Muitos são os que acreditam que a vida deve ser feita de experiências únicas e inesquecíveis. No entanto, nem todos vão verdadeiramente em busca dessas experiências e se empenham para as alcançar.
Gosto de pensar que contrario essa tendência e não perco uma oportunidade que acredito ter o poder de marcar a minha vida. O meu interesse por aventuras ímpares permitiu que me apaixonasse pela iniciativa «Zero-G Portugal – Astronauta por Um Dia», desde o momento em que a minha mãe ma apresentou.
Apesar de nunca ter sonhado com uma carreira ligada à astronomia, fiquei entusiasmado com a possibilidade de realizar um voo sem gravidade caso fosse um dos 30 finalistas do concurso. Estava certo que esta seria uma daquelas experiências que nos enche de orgulho e alegria sempre que a recordamos.
Contudo, também sabia que o caminho que teria de percorrer para ser selecionado para o voo parabólico não seria nada fácil. E não foi mesmo! Tive de passar por várias fases de seleção cada vez mais desafiadoras, mas ao mesmo tempo mais divertidas.
Comecei por gravar um pequeno vídeo de 45 segundos em que explicava a minha motivação para participar no concurso. Nesta primeira fase, a iniciativa recebeu 552 candidaturas! Posteriormente, realizei testes psicotécnicos que avaliaram o meu raciocínio espacial e a minha memória visual.
Na terceira fase, dirigi-me a Gondomar para realizar alguns testes físicos que procuravam identificar os mais capacitados para embarcar nesta aventura. Por fim, fui sujeito a uma entrevista em que três jurados avaliaram a minha capacidade de comunicação. Foi um processo longo, mas extraordinariamente gratificante.
A preparação para o voo começou no final de agosto. Durante três dias, tive a oportunidade de realizar diversas atividades na Base Aérea n.º 11, em Beja, graças a uma enorme articulação entre a Agência Espacial Portuguesa e a Força Aérea Portuguesa, com o apoio da Câmara Municipal de Beja.
Conheci pessoas verdadeiramente incríveis, desde outros finalistas de diversas zonas do país, a cientistas, a investigadores e ao astronauta profissional Matthias Maurer, que esteve durante seis meses na Estação Espacial Internacional.
Apesar de termos chegado a Beja ainda em agosto, foi apenas no dia 3 de setembro que realizámos o tão desejado voo. Não havia absolutamente ninguém que não estivesse tão empolgado como uma criança quando recebe um presente. Afinal de contas, este foi o presente que recebemos em resultado de todo o empenho que demonstrámos para estarmos aqui.
O avião designado para o voo foi o Airbus A310 Zero G da Novespace. Este fantástico avião descreveu 16 parábolas, permitindo-nos experienciar, em cada uma das parábolas, 22 segundos de gravidade reduzida. Foi algo único e muito provavelmente irrepetível. É uma sensação muito difícil de explicar pela sua invulgaridade. Flutuar no ar é talvez o melhor que consigo para ilustrar a experiência do voo. São momentos que ficarão eternamente gravados na nossa memória!

Já depois de termos aterrado, recebemos os nossos merecidos diplomas, acompanhados de uma pequena réplica do avião em que voámos. A cerimónia de encerramento contou com a presença do Ministro da Educação, João Costa, e da Ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Elvira Fortunato, e incluiu ainda um almoço comemorativo.
Enquanto embaixador do «Zero-G Portugal – Astronauta por Um Dia», prometo divulgar ao máximo esta iniciativa por saber que é uma experiência imperdível e que nos faz amar ainda mais os anos que passamos neste planeta.

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Lourenço Ribeiro é de Coimbra e é aluno do 12º ano do Colégio da Rainha Santa Isabel
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