A tecnologia, temos vindo a dizer, desafia a humanização dos cuidados de saúde e a desejada proximidade aos doentes, mas basta lembrar-nos das vezes em que o factor humano significa tempo perdido, filas ao balcão ou chamadas em espera para admitirmos o contrário e reconhecer que nem sempre o atendimento presencial é a melhor escolha. As aplicações móveis para estar a par das consultas agendadas ou aceder ao historial clínico vivem deste paradoxo e, no caso de Coimbra, o impacto está medido: a app MyCHUC evitou cerca de 10 mil deslocações ao Centro Hospitalar e Universitário para reagendar marcações, pedir relatórios médicos ou atestados.
O balanço é «claramente positivo»: «84 por cento dos nossos utentes estão satisfeitos com a app», o que «reforça a nossa convicção de que este é um serviço útil que prestamos à população», conclui Rosário Velez Reis, administradora hospitalar. A aplicação conta já com cerca de 35 mil utilizadores e prevê-se que este ano o número aumente, na sequência da recente reforma do Serviço Nacional de Saúde, que passou a estar organizado em Unidades Locais de Saúde (ULS), que concentram numa única gestão os hospitais e centros de saúde da mesma área territorial.
Coimbra é, desde do dia 1, sede de uma das maiores unidades ULS do país, abrangendo mais de 400 mil utentes e a app MyCHUC vai passar a incluir os outros hospitais que integram a estrutura (Hospital de Cantanhede e Centro de Medicina de Reabilitação da Região Centro – Rovisco Pais) e, numa segunda fase, os centros de saúde.
Tal como a ULS, a aplicação procura a «proximidade ao utente» e «constitui um importante passo na concretização de uma saúde mais digital e inclusiva», resume Rosário Velez Reis. Do lado dos utentes, é possível resolver uma série de assuntos de forma autónoma, sem ser preciso contactar os serviços administrativos ou fazer deslocações; já para os CHUC há menos dispersão, «permitindo que os profissionais estejam mais focados noutros processos de trabalho».
Informações em tempo real
A app MyCHUC foi criada em 2021, pode ser usada em telemóveis, computadores ou tablets e descarregada através do Google Play, da App Store ou ainda deste link. Para terem acederem a todas as funcionalidades, têm de estar inscritos nos CHUC e fazer o registo na aplicação, usando a Chave Móvel Digital ou inserindo o número de utente do SNS e o número de telemóvel (tem de ser o mesmo que está registado no processo hospitalar).
A partir daqui podem receber informações e alertas sobre consultas agendadas ou que aguardam marcação e aceder a outras informações úteis, como os tempos médios de espera nas urgências e as farmácias de serviço. Ainda não é possível marcar uma ida ao médico através da app, mas dá para pedir datas alternativas às que são agendadas, fazer cancelamentos e solicitar remarcações. Caso faltem a uma consulta, por exemplo, recebem uma notificação que fica activa durante sete dias para que possam pedir uma nova marcação.
Além do reagendamento de consultas, através da app podem também pedir relatórios clínicos, atestados médicos de incapacidade multiúsos (no caso de doentes oncológicos) e ainda aceder às declarações para justificar faltas ao trabalho ou à escola. À saída do hospital, também não têm de ir ao balcão por causa das taxas moderadoras: na aplicação conseguem saber quanto devem e qual referência de multibanco devem usar para fazer o pagamento.
Desde Maio que, também usando a app, os acompanhantes dos doentes dos serviços de urgência dos CHUC podem obter informações em tempo real e ficar a par do que está a acontecer aos familiares ou amigos – desde a triagem à possível alta ou internamento. Para tal, basta que, aquando da inscrição do paciente nas urgências, seja também dada nota do nome e contacto do acompanhante. É possível receber os dados por SMS, caso não tenham a app instalada.
As notificações em tempo real aos acompanhantes, destaca Rosário Velez Reis, atenuam «em muito a ansiedade, tranquilizando-os, porque a informação que vão recebendo os faz sentir mais próximos do doente».
A app só está disponível para quem tem mais de 16 anos, mas «em breve» haverá um «alargamento aos utentes menores». Há mais novidades a caminho: a ideia é incluir também na aplicação o agendamento de análises e exames de imagiologia, sendo que nas maternidades já constam as marcações de ecografias.
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