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A Geração Coolectiva acabou e a grande vencedora foi Coimbra

A iniciativa pioneira e gratuita da Coimbra Coolectiva deixou um rasto de boas ideias e energia positiva no ar. O júri distinguiu 5 dos 16 projectos em competição e as mais de quatro dezenas de participantes pediram mais.

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Fotografia: Mário Canelas

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Os olhos brilham. Sente-se o perfume da mudança no ar. Quarta-feira, dia 22 de Fevereiro, o Nest Collective recebeu pela última vez o grupo de 40 sonhadores-fazedores que dedicaram as suas quartas-feiras ao final da tarde e hora de jantar a desenvolver ideias com potencial para mudar Coimbra. Nos dias 18 e 25 de Janeiro e 1, 15 e 22 de Fevereiro, entre as 18h e as 22h, acendia-se a faísca das soluções na Geração Coolectiva, com um grande espírito empreendedor nesta festa que também foi uma celebração da diversidade e do sentimento de pertença em Coimbra.

Bairros colectivos, humanizar a saúde, percorrer os caminhos de Santo António, acabar com as garrafas de plástico nos restaurantes e oferecer uma alternativa ao ensino tradicional foram as ideias distinguidas pelo júri composto por Bernardo Patrão, Helder Loio, Filipa Alves, João Claro, Sara Matos e Sofia Correia. Mas entre as 16 propostas em competição também houve quem propusesse comércio flash em edifícios devolutos, aplicações que permitem explorar melhor a cidade, promover o encontro entre gerações ou simplesmente entre pessoas que querem fazer o mesmo desporto no bairro, abrir um restaurante comunitário, voar através do pole dance, energizar os bairros, empoderar a cidade através da terapia, pôr em contacto donas de casa e artistas, criar uma cooperativa cultural e um espaço de cowork artístico.

Não faltou energia, compromisso e vontade de pôr a mão na massa nas sessões de capacitação desenhadas pela Shift a convite da Coimbra Coolectiva. Todas as quartas, a nossa equipa, Ana Monteiro, Hendrik von Niessen e Rui Vieira abriram as portas do mundo do empreededorismo aos cidadãos que se inscreveram e foram rigorosamente assíduos. Até quando não podiam estar, arranjavam quem os substituísse. Do casal que acabou de se mudar para a cidade e que trabalha com a bebé ao colo aos que tiveram de fintar os horários de outras actividades ou vencer a vontade de ficar no sofá, a sala tinha sempre os 40 lugares ocupados e a mesa composta para o jantar partilhado – poucos levavam marmita só para si.

Cinco sessões em cinco semanas


«Eu saio sempre daqui com a sensação de ter um mundo de possibilidades», atirou Regina Lopes numa das noites de programa de capacitação da Geração Coolectiva, à saída do Nest Collective, pelas 21h30. «Aprendi tanto», complementa outra participante, «dá vontade de fazer uma coisa destas todos os meses.» O programa de capacitação começou logo após o grande evento da Geração Coolectiva, a 14 de Janeiro, nas instalações da antiga Coimbra Editora. A fasquia estava alta, não tivéssemos conseguido juntar mais de uma centena de cidadãos com vontade de arregaçar as mangas pela transformação da cidade num sítio melhor.

Durante um dia, tudo foi possível. Uma Coimbra mais amiga do ambiente, onde as pessoas se cruzam mais, resolvem mais facilmente os seus problemas, conhecem melhor o lugar onde vivem, combinam mais facilmente encontrarem-se, fazer desporto, tratam melhor os seus mais vulneráveis, praticam pole dance para se empoderarem – o céu era o limite.

Na primeira sessão do programa de capacitação, Claudia Acabado mudou de papel. Do palco montado na Coimbra Editora, a empresária e co-fundadora da tecnológica Bloco vestiu a pele de mentora, aceitando o convite para apoiar os participantes com as equipas Shift e Coimbra Coolectiva. Claudia entregou de bandeja a sua experiência pessoal no empreendedorismo e alguns truques – como a espionagem industrial – para vingar nos negócios, aqui e em qualquer lugar. Falou-se Dos Problemas às Soluções e os projectos em grupos e individuais começaram a mexer.

«Nunca se sintam pequenos demais por estarem aqui em Coimbra a dar o primeiro passo, com pessoas anónimas, a tentar dar um passo que talvez só responda ao problema de três ao quatro pessoas.»

Filipe Almeida, presidente do Portugal Inovação Social

Na segunda sessão, intitulada Da Pessoa aos Relacionamentos, foi a vez de José Carlos Mota e Li Furtado prestarem o precioso apoio aos participantes. «Aprendemos tanto quando juntamos pessoas de idades diferentes, perfis diferentes, de mundos diferentes», atirou o professor da Universidade de Aveiro. O também investigador e activista pelas causas da cidadania e das cidades contou como construiu recentemente um laboratório cívico para experimentar soluções com as pessoas num lugar onde existem muitos problemas: a comunidade cigana da Maia. «Todas as comunidade conseguem encontrar as suas próprias soluções, mesmo as mais frágeis. Inspirem-se nas vossas histórias de vida para construirem os vossos projectos porque elas vão ser de mobilização e com capacidade de levar as outras pessoas atrás.»

Li Furtado começou por dizer: «Sou muito parecida com vocês, estive em sessões como esta» começa por dizer a empreendedora (que não se considera empreendedora), fundadora da Cinco, marca nacional de jóias minimalistas. «Procurem ouvir a voz mais desconfortável de todas, aquela que vos deixa incomodados, porque ela significa que provavelmente está na hora de darem outro salto», atira a empresária na sua apresentação. Começando por dizer que «antes dizia muito mal de Coimbra», Li afirmou que a dimensão da cidade foi «essencial» para o seu trabalho para o qual considera essencial «ter um espírito inquieto».

Antes de se sentarem nas mesas a trocar ideias com os participantes, na sessão Das actividades à transformação também Ricardo Pereira, venture developer na Mierlog Consulting‍, apaixonado por consultoria e desenvolvimento de negócios, partilhou como é trabalhar diariamente com um canvas de negócio, habituado a lidar com negócios que vão desde o turismo à indústria alimentar. «Vocês estão aqui para fazer algo novo» mas «não há sucesso sem trabalho», atirou.

Na terceira sessão, a Geração contou com Filipe Almeida, presidente da Portugal Inovação Social, entidade que assegura a coordenação e gestão da iniciativa pública que é um programa pioneiro na Europa, que mobiliza cerca de 150 milhões de euros de fundos da União Europeia para promover a inovação e o empreendedorismo social, além de dinamizar o mercado de investimento social em Portugal. Uma referência mundial de política pública, da qual também faz parte Alexandra Neves, representante regional do Centro do Portugal Inovação Social.

«Há cinco anos, a Alexandra é que tinha de andar a bater às portas, hoje em dia perdemos completamente o controlo, porque isto multiplicou-se», conta Filipe Almeida. «O país demonstrou que não só este modelo de financiamento adaptado estava ajustado àquilo que eram as verdadeiras necessidades do empreendedorismo social como há um imenso potencial de dinamismo em Portugal. E isto não é só para jovens, cosmopolitas, star uppers da linha do Estoril, Lisboa e Cascais, não é só o protótipo de empreendedor de base tecnológica, senão não tínhamos 694 projectos.»

Filipe Almeida sublinhou que «todos podem impactar» e que tem aprendido que «o mundo não se transforma todo de uma vez, transforma-se pessoa a pessoa». «Nunca se sintam pequenos demais por estarem aqui em Coimbra a dar o primeiro passo, com pessoas anónimas, a tentar dar um passo que talvez só responda ao problema de três ao quatro pessoas.»

Na mesma sessão, Fábio Silva surpreendeu e comoveu todos com as histórias dos projectos que ajudou a alavancar no Brasil e em Portugal. O recifense é fundador do Transforma Brasil‍, preside o centro de soluções brasileiro Casa Zero – «primeiro shopping sócio-cultural do Brasil» -, lidera o Porto Social, incubadora de projectos de inovação social, e ainda a Fábrica do Bem, start up sócio-emocional «tão importante para os dias que estamos a viver, de cuidar de quem cuida». «Se eu viesse falar aqui em 2019, eu teria 30 quilos a mais. Durante a pandemia peguei covid, fui para uma UTI e depois tive depressão, síndrome do pânico, terapia, medicamento, mas como qualquer empreendedor transformei tudo isso numa solução.»

Enquanto os projectos tomam cada vez mais forma, exercício a exercício, conversa a conversa, com Teoria da Mudança, canvas, modelos de negócio e outras ferramentas pelo meio, Rui Vieira, fundador IPremium & Prontos, partilhou o que o move e como foi o seu caminho até começar a empreeder nas tecnologias de informação, cowork e restauração, e o que moveu outras grandes referências do empreendedorismo a nível mundial.

Mãos na massa

Todos os grupos tiveram de fazer trabalho de campo. Adelino Gonçalves contou que a sua equipa lançou um desafio nas redes sociais e espalhou cartazes físicos nas ruas do seu bairro a desafiar a comunidade para participar num encontro informal, Domingo às 11h. A campanha Eu Também do projecto Bairro Colectivo, que resultou da junção de dois grupos cujos elementos não se conheciam antes da Geração Coolectiva, foca-se na relação dos bairros com o seu espaço físico e entre vizinhos. «Quero contribuir para melhorias no meu bairro», explicou Henrique França, ao expor os resultados também de um inquérito lançado aos habitantes da freguesia de Santo António dos Olivais. «[Este piloto] serviu para saber o que as pessoas pensam e fazermos uma auto-avaliação, algumas coisas foram de acordo com o que tínhamos previsto e outras foram acrescentadas ao nosso projecto.»

Focado em Humanizar a Saúde em Coimbra, João Pedroso de Lima partilhou que já tinha recebido 487 resposta ao seu inquérito com respostas que «foram de encontro ao que esperava mas até ultrapassaram as expectativas em termos de intensidade do desconforto com os serviços de saúde na nossa cidade». «Fiquei impressionado», rematou. Rita Araújo deparou-se com dificuldades em fazer passar a sua mensagem sobre os benefícios do pole dance, nomeadamente em contexto de team building, Daniela Maia obteve muito material para reflexão da abordagem ao seu público-alvo.

Na última antes do grande Pitch Day, com as breves, estruturadas e convincentes apresentações de cada um dos 16 grupos de trabalho, Gonçalo Quadros, co-fundador da Critical Software e defensor de empresas-cidadãs, inspirou a sala partilhando conselhos e experiências como o momento em que pensou: «E se isto falha? Como é que eu pago as contas?». Numa altura em que a gigante tecnológica completa 25 anos, o empresário revelou aos presentes qual foi a decisão importante que teve de tomar, juntamente com os sócios, para construir uma relação com o projecto que não deixasse que eles fizessem tudo o que tinham de fazer para serem bem sucedidos. E a importância de «encontrar formas, estratégias, para nos ligarmos aos nossos sonhos, às nossas ideias, e à vontade de as concretizarmos.»

Lis Santos, cofundadora e head de Estratégia Flua, mestre em Empreendedorismo e Criaçāo de Empresas, trouxe à mesma sessão Da comunicação à sustentabilidade, a sua teoria sobre como «muita coisa vai dar errado e a gente vai ter de ter inteligência emocional para lidar com a situação». A mentora contou que quando tinha 21 anos imaginou-se aos 25 «com uma super empresa» e que hoje a sua visão é visionária mas mais prática e pragmática, com consciência de que é preciso estar sempre a recalcular a rota, inspirando-se nas histórias dos outros.

Pitch Day

22 de Fevereiro. Miguel Valério, Maria Inês Monteiro e Luís Santos prepararam palco, luzes, som e coffee break no Nest Collective. A ideia era fazer os presentes e as suas ideias brilhar e desfrutar do momento. Hendrik van Niessen e Ana Monteiro ajeitam a roupa e revêem as notas nos computadores. Bem antes da hora marcada, começaram a chegar os primeiros participantes. Alguns acompanhados das famílias, outros sozinhos e ainda a ensaiar o discurso em surdina. Havia cadeiras para todos e o ambiente era de um nervosismo bom, mas já com uma pontinha de nostalgia no ar.

Depois das boas-vindas, a Coimbra Coolectiva apresentou os seis elementos do júri que se quis diverso e representativo da comunidade. Bernardo Patrão (Critical Software), João Claro (Brew!), Filipa Alves (Casa da Esquina), Helder Loio (TUU – Building Design Management), Sara Matos (The Winehouse) e Sofia Correia (Faz de Conto) ficaram com a responsabilidade de conhecer, analisar e votar nas melhores ideias e mais exequíveis no contexto da nossa cidade.

Entre as 17h e as 20h, os autores dos 16 projectos desenvolvidos na Geração Coolectiva tiveram três minutos para lançar as suas propostas à sala, com espaço para questões do júri a seguir. Uns recorreram ao complemento vídeo, outros à dramatização, música e até ilusionismo. Foi tempo de aplicarem tudo o que aprenderam, cheios de boas energias e espírito empreendedor que fervilharam num contexto de respeito, informalidade e sentido de compromisso.

No momento de deliberação do júri, numa sala privada, Gonçalo Quadros foi desafiado a atirar aos presentes algumas palavras de incentivo e confessou o seu desejo de que a Geração Coolectiva seja «um embrião para muitas coisas boas e verdadeiramente transformadoras para a cidade». Falou-se na importância da política, do envolvimento da comunidade nos assuntos da cidade e da colaboração. Quanto à responsabilidade do tecido empresarial, o empresário afirmou que, no caso da Critical, «antes de sermos empresa somos uma comunidade, a empresa só funciona se a comunidade funcionar bem e a comunidade só funciona bem se se relacionar com as comunidade que estão à sua volta e sentir orgulho através desse relacionamento, pela forma como transforma e é transformado. Nós queremos transformar a comunidade em Coimbra e queremos ser transformados por ela», defendeu.

Três projectos foram distinguidos pelo seu valor, pertinência e exequibilidade. São eles o Bairro Colectivo – Eu Também, Humanizar a Saúde em Coimbra e Guarda Rios. As propostas Caminhos de Santo António e Coimbra Sem Plástico também voltaram ao palco para receberem menções honrosas, mas a verdadeira vencedora da Geração Coolectiva é, sem dúvida, a cidade.

Preparado o terreno, deitadas as sementes e oferecida a atenção, luz e melhores condições atmosféricas, a Coimbra Coolectiva compromete-se a apresentar com o merecido destaque estas soluções com potencial de activar e transformar Coimbra para melhor, além de pretender acompanhar todos os participantes, mesmo sem terem sido distinguidos e cujos nomes encontram no marcador em cima, porque cada um deles e delas foi uma preciosa peça deste nosso puzzle de boas intenções, colaborativo e interventivo no lugar onde vivemos.

O nosso agradecimento a quem fez parte e/ou vibrou com a Geração Coolectiva desde o início, sem os quais nada teria sido possível.

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