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Temos uma reserva «corta-fogo natural» a expandir-se em Coimbra

Localizada na Freguesia de Almalaguês, a Bio-Reserva Senhora da Alegria enfrentou três incêndios nos últimos 25 anos e resistiu a todos. A associação MilVoz está neste momento a fazer uma angariação de fundos para ampliar a zona de preservação natural que fomos conhecer.

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Fotografia: Mário Canelas

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Por volta dos 15 anos de idade, Manuel Malva costumava circular pela região de Coimbra Sul de bicicleta, a descobrir novas paisagens. Mapeava-as no Google Earth para identificar sítios interessantes do ponto de vista da natureza. Um dia, ele conheceu uma encosta e percebeu que «havia algo especial» naquele sítio. «Acabei por nunca mais o esquecer», conta. Hoje, aos 27, Malva é o biólogo que preside a Associação de Protecção e Conservação da Natureza, a MilVoz.

Em setembro de 2019, quatro meses depois de criada, a MilVoz adquiriu parte daquele «sítio inesquecível» e o batizou de Bio-Reserva Senhora da Alegria. A rica biodiversidade, o potencial para ações de educação ambiental e a resiliência do terreno aos incêndios florestais tem motivado a Associação a buscar caminhos para ampliar sua área de gestão e conservação – e o mais ousado deles é um crowdfunding em curso, no valor de 33.000€.

Localizada a 15 km do centro de Coimbra, entre as povoações de Almalaguês e Rio de Galinhas, a Bio-Reserva Senhora da Alegria é um «oásis de biodiversidade». Na fauna são observados animais terrestres como o corço, a gineta, o esquilo-vermelho, veados e javalis. No Ribeiro dos Polomos, que marca o limite da Bio-Reserva, dominam as lontras. E no ar estão mais de 70 espécies registadas. Há também anfíbios como a salamandra-lusitânia e a rã-ibérica, exclusivos da Península Ibérica.

É na flora, porém, que está um dos mais recentes e estimados exemplares listados pela equipa da MilVoz. Trata-se da Campanula alata, uma planta discreta que se destaca por uma pequenina flor violeta e que está classificada como vulnerável pela Lista Vermelha da Flora Vascular de Portugal Continental. «Esta primavera encontramos a Campanula alata, espécie da flora bastante rara, no contexto nacional, e ainda mais na região Centro. Isso enaltece a característica de autêntico reduto natural deste espaço, um oásis de biodiversidade que ainda permanece relativamente bem conservado, no contexto de uma região que já está bastante degradada», enfatiza Malva.

A resistência à devastação florestal causada pelos incêndios também encontra na Bio-Reserva um salvo-conduto, já que seu bosque de folhosas e a humidade do solo, combinados a um ribeiro perene e aos charcos, transformam a Senhora da Alegria em uma barreira natural contra incêndios. «A área da Bio-Reserva esteve rodeada pelo fogo de grandes dimensões, nos últimos 25 anos, por três vezes.  E sem combate direto, ela sempre sobreviveu – e isso deve-se a vários fatores, sobretudo pela exposição a Norte, uma encosta muito mais úmida, abundante em água, mas também por ter um bosque nativo frondoso, muito bem estabelecido, que é muito mais resistente à propagação das chamas. As espécies nativas atlânticas – folhosas, carvalhos, castanheiros – são muito mais resistentes aos incêndios e comportam-se como corta-fogos naturais. Há na Senhora da Alegria uma junção de fatores que têm salvado este espaço», destaca Malva.

Expandir a Bio-Reserva para combater incêndios florestais

A constatação de que a Senhora da Alegria é uma barreira natural capaz de parar incêndios florestais reforçou o desejo de ampliar os espaços de recuperação e conservação da fauna e flora locais. «Devemos expandir áreas como essa para tornar a nossa paisagem mais resistente e resiliente ao fogo. Este terreno é um exemplo do que deve ser a meta para a floresta, aqui na região, no combate aos incêndios», explica. De 2019 a 2022, o hectare adquirido ganhou duas ampliações, com alguns pequenos terrenos contíguos, mas a proposta agora é adquirir oito novas áreas nas proximidades e criar na região uma rede de Bio-Reservas de alto valor ecológico.

O crowdfunding lançado no último mês de setembro é o segundo feito pela MilVoz. A experiência de estreia no financiamento colectivo foi para a aquisição do terreno atual e contou com a participação de 164 pessoas para o alcance de 3.500€ em três meses. Deu certo. Agora, no mesmo prazo, o objetivo é levantar um valor quase dez vezes maior – são 33.000€ no total, divididos em duas fases: a primeira para aquisição de sete terrenos, no valor de 22.000€; e a segunda para adquirir o oitavo terreno, onde se pretende criar um centro interpretativo – este no valor de 11.000€. «O sentimento em relação a essa segunda angariação de fundos é de novidade e imprevisibilidade. É muito mais ambicioso e temos que atingir públicos diferentes. Neste momento ainda estamos a apostar na divulgação», explica Malva.

A aposta na ousadia da proposta tem funcionado. Em aproximadamente duas semanas, o valor arrecadado passou de 3.500€ para quase 11.000€. Caso a meta integral não seja atingida, os planos da MilVoz são de adquirir os terrenos mais próximos à Senhora da Alegria e seguir no objetivo de ampliar a rede de espaços de biodiversidade saudáveis e protegidos de monoculturas nocivas ao equilíbrio ambiental. A engenheira do ambiente Soraia Almeida, voluntária na equipa da Associação que responde pelas acções de educação ambiental com crianças na Bio-Reserva, comenta sobre a importância de ampliação em causa. «Esta equipa que tem feito um trabalho extraordinário, ao incentivar as pessoas a estarem atentas à preservação ambiental. Com essa ampliação, especialmente na proposta do Centro de Observação, é possível realizar atividades um bocadinho mais ricas, com conteúdos que outras pessoas podem utilizar”, destaca.

Mais que natureza, cultura e integração social

A área adquirida pela MilVoz foi nomeada em referência à capela de Nossa Senhora da Alegria, uma construção do Séc. XVII e principal ponto de orientação para se chegar ao terreno. Há muitos anos, peregrinos costumavam chegar à capela por trilhos que passam dentro da atual Bio-Reserva. Abandonado por muito tempo, o trilho foi recuperado pela equipa da Associação – e a reabertura do caminho histórico usado na peregrinação ajudou a aproximar moradores locais e Associação. «A recuperação do trilho natural foi um dos fatores que levou à aceitação por parte das comunidades locais – não tanto pela vertente ambiental, mas por essa ligação cultural, histórica, da romaria à Senhora da Alegria», conta Manuel Malva.

Um dos entusiastas do trabalho da MilVoz na Senhora da Alegria é Belmiro Antunes, provavelmente o único remanescente que ainda mantém uma horta nas proximidades da bio-reserva. A sua presença e memória representam aquilo que foi, durante muito tempo, o cenário naquelas encostas. «Há 50 anos ou mais isto funcionava em pleno. Era tudo regado, tudo agricultura familiar. Não havia aqui empresas. Depois foi tudo abandonado, estava tudo cheio de silvas. Quando me reformei, voltei para cá para cuidar da terra», recorda Belmiro, enquanto colhe azeitonas para o azeite e couves para a sopa.

«Isto é muito trabalhoso», diz, referindo-se ao cultivo da terra. «Eu fui criado nisto, mas a rapaziada já não quer». Às voltas dos seus 80 anos, ele fala com alegria sobre o sistema de regas que havia na região e tristeza sobre a derrubada de árvores nativas que ocorreu recentemente num terreno contíguo à bio-reserva. «Tínhamos planos de adquirir a área, mas infelizmente chegamos tarde e as árvores foram cortadas», lamenta Manuel Malva. Para que outras cenas de destruição da biodiversidade possam ser evitadas, a MilVoz segue espalhando sementes de educação ambiental e motivação entre as comunidades locais, voluntários e doadores, na esperança de colher mais e melhores frutos. «Eu quero continuar a fazer a minha parte, incentivando as pessoas neste trabalho extraordinário. É importante nós todos fazermos a nossa parte», destaca Soraia Almeida. Fica feito o convite.

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