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A vida em Loop na Praça do Comércio

Valorizar e renovar são as missões da empresa Loop Co. que reforçou a sua presença na Praça do Comércio, também conhecida como Praça Velha, na Baixa de Coimbra. Depois das antigas Galerias Coimbra, ocupam o antigo claustro do Hospital Real de Coimbra, que durante anos albergou a papelaria Marthas.

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Fotografia: Mário Canelas

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São visíveis as marcas de tempo no novo espaço da Loop Co. na Praça do Comércio, em Coimbra, e das várias vidas que o próprio edifício já teve. Um ciclo (loop em inglês) que começou no século XVI e a prova está à porta, com a placa oficial informativa sobre o Antigo Hospital Real. Na parede, semi-tapada, outra velha placa mas da papelaria Marthas, que ainda não se sabe se é ou não para manter. Nas portas de vidro, o nome da loja chinesa que até há pouco tempo ali funcionava. 


A ocupação da Loop Co. é ainda discreta. O espaço foi inaugurado a 8 de Abril, para assinalar os três anos da empresa,  mas ainda decorrem as obras de adaptação  às necessidades da empresa, por isso só no Verão começa a ser verdadeiramente «habitada». Nada que incomode aos dois dos quatro fundadores da empresa, Manuel Tovar e João Rodrigues, que nos levam a conhecer o espaço que começa na montra com objectos dos projectos iniciais da empresa, Book In Loop e Baby Loop, focados no comércio online de livros e produtos de puericultura em segunda mão. «[Este espaço] vai estar aberto à interacção com o público, que quer vender ou comprar produtos em segunda mão, sejam os que estão em exposição na loja, seja os que estão no nosso armazém, visíveis através de um tablet», conta Manuel Tovar.

Entramos para o antigo claustro onde, nos arcos dos corredores laterais, vão nascer espaços de reunião. A ideia é fechar as arcadas com vidro, mantendo a arquitectura original. «A nossa intervenção vai ser muito pequena», lança Manuel Tovar. À entrada, nas costas daquela que será a montra de produtos da Loop Co., também com arcadas, estão previstas  salas para videoconferências, para responder às necessidades dos tempos actuais. A zona central tem dupla utilização, com ilhas de trabalho e um espaço de apoio a um pequeno palco, ao fundo, que servirá também de auditório. 

«A arquitectura em open space vai permitir muita flexibilidade e tanto usar o espaço para grandes eventos como usá-lo como espaço de trabalho». A Loop Co. arrendou apenas o rés-do-chão do edifício que é propriedade privada, com 400 metros quadrados que vão permitir colmatar as necessidades impostas pelo crescimento da empresa criada em 2016, na incubadora do Instituto Pedro Nunes. Actualmente são uma centena de trabalhadores, sobretudo engenheiros formados nas instituições de ensino superior de Coimbra, e a expansão irá permitir duplicar a capacidade laboral.

A procura por um novo espaço contou com o apoio do Gabinete de Apoio ao Investidor da Câmara Municipal de Coimbra, segundo os empresários, com o vereador Miguel Fonseca a destacar a Loop Co. por dar «o exemplo ao preservar o património histórico e arquitectónico do antigo Hospital Real e a assegurar o interesse na dinamizaг de todo o espaço envolvente», numa reunião do executivo.

Dar vida à Baixa

A Loop Co. instalou-se na Praça do Comércio em 2019, no antigo edifício das Galerias Coimbra, devoluto à altura. «Optámos pela Baixa porque é uma área que tem sido pouco valorizada mas que tem um potencial enorme, e queremos entrar nesse movimento de regresso e de dar vida à Baixa», conta-nos Manuel Tovar. Os responsáveis da empresa admitem que estão «a fazer o possível» para darem fazerem o seu contributo para a revitalização da zona da cidade,  levando pessoas para lá trabalharem, que consomem e que acabam por viver no centro histórico ou em zonas adjacentes. 

«Tudo isto é uma relação simbiótica entre o comércio, a restauração, os escritórios e a habitação. E tudo o que pudermos fazer para contribuir para essa revitalização faremos, tanto por interesse próprio, porque beneficia o nosso espaço de trabalho, como porque é uma das motivações que nos trouxe para a Baixa.»  

Manuel Tovar, co-fundador da empresa tecnológica


No contributo para a revitalização da Baixa, ancorada nas ideias de sustentabilidade e economia circular, a empresa abriu parte do antigo edifício das Galerias Coimbra, onde ocupa três andares, a outros negócios, confluindo no mesmo espaço comércio, lazer, restauração, pela mão da Coola Boola. «Uma das razões para virmos para edifícios históricos é também abri-los à cidade, e isso significa ter as nossas equipas lá a trabalhar, recebermos lá todos os nossos parceiros mas significa também estarmos abertos à sociedade civil, como tem acontecido no actual edifício onde que já se organizaram diversas conferências», remata Manuel Tovar.

Embora admitindo dificuldades na instalação de uma empresa em qualquer centro histórico de uma cidade, Manuel Tovar é optimista. Para o empresário os obstáculos, como a dificuldade de estacionamento, acabam por ser vencidos por «todas as vantagens que o centro histórico também representa», como encontrar, por exemplo, facilmente um espaço para almoçar. Mas não só. No lado das vantagens, Tovar destaca ainda a «qualidade do espaço de trabalho, a beleza e a envolvente», que marca quem lá trabalha mas também quem visita, nomeadamente os parceiros da empresa, que em geral chegam de Lisboa ou do Porto. 

«Felizmente gostam muito de vir reunir-se presencialmente. Ficam sempre muito interessados pelo espaço e invejam a nossa equipa por ter um espaço em que consegue estar em relação com a cidade e que não são aqueles espaços assépticos de quase ambiente hospitalar, de corredores com janelas, com portas e secretárias todas iguais. É um espaço com carácter, com vida e com passado. Acho que isso dá uma perspectiva diferente às pessoas», remata. 

Coimbra: a localização ideal

Estar no centro do país não é um inconveniente para a Loop Co., antes pelo contrário. Manuel Tovar considera a localização ideal porque permite estar «um bocadinho perto de tudo o que se passa em Portugal» e, por outro lado, ter um contacto directo com os talentos formados nas instituiçõesinstitucionais de ensino superior. 

«Estamos ao pé de uma universidade e de um Instituto Politécnico que formam mais de cinco mil engenheiros todos os anos e essa é a nossa matéria-prima em bruto que nós necessitamos para o nosso trabalho», observa.  Nesta ligação estreita à formação, a empresa criou um conjunto de academias de formação profissional direccionadas para jovens licenciados nas áreas das diferentes engenharias, a Loop Sharp. «Num período curto, de três meses, recebem formação profissional intensiva que os prepara para o mercado de trabalho. Ao contrário do que acontece na universidade, nós abrimos as vagas para este processo de formação com base nas necessidades do mercado directamente». 

Além de receberem uma bolsa durante a formação, os formandos entram já com a garantia de um contrato de trabalho de um ano assim que terminarem a certificação na Loop Co. ou em outros parceiros da empresa, como a Delloite ou a KPG. «É um projecto muito importante para nós, porque o desenvolvimento tecnológico só é possível com o talento e com o talento que é gerado em Coimbra, na Universidade de Coimbra e no Instituto Politécnico. Este projecto permite também acelerar a velocidade com que os jovens saem do banco da universidade e passam a contribuir para o desenvolvimento deste tipo de soluções tecnológicas», diz Manuel Tovar.

A rota de sucesso 

Com seis anos de existência, metade passados numa incubadora de empresas, a Loop Co. tem sido um projecto em crescimento. O arranque da startup dá-se com a Book in Loop, dedicada à troca de livros escolares. Em 2019, nasce a Baby Loop seguindo o mesmo modelo e graças a uma ideia de Carolina Patrocínio, mas agora com produtos para bebés e puericultura. Com uma aposta sempre na vertente tecnológica, a empresa tem vindo a dedicar-se também ao desenvolvimento de soluções de transição digital e de electrónica, com a Loop Future.

«Desde cedo que tivemos necessidade de desenvolver competências tecnológicas para o crescimento destes produtos e essas mesmas competências tecnológicas acabaram por nos permitir não só desenvolver os nossos próprios produtos, mas começar a desenvolver produtos digitais de parceiros que foram surgindo», conta Manuel Tovar. As sinergias têm aplicações práticas. O exemplo mais recente é o projecto-piloto «Do velho faz novo», de recolha de embalagens de plástico em mais 20 supermercados do país, com tecnologia da empresa. 

«Cruzámos muito das nossas competências da economia circular e sustentabilidade da Loop Circular com as competências de desenvolvimento de software e electrónica da Loop Future», observa. A empresa esteve ainda na linha da frente do regresso aos grandes eventos ainda em plena  pandemia, através de uma parceria com a Cruz Vermelha Portuguesa e a Ticketline no sentido da optimização da plataforma de venda de bilhetes online. «A leitura do bilhete da Ticketline à entrada dos eventos permitia, num acto único, a leitura do bilhete, não só identificar se  era válido mas também se a pessoa tinha feito um teste de Covid-19 negativo nas últimas horas e permitir o acesso», explica-nos Tovar.

A empresa continua a trabalhar com Ticketline numa «renovação completa da experiência para quem compra bilhetes, para quem vai a um evento e para quem organiza eventos», acrescenta João Rodrigues, director tecnológico. Sem revelar mais detalhes, o responsável fala de «uma experiência completamente nova que se vai começar a sentir em breve» e que terá «também grande impacto».

Da internacionalização à venda 

Outra área em que a Loop Co. apostou foi a  da consultadoria e engenharia de dados com a BiLD Analytics, fundada em 2018, que acaba de ser vendida à britânica Ascent. A empresa de Coimbra teve parceiros como a TripAdvisor, a Carlsberg e a Avanade, uma joint-venture da Accenture e da Microsoft. Manuel Tovar reconhece que foi o ramo do grupo que «foi mais à frente e mais rapidamente nesse esforço de internacionalização», ajudado pelo facto de «estar menos preso à localização física». 

A aquisição pela Ascent, líder europeia em serviços digitais, acaba de ser anunciada, com João Bernardo Parreira, co-fundador da Loop Co., a ressaltar «o prazer de fazer parte da história da BiLD e de a ver crescer ao ponto de atrair um líder de mercado tão significativo». «Fazer parte da Ascent permitir-nos-á continuar a desenvolver a nossa especialização em ecossistemas como o Azure e o Databricks, ao mesmo tempo que nos permite escalar mais rapidamente», assume, por sua vez, Diogo Dias, fundador e sócio-gerente da BiLD, sobre o passo agora dado.

Do lado da Ascent, o CEO, Stewart Smythe, conta que, no último ano, depois de ter olhado para «um grande número de empresas semelhante em toda a Europa», a BiLD se destacou «tanto devido à profundidade das suas capacidades Azure e Databricks como à sua ambição e potencial de crescimento».

O segredo 

Manuel Tovar associa o crescimento da Loop Co. à qualidade da equipa, formada em Coimbra, que «depois leva à capacidade de desenvolvimento». No aproveitamento de talentos, João Rodrigues acrescenta a autonomia e liberdade dada a todos os membros da equipa que diz ser «uma estratégia assumida». «Qualquer pessoa que vem para a Loop vem fazer parte de algo, do projecto, da empresa, e nós não temos medo de entregar responsabilidades. Os erros são para se cometer e toda a equipa está cá para suportar e avançar nessa direcção».

Para João Rodrigues outra das mais-valias da empresa prende-se com a agilidade e abordagem pragmática que fazem aos projectos «Não olhamos para o projecto como um serviço que nós entregamos e que depois o cliente põe a funcionar. Como nos colocamos lado a lado com eles, conseguimos avaliar e tomar decisões e opções de desenvolvimento, até faseado, e colocar soluções em tempo recorde», conclui. Neste percurso, para Manuel Tovar, tem ainda sido fundamental «a capacidade de casar o software com o hardware, a tecnologia com os negócios e com as operações logísticas».

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