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Há projectos a nascer na zona industrial da Pedrulha

Concluímos a nossa visita ao bairro de Coimbra com a apresentação de diversos projectos e intenções que lançam o desígnio de reabilitar muitos dos seus esqueletos fabris e ambicionam revitalizar toda esta área urbana da cidade.

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Fotografia: Mário Canelas

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A Pedrulha teve um passado industrial dinâmico, mas chegou até nós como um cemitério de fábricas. O agora envolve sempre suposições, o que fazer, qual o caminho para a revitalização; preocupações necessárias perante uma zona industrial em declínio há um par de décadas. Mas antecipam-se soluções, agora que avançam várias iniciativas privadas para reabilitar as velhas fábricas.

João Francisco Campos, presidente da União de Freguesias de Coimbra (UFC), que trabalhou episodicamente na Triunfo, recorda os anos de fecho das unidades fabris: «Muitas pessoas foram para o desemprego, outras reinventaram-se, outras foram para fora. Deixaram crescer aqueles esqueletos, que não deixavam esquecer a mágoa e a lembrança do que aquilo era; [as pessoas] foram votadas ao esquecimento. Hoje começa a olhar-se para aquela zona da cidade, faz todo o sentido».

Luz ao fundo da fábrica

Ana Bastos, vereadora da Câmara Municipal de Coimbra (CMC) com o pelouro da reabilitação urbana, comenta: «Há todo o interesse para desenvolver urbanística e economicamente todo aquele espaço que ao longo dos anos acabou por acumular um conjunto de esqueletos industriais que se estavam a degradar».

Nesta observação é secundada pelo vereador Miguel Fonseca, com responsabilidades na CMC na área do comércio e indústria, que acrescenta: «É algo que nos preocupa, esta decadência do sector industrial. A zona industrial da Pedrulha criou uma identidade muito própria. Nas últimas quatro décadas têm-se assistido a um processo de desindustrialização do país e da cidade. Teve aspectos negativos, mas [podemos] ajudar a mudar aqui a face». 

Luís Correia, presidente da União de Freguesias de Eiras e São Paulo de Frades, que divide com a UFC o território da zona industrial da Pedrulha, comenta que o caminho é reabilitar, de tratar do «betão velho», em detrimento do «betão novo». Aponta vários sinais desta leva de reabilitações: a Campilusa, o Feijão Verde, a Lufapo e a Plural, empresas e entidades que se instalaram em antigas fábricas do auge industrial da Pedrulha.  

Mas há outras revelações a fazer: anunciam-se quatro grandes projectos para a zona. Estando em diversas fases de desenvolvimento, prometem a alteração da imagem geral do bairro e requerem um esforço conjunto na melhoria das infraestruturas e acessibilidades, exigindo o alinhamento das empresas com o município. Dois desses projectos são a expansão da SRAM e um empreendimento da Lugrade Investimentos na antiga Triunfo Rações.

SRAM

A SRAMPORT é subsidiária da multinacional SRAM e é uma ilustre desconhecida para os mais desatentos ao panorama industrial conimbricense. É em Coimbra que a SRAM, que se posiciona como a segunda marca mundial no fabrico de componentes para bicicletas, fabrica pedais Time e rodas Zipp, com que abastece o mercado europeu. O core business da empresa é o fabrico de correntes, que já se fabricam aqui desde 1968, tendo sido adquirida pelos actuais proprietários em 1997.   

O crescimento contínuo da empresa de quase 300 trabalhadores, obrigou a considerar a expansão da empresa e a construir um novo edifício diante do existente, no terreno onde antes se erguia o Matadouro Municipal. 

Isabel Gomes, directora-geral da empresa, comenta que não pode avançar muito de concreto sobre a expansão, mas que envolve «a criação dum edifício novo. Neste momento, produzimos correntes nesta unidade e arrendamos um pavilhão onde produzimos as rodas e os pedais, desde o ano passado. Sendo um edifício arrendado, tendo a possibilidade de fazer um novo, podemos expandir o negócio doutra forma. [Fabricar] outros produtos de marca SRAM».

A SRAM está em conversações com a CMC e com arquitectos para definir a forma, função e o tipo de edifício a construir, tendo a perspectiva de criar algumas centenas de novos postos de trabalho. 

Isabel Gomes completa: «Agrada-me ver isto revitalizado, o meu sogro trabalhou na Triunfo. Era um gosto ver esta área a laborar. A SRAM aqui há uns anos equacionou a hipótese de sair daqui, mas deslocalizar uma unidade é sempre custoso, porque tem as pessoas, perde-se o conhecimento se o fizer. Decidiu-se continuar em Coimbra, porque já cá estamos e gostamos da cidade, a maioria das pessoas é de cá e queremos que continue a desenvolver-se. Se sairmos daqui, era mais um esqueleto; podíamos até encontrar um investidor, mas era mais um vazio».

Lugrade

Para a Lugrade, o edifício devoluto da Triunfo Rações apareceu como uma boa oportunidade de negócio e pretendem reabilitá-lo.  

Vítor Lucas, administrador da Lugrade, comenta que a pandemia fez o projecto abrandar, mas «o objectivo é avançar, fazer lá um investimento imobiliário para outras empresas, que tanto se pode transformar num hospital como num ninho de empresas, uma incubadora. Os serviços serão centralizados e geridos por nós, mas podemos ter lá 10, 20, 50 empresas.

Estão a trabalhar no projecto com a Orange, gabinete de arquitectura responsável pelo projecto da Plural, ali ao lado. A Lugrade possui três unidades fabris dispersas por Coimbra, mas descartaram logo concentrar as unidades todas ou deslocalizar a sede para a Triunfo Rações, por não ter a dimensão necessária. A bateria de 18 silos de betão armado, com quase 30 metros de altura, elementos mais marcantes do projecto, levanta algumas dúvidas a nível da sua futura função.  

O administrador refere que a intenção é «fazer algo bonito, que as pessoas tenham gosto de lá ir. Acredito que aquela zona vai mexer um bocadinho. Os nossos vizinhos têm o portão fechado, a nossa ideia é deixar as portas abertas, que as pessoas visitem e vão até ao último piso e vejam aquelas vistas, os campos. Que é uma coisa diferente, não temos em Coimbra uma coisa do género, não fica totalmente no centro da cidade, mas é um saltinho. Queremos fazer alguma coisa que marque aquela zona».

Efeito dominó

A área industrial da Pedrulha envolve uma superfície de 67,6 hectares, equivalente a mais de 60 campos de futebol, correspondente à Área de Reabilitação Urbana (ARU) – Zona Empresarial da Pedrulha. Os projectos da SRAM e da Lugrade estão numa fase inicial e num processo de conversação próxima com a CMC, antecipando-se, com a sua concretização, o resgate do edifício da Triunfo Rações e o preenchimento do vazio do Matadouro. 

Miguel Fonseca anuncia outros projectos: «Há um projecto no terreno da antiga Estaco, estamos a falar duma área de quase 60 mil m2, perspectiva de investimento de um empresário da zona norte do país. Pretende fazer aqui uma dupla vertente, de reabilitação e construção. A reabilitação do edifício antigo para instalar serviços, essencialmente ligados à prática desportiva, comércio e restauração; a outra parte para unidade industrial não poluente. Hoje em dia temos que falar em indústria ligeira, não lesiva do ambiente». 

O quarto projecto é a instalação duma grande marca automóvel europeia nas imediações das Piscinas Municipais Rui Abreu. Terá um espaço de manutenção e recuperação dos veículos dessa marca, não revelada, e de postos de carregamento eléctricos rápidos e ultra-rápidos, uma tecnologia nova em Coimbra. Miguel Fonseca refere, sem revelar muito mais, que este investimento tem a intervenção directa da empresa-mãe e que, por imposição contratual, «nunca poderá sair de Coimbra».

Ainda que as obras e os projectos estejam numa fase precoce, de exploração e de alguma indefinição, antecipa-se um efeito dominó no bairro da Pedrulha.

Encontro de vontades

A CMC suspendeu parcialmente o Plano Director Municipal (PDM) por um período de dois anos, prorrogável por mais um, na zona industrial da Pedrulha, assim como noutras áreas industriais do município. A perspectiva do executivo é que isto promova o desenvolvimento económico e a reabilitação das estruturas industriais devolutas.   

Ana Bastos resume estas intenções: «Era fundamental tomar medidas que permitissem promover o desenvolvimento [da Pedrulha]. Houve aqui duas medidas que me parecem fundamentais: a delimitação da ARU, que de imediato disponibiliza uma série de benefícios fiscais de incentivo à reabilitação. Porque esse é o grande objectivo, deixar de ter esqueletos industriais e termos uma zona vivificada».

A par da ARU, está em desenvolvimento pela CMC uma Operação de Reabilitação Urbana (ORU), um instrumento que permitirá, em simultâneo com a reabilitação privada do edificado, «revitalizar, requalificar e reabilitar o espaço urbano público, as vias rodoviárias, espaços verdes e de socialização». A ARU da Pedrulha foi delineada na mesma altura da ARU da Área Empresarial de Cernache, cuja ORU já foi apresentada. A ORU da Pedrulha está «atrasada», segundo Ana Bastos, «mas será apresentada nos próximos tempos». 

A segunda medida adoptada foi a suspensão parcial do PDM nesta zona. Nas palavras da vereadora: «Com este PDM, aplicava-se um parâmetro extremamente limitativo, a área de superfície de pavimento. Em edifícios com pé-direito muito alto, vocacionados para a indústria, não permitia fazer entrepisos. A alteração que foi feita foi mudar o parâmetro urbanístico para o índice volumétrico. Isso permite aumentar substancialmente a área de construção pela criação de entrepisos. Sem mexer na volumetria do esqueleto, que em muitos sítios temos interesse em manter e em reabilitar, acabando por tornar este solo muito mais competitivo».

Pretende-se fomentar a multifuncionalidade na Pedrulha, intercalando comércio e indústria, a convivência de várias funções. Procura-se a cidade policêntrica, com vários pólos autónomos complementares entre si, sustentáveis nos pilares ambiental, económico e social.

Anseios futuros

Traça-se um cenário geral de regeneração da Pedrulha, o desejo é que retome alguma da dinâmica que tinha. Desenham-se possibilidades de prolongar o Metrobus para Norte, até Mealhada ou Cantanhede (a possível extensão até Condeixa foi referida no recém-revelado Plano Ferroviário Nacional). Esta é uma ambição da Lugrade e é defendido por Ana Bastos, e implicaria a revisão do canal onde passará a alta velocidade, junto à Pedrulha e Loreto, o que conta com a oposição da Infraestruturas de Portugal.

Miguel Fonseca identifica dois espaços que aguardam investidores e projecto, a Triunfo Bolachas e as antigas instalações da Associação Comercial e Industrial de Coimbra. Ao regresso do projecto de Busquets para a Estação Velha, e o respectivo Plano de Pormenor que está em elaboração,  junta-se a recuperação do Anel da Pedrulha, uma variante que atravessará o bairro entre a Plural e a Triunfo Rações e ligará a Pedrulha à A1 e à Circular Externa. Uma série de passos a ser tomado para o renascimento deste bairro.

A CMC está a conduzir a revisão do PDM e o executivo, pelas palavras de Ana Bastos, está «muito expectante em relação à Pedrulha. Tudo faremos para que essas unidades que estão em avaliação sejam concretizadas, para bem da cidade, para aumento do emprego e fixação das camadas jovens, qualificadas. Com estas unidades a nascer, se os promotores as levarem a bom termo, todo este espaço tem tudo para ser requalificado nos próximos quatro ou cinco anos».

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