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CresceRio: descobrir, abraçar e reclamar natureza através do teatro

A descoberta de rios e ribeiros de Coimbra vai dar espectáculo no Convento São Francisco no Sábado, dia 27 de Maio. A peça encerra a segunda edição do projecto voluntário e comunitário do MARE em parceria com a companhia Marionet.

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Fotografia: Mário Canelas, Marionet

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«Pro…pro…pro…», diz a pequena actriz. «Protestar! Sabes o que é, não sabes? É reclamar, é dizer que não se concorda com alguma coisa», ajuda o encenador. O elenco é inexperiente mas está motivado. São alunos do Centro Escolar Solum Sul e vão na terceira e última etapa da segunda edição do Projecto CresceRio, uma iniciativa sobre a defesa, preservação e consciencialização do mundo que as rodeia criado pelo MARE/ARNET – Universidade de Coimbra, Departamento Ciências da Vida em parceria com a Marionet, o Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro e o PROAQUA.

O objectivo do CresceRio é dar a conhecer os ecossistemas ribeirinhos urbanos, nomeadamente os da cidade de Coimbra e a sua biodiversidade e problemas. Para além de pensar o contacto que a comunidade tem com esses ambientes, o propósito é o desenvolvimento da responsabilidade cívica na sua preservação e recuperação.

Tudo começou em 2018. Nada como visitar rios urbanos e ribeiros locais para aproximar a comunidade escolar – alunos, professores, auxiliares e famílias – dos ecossistemas aquáticos de Coimbra. Aqueles que os pequenos muitas vezes não sabem que existem ou então acham estranhos porque «têm muitos bichos», mas rapidamente percebem que são importantes, ricos mas tantas vezes desprezados por nós, humanos. A primeira edição do CresceRio decorreu ao longo dos quatro anos e o aproveitamento foi tão grande que o projeto avançou para a actual segunda, interrompida pela pandemia de covid-19 mas ainda assim também bem sucedida na Escola EB1 da Solum Sul.

Depois das saídas de campo, as crianças passam pela experiência de laboratório, onde aprendem com especialistas a observar e descobrir os achados ao microscópio e segue-se a montagem do espetáculo final. Constituído de pequenas peças sobre o tema, é feito em colaboração com todos os alunos envolvidos e a partir do contacto com a natureza que, em muitos casos, de outra forma não existiria e refletindo sobre ela através do processo artístico.

«Quando se fala em qualidade da água normalmente fala-se na qualidade química, mas a qualidade ecológica é diferente porque tem a ver com a vida que lá existe e essa normalmente não é tida em conta mas faz toda a diferença», explica Mário Montenegro. O director artístico da Marionet e encenador conta que «já houve projectos para naturalizar as nossas ribeiras urbanas, desenterrá-las, como se faz em muitos sítios da Europa hoje em dia, mas muitas vezes esbarram nas pessoas que estão nas câmaras e às vezes tem a ver com a vida das próprias pessoas, que não sabem bem de quem se rodear para poderem ser aconselhados a fazer as coisas de outra forma».

«É a melhor forma de guardarem e depois poderem transmitir e desenvolverem aquilo que aprenderam, eu espero que fique lá uma sementinha que germine e cresça como as ribeiras.»

Ana Margarida Silva, professora do Centro Escolar Solum Sul

«Hoje em dia faz-se muita coisa na base do betão e do alcatrão», dispara, e dá como exemplo a ribeira do Vale das Flores. Passa por baixo da ponte [Rainha Santa Isabel] mas foi prejudicada pela construção da ciclovia e recebe descargas de esgotos. O trabalho da Marionet, companhia de teatro fundada em 2000 focada no cruzamento das artes performativas com a ciência que admite que «está sempre a aprender», é aproximar temas aos quais as pessoas não têm acesso habitualmente, torná-los interessantes e aproximá-los das pessoas.

E as escolas? «É fundamental tirá-los das salas, estão tão habituados e estar dentro das salas, no digital conhecem tudo, mas depois a realidade mesmo não. Irem para a ribeira, meterem os pés na água, sentirem a força da água, para eles é um enriquecimento», diz Ana Margarida Silva, professora do primeiro ano. E o teatro «acaba por ser uma forma de eles interiorizarem muito mais aquilo que vivenciaram. É a melhor forma de guardarem e depois poderem transmitir e desenvolverem aquilo que aprenderam, eu espero que fique lá uma sementinha que germine e cresça como as ribeiras. Quando lhes disse que iam explorar as ribeiras perguntaram-me logo: mas em Coimbra há ribeiras?» Ribeiras com seres vivos, vegetação e indicadores importantes sobre a nossa saúde e ambiente.

O CresceRio não é financiado. Resulta da boa vontade das cientistas e da Marionet que aos 23 anos de actividade continua sem ter um espaço próprio para trabalhar. «Somos financiados anualmente pela Câmara Municipal de Coimbra mas os espaços parece que é muito difícil ceder, é mais fácil dar dinheiro do que dar espaço», diz Montenergo sobre a companhia que recebe um apoio sustentado da Direção-Geral das Artes.

Descobrir o significado de palavras que parecem inventadas, um pescador que não sabe onde se sentar, uma reunião de inquilinos aquáticos descontentes, amigos do coração com um apetite aguçado e invertebrados que não estão satisfeitos com a vida que levam é o que se vai poder ver no dia 27 de Maio, na Black Box do Convento São Francisco. As Vidas do Rio, espetáculo sobre ribeiros urbanos e seus ecossistemas, lança um olhar que vai desde a relação das pessoas com os rios até àquilo que estes contêm e que nos é invisível.

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