança.

Ela disse que a intenção desses projetos é tanto mapear pontos distintos de intervenção – «talvez especialmente pertinente agora no contexto da ascensão das humanidades digitais» – como identificar tecnologias que permitem aumentar «a fidelidade do mundo real, para profissionais da literatura eletrónica, para quebrar e subverter expectativas e para abordagens ao prazer narrativo que podem ser um caminho poderoso para a mudança social». E perguntou, respondendo: «Por que fazer poesia experimental no fim do mundo? Fazemos isso para ver e sentir o mundo de novo; para refazer a nós mesmos e nosso público».

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